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Jack Willer
(Revisado)No culto, lá estava ela.
Estava calada, não cantava muito, mas sua expressão estava calma e tranquila, ela parecia em paz com tudo.
A plenitude que eu nunca teria.
E um câncer, qual a probabilidade de eu voltar aqui um dia e ela ainda está viva? Ela não parecia se importar tanto com isso, era triste, sim, muito triste, e no fundo eu sentia muito por ela, queria poder conhecê-la melhor, mesmo sem tantos cabelos seu rosto era lindo, deveria ser mais linda ainda antes disso tudo, mas mesmo com isso continuava com seus olhos escuros intensos que foi a primeira coisa que me chamou a atenção, e seu sorriso também estava lá, e era mais bonito ainda.
Depois do culto ela saiu rápido, vi seus pais, uma mulher e uma pequena menininha indo para o carro também, ela não falou com tantas pessoas, deveria estar cansada fisicamente, ou cansada de todas as vezes as pessoas dizendo para ela o mesmo, como minha vó havia dito.
Eu deveria falar com ela?
Quando voltamos para casa estava muito ensolarado hoje, minha vó estava na varanda, no fundo aquele lugar me trazia paz, uma calmaria diferente da cidade grande, longe de todo tumulto, bagunça.
Precisava admitir que era bom, às vezes, estava esperando apenas eu ficar entediado demais e começar a odiar esse lugar novamente, as pessoas eram simpáticas e legais, porém estranhas e monótonas demais.
– Olá querido, você deve ser o neto da Nina, não é? — A mesma mulher do culto mais cedo, estava parada em frente à casa da minha vó, enquanto eu estava apenas sentado observando tudo.
– Olá, sou sim. Sou Jack. — Falei.
– Sua vó está em casa? Eu gostaria de falar com ela. — Perguntou.
– Eu irei chamá-la.
Chamei, e dona Nina veio toda feliz como se já soubesse do que ela queria falar.
Estava sentando novamente observando elas conversarem, e falarem sobre um tal churrasco que aconteceria na casa dos Rivers, como se fosse ritual que todos participassem depois do culto.
Louise morava lá?
Minha vó animada logo aceitou e falou que prepararia imediatamente um pudim perfeito para a tarde, e ainda a ouvi dizer que faria do jeitinho que a Lou poderia comer sem problemas.
Eu não tinha tanta informação sobre o câncer dela, mas deveria ter algo a ver com comida, porque além de magra percebi que ela tinha dificuldade de cantar, e certamente também deveria ter de comer.
Eu imagino que deva ser horrível não poder comer tudo que quer, precisando se preocupar o tempo todo se isso vai afetar ou não.
Não sei por quanto tempo fiquei perdido em meus pensamentos imaginando sobre Louise, como ela era antes de tudo isso? Há quanto tempo está assim? Têm alguma chance de cura ou esperança? Eu não queria perguntar a minha vó, queria fingir que não estou curioso sobre garota, infelizmente se algo acontecer com ela, não estarei mais aqui para saber.
Horas depois eu segurava em minhas mãos um pudim na mão, enquanto minha vó terminava de se arrumar.
Precisava confessar que estava ansioso para vê-la novamente, ficar mais perto e descobrir mais sobre seu câncer, estranhamente me bateu um medo de descobrir mais sobre isso e acabar descobrindo também o que não deveria, como quanto tempo de vida ainda restava a ela, e por que apesar de tudo ainda ia para a igreja todos os domingos com sua família.
Nunca fui religioso, mas nunca deixei de acreditar ou questionar, minha vó é devota e como não tenho nada mais interessante por aqui resolvo acompanhar ela e ver até como são as garotas daqui, mas meu interesse estava totalmente nela.
Eu não entendia o porquê, mas esperava que isso passasse logo, que esse verão acabasse e eu voltasse para minha realidade de sempre, não queria nada que me marcasse por aqui, mas esperava que ela pudesse ficar bem se houvesse cura, e que senão...eu não conseguia definir o que sentia ao contrário.
– Vamos querido, já estamos atrasados! — Vovó fala.
Nina sempre foi uma mulher muito vaidosa, mesmo com a idade nunca deixou de se cuidar e se achar linda, ela sempre me disse que conquistou meu avô, não foi com a beleza física, mas a beleza exterior, e que era muito importante nos importamos com o físico, mas não adiantava ser tudo por fora, e oco por dentro. E eu deveria criar um diário apenas dos conselhos da vovó Nina, depois, talvez, fosse necessário usar em algum momento.
Os Rivers eram praticamente nossos vizinhos também, era uma tarde ensolarada ainda, amanhã já seria agosto e logo o tempo passaria voando rápido, não pretendia passar o verão inteiro por aqui, perto do final voltaria para casa e curtiria o resto de paz que me restava.
Eu não achava surpreendente a ideia de ter que trabalhar ao invés de ter tudo às custas dos meus pais como sempre, eu achava horrível a ideia de lidar com pessoas que trabalharão comigo, eu preferia trabalhar sozinho ao invés de precisar de alguém, na realidade eu preferia não trabalhar como sempre.
De longe não avistei Louise em canto algum, lá estava seus pais, outra mulher que deduzi ser sua tia pela aparência parecida com a da sua mãe, e uma garotinha que corria e brincava com mais duas crianças, havia outras pessoas da igreja também que vi mais cedo, todos estavam sentados e já comendo, na piscina também havia pessoas tomando banho, mas eu não estava interessado em ninguém que estava ali.
Minha avó se aproximou de todos e cumprimentou, eu estava sem graça por não conhecer ninguém, só sabia quem era Mike por ali, que era apenas um adolescente de 18 anos, enquanto eu já era um homem de 222 totalmente perdido.
Eu me sentei junto a minha vó e avistei duas garotas na piscina me encarando fixamente, eram filhas de alguém e não deveriam ter mais de 15 anos. Eu adorava esse efeito que causava nas mulheres ao redor, minha vó sempre fala que puxei a beleza do meu avô, e que ele era um ganharão até ela chegar na vida dele e o mudar completamente.
História que não irá se repetir, com certeza.
Uma coisa rapidamente me chamou a atenção, todos estavam distraídos, mas logo após a piscina no jardim vi Louise sentada, ela não parecia nada bem.
Eu não pensei duas vezes antes de me levantar e ir em sua direção, sem me importar se as pessoas estavam vendo ou não, o jardim ficava um pouco mais distante do local que estávamos, mas dava para vê-la claramente chorando.
Ao chegar mais perto corri em sua direção ao vê-la quase cair no chão e começar a vomitar sem parar, ela deveria estar sentindo muita dor pela sua expressão e vômito misturado com lágrimas que saiam dos seus olhos, e em um impulso sem ela perceber a segurei e calmamente puxei seus cabelos para trás a ajudando a vomitar.
– Por favor...saia daqui. — Ela falou em um sussurro.
Sua expressão estava triste e cansada, e aquilo partiu meu coração me trazendo uma tristeza inexplicável.
– Me permita te ajudar Louise, deixe eu segurar seus cabelos. — E ao dizer isso ela se virou vomitou mais, logo, levantou seus olhos para mim.
– Eu não...não preciso de ajuda e nem de sua pena por mim. — Afirmou.
– Eu não estou com pena de você, apenas quero te ajudar agora. — Falei enquanto acariciava seus cabelos e suas costas.
E um sentimento mais estranho ainda surgiu dentro de mim.
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Querido Destino [Degustação - Disponível na Amazon]
RomanceO que o Amor é capaz de suportar? Louise River, ou Lou como gosta de ser chamada por seus amigos mais íntimos, é uma linda jovem sonhadora de 19 anos que sonha em cursar Medicina e poder ajudar aqueles que mais precisam. Com uma família incrível que...