Capítulo 3 ❋ 𝙼𝚎𝚒𝚊 𝚗𝚘𝚒𝚝𝚎 𝚎𝚖 𝙻𝙰

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- É sério, como pude ser tão burra? Como não percebi antes? Estava o tempo todo na minha cara - eu dizia fitando seu rosto ainda abismada pela recente descoberta

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- É sério, como pude ser tão burra? Como não percebi antes? Estava o tempo todo na minha cara - eu dizia fitando seu rosto ainda abismada pela recente descoberta.

- Talvez, porque você nunca deu a mínima importância para minha existência - respondeu de pronto com um sorriso irônico nos lábios. E Deus, que sorriso! Todos os homens da terra deveriam parar de sorrir quando vissem o dele, era escárnio puro.

- Ah, isso não é completamente verdade - eu ri balançando a cabeça em negação. - Eu tenho motivos muito plausíveis para ignorar você e todos do L.A. Post.

Apoiei meu cotovelo no balcão do bar, não estava tão cheio quanto antes, mas ainda sim ainda havia várias pessoas ao redor, e na pista de dança conversando mais alto que a música que tocava ao fundo. Após os shows da noite, era muito raro o público continuar por aqui, apenas os frequentadores mais ácidos, o restante rumava a Sunset Boulevard para baixo rumo ao Whisky a Go Go, o clube mais famoso e com os melhores shows da cidade. Desde que o rock se tornou uma febre, ninguém mais quer saber do disco.

- É claro, você não seria tão terrível assim - ironizou. - Eu prefiro contrariar o que todos dizem.

- O que todos dizem?

- Que você é uma frustrada e anda muito estressada por algum motivo muito específico - Jordan falou sem filtro algum, eu arquei a sobrancelha e ele riu forçadamente. - Estou brincando, eles não dizem isso.

Ele brincou, mas tive a impressão que não era brincadeira. Quando se é uma imigrante latina em ascensão rápida, sobretudo no ambiente corporativo, é bastante comum o bom povo americano direcionar suas frustrações em você.

- Eu posso ao menos me defender?

Sua afirmação sobre eu não ligar para sua existência não deixava de ser verdade, mesmo trabalhando há exatos dois anos com Jordan Neville, nunca fiz questão de interagir mais do que o necessário com um singelo "bom dia" no corredor. Sua presença nunca me chamou a atenção, era algo estritamente protocolar e chato, vez ou outra o encontrava na sala de cópias, fazendo o que melhor sabia fazer como o belíssimo fruto de nepotismo que era, um grande nada. Fora do ócio em trabalho, Jordan ou garoto do fax (como gostava de me referir, afinal sua única atividade exitosa naquele jornal era enviar fax muito bem), estava sempre acompanhado de seu irmão e nosso chefe. É bom ressaltar que é difícil reparar em outra coisa, ou alguém, quando se tem por perto Kurt Neville. O único homem do mundo corporativo que não sofria de calvície, apenas esse fator já diz tudo o que é preciso saber sobre sua beleza.

- Ok. Eu não costumo ser próxima a ninguém do trabalho, é um costume que tenho desde o Brasil. As convenções básicas já são o suficiente, não acha?

E não era por opção profissional, e sim por motivo de ódio. Eu deveria receber um adicional de insalubridade apenas por suportar as pessoas que o L.A. Post me obriga a conviver.

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⏰ Última atualização: Apr 09 ⏰

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