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Louise River
(Revisado)Era uma manhã de domingo e estávamos indo para à igreja. O coral iria se apresentar e eu não poderia participar há tanto tempo porque não podia cantar. Cantar era tudo para mim, e tudo que eu amava eu não podia mais fazer.
Minha mãe estava apressada arrumando minha irmãzinha Lia que dançava com seu vestidinho que parecia de princesa e fazia questão de mostrar para meu pai e para minha tia Lorena. Eu olhava para Lia com tristeza me perguntando se estaria aqui quando em todas as vezes ela dizia que quando crescesse queria ser uma linda bailarina e famosa.
– Minha nossa! O dia está quente hoje, seria um domingo perfeito para um bom churrasco com os vizinhos e piscina depois da igreja, o que acham? — Minha tia Lore perguntou aos meus pais.
– Podemos combinar mais tarde, se tudo der certo. — Minha mãe falou.
Eu não concordava, pois sabia que esses churrascos perderam a graça quando eu não podia mais comer nada, não podia ficar tanto tempo em pé sem me sentir muito cansada.
– Vamos logo, o culto vai começar sem nós! — Meu pai Will falou apressado.
Corremos para o carro e a igreja não dava dez minutos de casa, porém comigo era necessário andar de carro todas as vezes porque também não podia andar muito.
Ao chegarmos na igreja me sentei ao lado dos meus pais e de tia Lore, Lia cantava junto com o pastor e de repente, meu olhar travou em alguém sentado perto de nós que chegou com dona Nina, lá estava ele, o destruidor de plantinhas sentada ao lado dela.
Ele era seu neto?
Minha mãe acenou para dona Nina que sorriu e acenou para nós, meu olhar travou no moço ao lado dela e ele também parou seu olhar em mim por alguns segundos antes de eu desviar e olhar para o pastor, eu cantava baixinho e fracamente sentindo ainda sim, um pouco de dor na garganta.
Como tudo poderia mudar tão rápido em um ano? Eu poderia estar cantando no coral da igreja, aproveitando todas as vezes os churrascos e a piscina, animada para acabar o ensino médio com minhas amigas e estudar para cursar medicina, estava tudo minimamente premeditado para meu futuro, minha família me apoiava e acreditava em mim, assim como eles nunca deixaram de acreditar, mas de repente as dores começaram, os vômitos, a perda de peso, a dificuldade para engolir, comer, cantar, a fraqueza e medo também começaram, quando o diagnóstico claro chegou em nossas mãos nos restou apenas a nossa fé e esperança, minha mãe ficou comigo noites em claro quando sentia dores fortes, chorou comigo, e mais do que tudo orou comigo, ela não perdia sua fé, nem minha família, e sempre tentava acreditar no melhor e valorizar todas as coisas boas do dia-a-dia, mas os churrascos se tornaram não frequentes, cada vez que voltávamos do hospital minha mãe estava mais calada, meu pai ainda acreditava em mim, na cura.
E tudo mudou rápido demais, do dia para a noite minha vida se tornou outra, a morte estava ali bem perto de mim, e era inacreditável pensar dessa maneira, agora estou aqui sentada, e amanhã, amanhã posso estar em um caixão sendo sepultada pela minha família e amigos.
Todos os finais de cultos os irmãos da igreja vinham me cumprimentar, falavam que oravam por mim, diziam que eu estava linda não importava a aparência, tentavam me animar de alguma maneira, o pastor sempre me citava Hebreus 11, e dizia que sabia que acima de tudo, de toda dor, medo, doença, Deus tinha um plano para todas as coisas.
Eu também acreditava no propósito, só não entendia direito, sei que meu dever não era questionar e nem entender.
– Gostou do culto, querida? — Minha mãe perguntou, atenciosamente.
Eu estava um pouco aérea.
– Sim, mãe. Eu gostei bastante dos louvores e da palavra. — Falei.
Era realmente um domingo ensolarado de verão, na nossa cidadezinha todos eram amigos, todos eram praticamente família ou da mesma igreja, não importava se não conhecíamos direito, sempre tinha alguém em comum.
Ao chegarmos em casa desci com Lia e fui para o quarto.
– Eu acho que vou ao mercado, querido você pode vir comigo? — Minha mãe perguntou ao meu pai.
– Claro. — Meu pai afirmou.
– Ótimo, então eu vou aqui na vizinha falar com ela sobre o churrasco. — Minha tia Lore completou.
Teria? Por que? Eles sabiam que isso já havia perdido a graça.
Meus pais saíram e tia Lore veio até mim, ela morava conosco desde que se separou do marido, era a irmã mais nova da minha mãe, e boa parte do tempo cuidava de mim e de Lia enquanto nossos pais trabalhavam.
– Ei, sabia que temos um novo vizinho por esse verão? — Ela questionou. — Ele é um rapaz bem bonitão, deve ter sua idade.
Não sabia porquê ela estava me falando isso, mas esse vizinho não me interessava nem um pouco.
– Hum, sabia. Ele quebrou uma das minhas plantinhas brincando de bola feito criança, inclusive. — Falei. — Não sei o nome, mas para mim sempre será destruidor de plantinhas.
– Não seja malvada Lou, você mal o conhece e acidentes acontecem.
— Afirma.
– Tia, a senhora sabe que não estou afim de conhecer ninguém agora, e nem fazer amizades.
– Eu entendo querida...como está a sua amiga, a Diana? — Perguntou.
Diana era minha grande amiga no hospital, ela já estava lá a mais tempo que eu, tinha um câncer de pele, mas com o tempo já estava melhorando.
– Ela está reagindo, e indo bem. Amanhã vou vê-la. — Falei.
– Mande um abraço forte para ela...e aliás você saiu tão rápido da igreja que mal conseguirá te cumprimentar, o Noah te mandou um abraço também, e como ele sempre me diz, está orando fervorosamente por você. — Falou docemente.
– Eu vou agradecer a ele depois, tia.
– Ok querida, se anime por hoje. Agora vou na casa da Nina falar com ela sobre o churrasco. Quer vir? — Questionou.
– Não tia, eu vou ficar aqui, está tudo bem.
— Falei sorrindo.Ele também viria para o churrasco?
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Querido Destino [Degustação - Disponível na Amazon]
Roman d'amourO que o Amor é capaz de suportar? Louise River, ou Lou como gosta de ser chamada por seus amigos mais íntimos, é uma linda jovem sonhadora de 19 anos que sonha em cursar Medicina e poder ajudar aqueles que mais precisam. Com uma família incrível que...