💌
Louise River
(Revisado)Merda! Mil vezes merda!
Esse idiota está se achando o dono da rua?
Calma...eu nunca o vi aqui antes!
Quem é esse ser que resolveu brincar de bola como uma criança e acertou minha plantinha, que agora estão no chão quebrada e morta?
Eu sabia que estava cansada por dentro, sentindo um pouco de dor, mas isso não iria ficar assim! Seja lá quem fosse esse playboy, ele iria me escutar!
Me aproximei rapidamente enquanto ele e Mike, meu vizinho de 18 anos que já atentou minha vida o suficiente, estavam distraindo conversando e brincando com a bendita bola.
Me aproximei furiosa sentindo meu rosto esquentar na medida que dava cada passo.
– Quem você pensa que é para pegar essa droga de bola e acertar uma das minhas plantinhas no jarro aqui fora? — Questionei com raiva. – Eu sei que essa droga de rua é pública, mas isso não te dá o direito de acertar bola no que é dos outros, seu idiota! Agora minha planta, uma das minhas preferidas está morta! — Exclamei apontando para o jarro no chão.
Era uma bela manhã de segunda-feira, eu estava voltando do hospital com minha mãe, quando surpreendentemente de longe avistei um dos meus jarros no chão, pulei do carro e logo vi os autores desse crime, Mike Tyler, e outro completo desconhecido que se divertiam como duas crianças.
Meu dia não estava sendo nada bom, depois de passar horas dentro de um hospital tudo que eu queria era voltar para casa e descansar, minha mãe estava cada vez mais calada sempre que voltávamos daquele lugar, era uma das coisas que mais odiava, e odiava saber que eu poderia morrer lá dentro, porém era minha única chance, ainda.
O playboy me olha fixamente por longos segundos, e sem entender o que se passava em sua cabeça, virei as costas e voltei em direção a porta de casa, então, rapidamente sou surpreendida por uma mão em meu ombro que me segura firme.
– Ei, me desculpe...eu não...eu não fiz de propósito, me desculpe pelo seu jarro e plantinha. — Ele falou e eu podia jurar que aquilo era brincadeira.
Eu não sabia quem era esse idiota, que era até vistoso, contudo, não estava afim de descobrir, minha cota de fazer amizades já se esgotou há muito tempo.
– Tudo bem. — Respondi calmamente tentando respirar mesmo com dificuldade, eu só precisava me deitar.
O olhar do desconhecido foi para meus cabelos que estavam quase todos caindo, mas logo desceu para meus olhos escuros, e não sei por que o fiquei encarando ao invés de seguir caminho, mas logo me toquei e virei as costas sentindo que seu olhar ainda estava sobre mim, e que logo em seguida iria perguntar ao Mike quem eu era e o porquê de eu estar assim.
Eu não queria pena de ninguém.
Ao entrar dentro de casa fui em direção ao meu quarto, há um ano descobri e lutava contra um câncer de esôfago que aos poucos estava me mantando, eu sabia, mas lá no fundo havia muita fé de que tudo poderia ficar bem, de uma forma ou de outra sim, a gente sempre quer ter esperança, quer viver, e eu tinha sonhos, e tentava focar nisso enquanto ainda tinha tempo.
Como estudar para cursar medicina, eu não sabia se chegaria lá, se poderia ajudar e trazer um pouco de luz para pessoas desenganadas como eu, pedia a Deus todos os dias em minhas orações para que acima de tudo fosse feita a vontade dEle, porque mesmo desejando que tudo ficasse bem, e sofrendo agora pude enxergar muitas coisas por outra perspectiva, pude aprender a melhorar todos os dias enquanto ainda tenho fôlego, ser eu mesma, e valorizar cada amanhecer e cada pôr do sol ao lado das pessoas que mais amava.
Estava escrevendo em meu caderninho de anotações, quando olhei repentinamente pela janela e o moço destruidor de plantinhas ainda estava lá por perto ao lado de Mike, eles não jogavam mais, e sim conversavam, ele parecia ser alguns anos mais velhos, poderia até dizer que um dos rapazes mais bonitos que já vi pela redondeza, porém ainda sim um completo desconhecido, que me fez se estressar sem necessidade.
Eu pensei que minha vida fosse acabar quando descobri o câncer, contudo todos os dias assim como reguei minhas plantinhas, reguei dentro de mim mesma esperança e a fé, não a perdi, e com toda convicção que tinha de que se desse mundo eu fosse embora eu pudesse ensinar a antes disso algo de bom para alguém, e eu falo isso todas as noites com Deus, assim como o último culto no domingo em que Deus falou comigo, eu sabia que não precisava me preocupar com o amanhã ou futuro, eu tinha esperança de que essa cirurgia fosse a chance, a minha chance.
Depois de tanta quimioterapia e radioterapia, não faltava tanto para saber o que aconteceria depois, mas eu estava em paz comigo mesma, porque dentro do meu coração era certo de que nada nesse mundo se compararia com a glória maior que havia lá no céu, e que se fosse para mim ir para sempre, eu sabia que estaria ao lado de Jesus.
Se perguntar o porquê, qual razão, motivo, e propósito era algo frequente, as dores eram fortes, a fraqueza e magreza evidente, eu não podia sentir tanto o sabor de nada, nem engolir direito, mas meu sorriso ainda estava ali.
A porta do meu quarto se abre revelando minha tia Lore.
– Olá querida, como está se sentindo hoje? — Pergunta atenciosa.
Ela era minha segunda mãe, e irmã da minha mãe, havia nela tanta fé quanto em mim, e eu era grata pela minha família estar comigo o tempo todo, grata e sortuda porque quando cheguei a desacreditar eles me deram à luz que precisava para estar em paz.
Obrigada, Jesus.
– Eu estou cansada, mas bem. — Falei sorrindo.
Tia Lore se aproximou da minha cama e se sentou, puxando minhas mãos.
– Sabe que todos os dias irei te dizer que tudo ficará bem, não é? E não precisa fingir ser forte o tempo todo, é natural querer chorar, não adianta reprimi a tristeza para não nos preocuparmos com você. Eu te amo Lou, e estarei sempre ao seu lado, mas não consigo te imaginar sem estar aqui. — Ela me abraçou, e pela primeira vez eu não sabia como reagir.
Ela nunca havia feito aquilo, todos os dias sempre motivada mais do que eu, mas agora chorava como se eu fosse morrer em um mês.
Eu deixei lágrimas escaparem, mas não tinha mais forças para chorar, todas as madrugadas olhando a janela ou de joelhos dobrados também esgotaram minhas lágrimas, eu só sabia sentir a minha dor, a dor deles também.
Doía demais, mas eu sabia que nunca seria fácil, a vida não vem com um manual de facilidade e nem dos obstáculos que você irá enfrentar, mas cabe a si mesmo decidir se irar ver as coisas por outras prismas, ou apenas pela parte mais difícil de se enxergar.
– Eu estou bem tia Lore, só precisamos ser fortes...sempre fortes. — Falei abaixando a cabeça e recebendo um beijo no topo.
E eu sabia, enquanto há vida, há esperança.
💌
Olá amores, votem e comentem muito o que acharam do primeiro capítulo! ♥
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Destino [Degustação - Disponível na Amazon]
RomanceO que o Amor é capaz de suportar? Louise River, ou Lou como gosta de ser chamada por seus amigos mais íntimos, é uma linda jovem sonhadora de 19 anos que sonha em cursar Medicina e poder ajudar aqueles que mais precisam. Com uma família incrível que...