Capítulo X - Mais segredos.

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Olho pela beira da entrada da cozinha, tinha alguém caído no chão, analiso!

- Mathew?! - sussurro.

Nick corre até o irmão, e o examina, ele vai até a porta que foi arrombada e pela porta avista o vidro da varanda todo estatelado no chão em pedaços. Eu estava trêmula, ele me olha e por um momento penso que ele vai me dá atenção e se explicar mas ele não o faz.

- Tranque tudo e fique aqui a minha espera! - Ele pega uma faca na gaveta da cozinha. - qualquer barulho vá para o seu quarto com a Jessie e leve isso! Entendeu? - pergunta tentando me olhar nos olhos. - entendeu? - pergunta novamente depois que eu não respondi.

- Sim! - falo baixo.

Ele saí pela porta da frente as pressas, o observo enquanto nos deixa sozinhas. Jessie toca meu ombro em uma forma de apoio.

- Olha, toma uma água e relaxa. O Mathew não tá morto, só está drogado e espancado. - fala dando uma olhada nele.

- Você sabe não é?! De tudo?! - pergunto.

- Sim, mas não sou eu quem vai te contar. - ela sorri tentando parecer simpática.

Jessie sabia muito mais do que eu mesmo sendo muito mais nova, ela me parecia bem madura para a idade dela, não deveria viver nesse meio. Ela é só uma criança, deveria ter uma infância saudável e estável. Eu sentei na minha cama e fiquei ali por um tempo tentando entender o que estava acontecendo. Algum tempo depois eu estava de boa, me sentia mais tranquila então peguei uma roupa e fui ao banheiro tomar um banho frio para acordar e ficar mais tranquila. Nick me deve satisfações e tenho certeza que ele ira fazer isso quando voltar, se ele voltar, e espero que volte. No banho refleti melhor sobre o que eu quero para minha vida, formação e esse tipo de coisa que faz a gente pensar demais. Eu me sentia pequena, Nick deveria ter me falado, deveria ter me contado pelo menos o básico, ele não poderia ter me escondido nada.

Eu sai do banheiro com calma, a porta do meu quarto estava fechada, e eu finalmente estava me sentindo um pouco melhor. Me vesti e fiquei na cama refletindo ainda, gosto de Nick mas não sei se aguento tudo o que ele tem para me falar, não sei o que ele faz nem por onde vai, onde passa as noites que não passa em casa e nem comigo. Eu não posso viver sobre essas circunstâncias. Quando voltei ao meu quarto Jessie estava sentada na cama com uma cara de assustada, eu estava com um roupão, a olho sem entender.

- Olá Isabella, quando tempo?! - era Mathew.

- O que você quer? - pergunto tentando lembrar onde deixei a faca.

- Quero que você me dê as chaves, e a Jessie, preciso fazer uma troca, entre ela é minhas dívidas.

- Não! Você não pode, ela é só...

- Uma criança, blá blá, todos falam isso, ela não é só uma criança Bella, é minha liberdade, vamos, as chaves? - diz impaciente.

Penso rápido o suficiente para fingir um enjôo, ponho a mão na barriga, e logo em seguida outra na boca. Corro até o banheiro esperando que ele não me siga meus exatos 5 passos, levanto a tampa e finjo vomitar. Ele olha pela porta mas logo vira o rosto com nojo.
Levanto devagar, abro lentamente uma de minhas gavetas no banheiro, Mathew entrar brutalmente no banheiro e me puxa pelo braço. Rapidamente pego o frasco de perfume e espiro em seus olhos. Cambaleando para trás, o empurro e corro porta afora, agarro Jessie pelo braço, corro até a sala, pego a chave escondida debaixo do tapete, passando pela cozinha pego a faca de cortar carne e saiu pela porta da frente. Ao estar no jardim da frente parei para de fato pensar, pra onde eu iria, estava escuro, ainda estou de roupão e responsável por uma criança.

- Eu sei um lugar onde podemos ir, vamos ganhar tempo. - Jessie quase grita puxando meu braço.

- Está bem, mas vamos logo.

Eu estava apenas de calcinha por baixo daquele roupão, e por mais que estivesse muito incomodada com tudo isso, não conseguia parar de pensar em nós manter seguras.
Chegamos em uma construção antiga, estava aos pedaços.

- Uma casa abandonada, Jessie? - falo incrédula.

- Veeem, tem um lugar muito bom pra se esconder aqui.

Ela vai andando em meio a contrução, em um emaranhado de plantas ela arrasta um bocado, deixando a vista uma escotilha. Abrindo, ela entra... Com medo a sigo, era como se um ônibus estivesse enterrado naquele terreno, tinham apenas alguns destroços e um banco grande, porém em pedaços.

- Que lugar é esse? - pergunto.

- Eu vinha me esconder aqui, sempre que havia algum problema, meu irmão que construiu!

- Seu irmão, o chefão?? - ela ri.

- Não, meu outro irmão, o que deu certo na vida. - ela vai até um balde velho e tira uma lanterna antiga movida a bateria.

- Nossa, isso tudo é bem velho.

- É sim, mas funciona bem.

- É um bom lugar pra se esconder - sento perto dela no sofá aos pedaços.

- Bom, tem uns lençóis naquela caixa e alguns livros em quadrinhos do meu irmão, então pelo menos temos o que fazer e não morremos de frio.

Algum tempo depois Jessie dormiu em meu colo enquanto lia uma das revistinhas em quadrinhos.
Eu realmente me questiono em relação ao qual novela é que já passei por tanta coisa que nem deveria saber que existe. Acabei criando um instinto protetor e materno em relação a ela e espero não me arrepender dessa decisão. Eu costumava ser assim, madura demais para minha idade, mas só eu sei das dificuldades e dos traumas que eu carrego dentro de mim, é muito difícil ser uma criança madura e ter que lidar com certas situações que não deveriam nos ser apresentadas. Verifiquei a bateria do meu celular que estava em 30%, logo botei na economia de bateria para caso o Nick ligar eu venha a ouvir.
Abro os olhos e percebo que apaguei, como estamos literalmente embaixo da terra, dentro do ônibus, não consigo ver se está de manhã. Tenho me animar dando leves tapinhas no rosto, observo que Jessie ainda dorme em meu colo, pego a revistinha que está em suas mãos e começa a ler. Alguns minutos depois ouço passos pesados em cima de nós e assustada, acordo Jessie em silêncio para que ela fique atenta. Ainda sonolenta mas atenta de uma forma desesperadora ela me olha com um olhar apavorado, eu seguro minhas duas mãos em seu ombro tentando acalmá-la faço um sinal de silêncio com meu dedo indicador e devagar vou até onde deixei a faca na noite passada. Aparentemente a pessoa não sabia onde estávamos mas sabia que tinha algo ali pois andava de um lado para o outro. Com meu instinto protetor ponho ela atrás de mim e fico de frente para entrada enquanto espero que algo aconteça. A pessoa para por um instante analisando algo, alguns segundos depois meu celular toca com um som alarmante avisando a qualquer um onde estávamos, ouço passos mais brutos e pisadas fortes no chão. Sinto Jessie apertar meu braço, viro para ela.

- Fique atrás do sofá, eu vou lutar se for preciso e na primeira oportunidade você foge! - sussurro.

Ela apenas afirma com a cabeça, pela primeira vez vi um pequeno sinal de medo em seus olhos cheios de lágrimas. Vou até a escotilha e ouço o barulho dos passos mais perto, recuo me preparando fisicamente e mentalmente pra fazer qualquer coisa que me permita sair daqui com vida.
A escotilha abre...

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⏰ Última atualização: May 08, 2024 ⏰

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