The Rightful Heir

Pesadelo

Tinha alguma coisa errada, Stiles sentia isso. A forma como seu coração estava acelerado não era natural, assim como o impacto repetitivo que ele sentia embaixo de seus pés, descalços. Ele olhou para baixo e percebeu que estava correndo. Percebeu também que estava ainda com o seu calção de dormir e sem camisa, como ele costumava dormir toda noite.

Suor se acumulava em sua testa e escorria por seu rosto, e o cansaço o fazia se sentir ofegante. Além do medo que ele estava sentindo. Com certeza estava correndo de alguma criatura.

Por instinto, olhou para trás. Não tinha nada vindo, mas o impulso de continuar correndo era forte, então ele prosseguiu.

Nem sequer sabia onde estava, não tinha prestado atenção o suficiente ainda. Porém com um pouco mais de observação ele notou que estava na reserva de Beacon Hills. Como ele tinha ido parar ali ele não sabia, nem se lembrava de ter saído da cama.

Começou a ouvir barulhos altos atrás de si, galhos sendo quebrados, e sons animalescos. O medo aumentou consideravelmente de tamanho.

Ele ainda corria, até que tropeçou em algo. A queda foi inevitável, e o impacto doloroso. Ele ficou alguns segundos ali, jogado no chão, sentindo a dor se espalhar por seu corpo e se concentrar em uma parte de seu braço. O braço esquerdo, o qual ele tinha caído por cima.

Se levantou devagar, e bateu a poeira da roupa e a grama do corpo. Agora além de suado, estava sujo, fora o risco de vida que estava correndo.

Porém nada causou susto maior do que se perceber onde estava. Ali, naquela clareira que não via há tanto tempo.

Era o Nemeton, emanando aquela energia poderosa e misteriosa de sempre. Ele parecia mais vivo e poderoso do que dá última vez que Stiles o tinha visto.

Os barulhos atrás dele cessaram, como se a criatura que o seguia tivesse desistido de repente.

Stiles se aproximou do Nemeton quase que por instinto. Seu coração estava quase saltando pela boca de tão acelerado. E então, quando ele ia lhe tocar, algo aconteceu.

Um rosnado alto, intenso, amedrontador. E em seguida, a criatura. Era enorme, com garras e presas pontiagudas, tinha baba escorrendo pelo canto de sua bocarra enorme, seus olhos eram totalmente negros, suas costas possuíam espinhos pontudos e longos, ele era curvado, mas isso não diminuía sua altura. Além de ser coberto por pêlos grossos e negros.

E ela vinha pra cima de Stiles, que não fazia ideia do que era aquilo, nem do que devia fazer.

Sua respiração falhou, o mundo a sua volta desacelerou, e ele percebeu que estava ocorrendo o que não acontecia há mais de dois anos. Um ataque de pânico.

Pequenas lágrimas se acumularam em seus olhos, mas ele não queria chorar.

E então, a criatura começou a rir e se aproximar de Stiles. A medida que se aproximava, seu tamanho diminuía, e sua aparência modificava. Stiles viu o rosto de algumas pessoas conhecidas no lugar do monstro. Scott, seu pai, Lydia... E enfim, seu próprio rosto, já quando estava do seu próprio tamanho.

  - É sempre um prazer brincar com a sua cabeça, Stiles. -A coisa com sua aparência disse. Já sem garras, ou espinhos. Mas as presas permaneceram. Eram diferentes, de ferro, e ocupavam o lugar de todos os dentes.

  - Você morreu. Eu vi você ser derrotado... -Stiles disse, mas quase não era possível ouvir sua voz. Estava em choque.

- E quem disse que mortos não podem sair pra brincar? Eu tô faminto, Stiles. E você parece apetitoso agora. -Stiles sentiu um arrepio gelado em seu corpo. Não conseguia se mover, além dos tremores que sentia. O outro riu, antes de prosseguir. -Seu medo sempre foi meu alimento favorito. -E então aquela bocarra se abriu outra vez, as presas enormes e pontiagudas brilharam e pingavam sangue. E então ele avançou em Stiles.