Querido Destino [Degustação - Disponível na Amazon]

Capítulo 2

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Jack Willer
(Revisado)

Meu celular tocava incessantemente. E na tela aparecia dois números, meu pai Joe, e Scarlet minha diversão.

Ignorei todas as ligações e coloquei meu celular de lado focando em Mike, um adolescente que que era vizinho da minha vó, e não sabia acertar uma bola. Estava prestes a qualquer momento acertar a janela de alguém.

E não demorou tanto para esta merda acontecer, porque em questão de segundos a bola voou para uma das casas acertando não uma janela, mas um vasinho de flores de alguém.

Tudo bem, era apenas um vaso de flores.

Eu não sabia exatamente o que estava fazendo ali naquela cidadezinha ao invés de curtir minhas férias na cidade grande com todos meus amigos em festas e bebidas, mas surpreendentemente nesse verão minha vó resolveu me chamar para estar lá com ela, e mesmo não me importando com tanta coisas da vida, eu não poderia negar esse pedido.

Dava para aguentar, era apenas um verão.

Logo em seguida minha vida mudaria totalmente ao assumir parte da empresa do meu pai, eu não teria mais tempo para festas de faculdade, gatinhas para namorar, dormir a hora que eu quisesse, mas cá estava eu em um fim de mundo aproveitando os últimos meses preciosos da minha vida, em um lugar qualquer aonde só tem pessoas estranhas e caseiras, aonde as mulheres se juntam para fazer crochê e tomar chá, ou ir à igreja no domingo.

O que eu estava fazendo ali, afinal?

Eu estava distraído com a bola, quando de repente um carro chega perto de nós e rapidamente uma garota voa de dentro dele totalmente histérica e gritando comigo e com Mike, bom, ele era seu vizinho, mas eu fui o alvo principal.

Ela estava com muita raiva por Mike ter acertado um dos seus vasos de planta, apenas um e estava com toda essa raiva, acho que se ela pudesse me mataria naquele momento, eu não estava prestando tanta atenção no que falava, mas em sua aparência que parecia desgastada e triste, seus olhos escuros tinham uma tristeza, e logo desci meus olhos para seu corpo, que usava um vestido soltinho, mas dava para ver claramente que ela não estava bem, seus cabelos também quase não existiam, e eu podia jurar que em segundos a estava observando fixamente e me perguntando por dentro o porquê dela ter me chamado atenção instantaneamente.

Seu atrevimento, certeza.

Eu não queria ser chato, então logo pedi desculpas e em uma bipolaridade a vizinha de Mike simplesmente disse que estava tudo bem e se virou em direção a porta de casa, eu observei seu andar e ao fechar a porta eu respirei fundo.

Quem é ela?

Não saberia adivinhar, porém era nova.

– Mike, quem é ela? — Apontei para a casa.

– Essa é minha vizinha, Louise River, para os íntimos Lou, por isso nunca a chame assim se não for íntimo dela. — Falou irônico.

– Mas ela parecia...

Mike completou.

– Doente? Sim, ela está. — Afirmou.

Olhei novamente para sua casa e vi pela janela, ela estava lá, mas doente de quê? Tive muita vontade de perguntar sem saber o porquê estava me importando com uma vizinha desconhecida, e então novamente a tela do meu celular piscou novamente e resolvi atender.

Ligação on

– Scarlet? Eu já disse que estou ocupado e não posso falar com você agora.

– Mas meu bem, quando você vai voltar? Eu já estou com saudades.

– Isso não é problema meu, por favor eu estou ocupado ajudando minha vó...a fazer biscoitos agora.

– Tudo bem Jack...quando estiver perto de vir me liga, e manda...um beijo para sua vó.

Ligação off

Não terminei de responder suspirando, só estava ali há dois dias e Scarlet já havia ligado diversas vezes, não queria ser grosso, mas dessa vez não pude evitar, além de minha diversão, ela era também filha de um dos sócios da empresa, a mulher ideia para eu casar diria meus pais, porém eu sabia que isso não aconteceria nem tão cedo.

Não nasci para casar com ninguém.

Voltei para casa da minha vó e a vi cozinhando algo, estava entardecendo e apesar de ser um lugar totalmente desconhecido, o pôr do sol era muito bonito de ser visto, lembro-me apenas de que existia algum lago aqui por perto que dava essa visão privilegiada, e estava louco para voltar lá, voltar a minha infância.

O Texas.

– Querido, está tudo bem com você? — Minha vó se senta ao meu lado.

Minha avó era uma senhora da quase 70 anos, a pessoa mais atenciosa e amorosa que eu já conheci, uma mulher de muita fé e devota que não faltava nunca a igreja, eu gostava da campainha dela, mas morando na cidade grande eu também sentia falta de nossas conversas sobre a vida ou de quando ela contava histórias da minha infância ou do seu amor pelo meu avô que também se chamava Jack, de como eles foram felizes.

Isso é raro.

– Eu estou bem sim, vó. Apenas, vi uma moça diferente que nunca vi antes aqui, ou se vi não lembro, mas ela parecia...doente. — Falei.

– A Lou? Nossa, ela é uma moça tão maravilhosa e linda...cantava tão bem na igreja — Minha vó falava com um ar de tristeza como se ela fosse morrer. – Ela não está bem não, mas eu tenho fé em Deus que ela ficará bem, você deveria voltar a falar com ela. — Falou.

Voltar?

– Mas eu não lembro de nunca a ter conhecido antes. — Afirmei.

– Ah querido...você não se lembra da menininha do lago? Quando tinha dez anos e eu te levei lá, a menininha que você disse que era linda e corria e brincava alegremente? — Ela pergunta.

Voltando as memórias da infância eu não conseguia lembrar de absolutamente nada. Então eu já a conhecia.

– Eu...não lembro, qual a idade dela? — Questionei curioso.

– Têm apenas 19 anos...tão novinha, mas ao mesmo tempo tão forte e linda, seu maior sonho é cursar medicina. — Falou.

– Vó, o que ela tem que parece ser tão grave e todos falam dela com tristeza?

– Ela é tão especial e doce... Ela...ela está com um câncer. — Minha vó afirmou por fim e por dentro senti a mesma tristeza de todos quando tentei imaginar na infância que a menina do lago alegre e feliz era ela.

E ela estava morrendoaos poucos.

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