A APOSTA - BUCKY E TONY

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— IMAGINE —
PARTE I

Contemplei a beleza da aquarela azul anil se acentuando em meio a monotonia da tela branca quando passei o pincel suavemente, traçando um esboço de algo que me parecia ser um rosto, ou seria um animal?

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Contemplei a beleza da aquarela azul anil se acentuando em meio a monotonia da tela branca quando passei o pincel suavemente, traçando um esboço de algo que me parecia ser um rosto, ou seria um animal?

Pendi a cabeça sobre o ombro e semicerrei os olhos para o cavalete a minha frente. Avaliando os traços inconcisos que eu acabara de pintar, que aparentavam ter sido feitos por uma criança de cinco anos.

"Como um dia você foi considerada uma pintora renomada?", "Até uma criança pintaria melhor que você." "Isso está um lixo!" Eram apenas alguns dos pensamentos intrusivos e autodepreciativos que me ocorriam quando eu olhava para aquele cavalete. 

Inspirei profundamente, soltando o ar com força, tentando limpar minha mente e me concentrar apenas em meus movimentos com o pincel. Diante disto toquei novamente a tela com as cerdas macias, agora pincelando um traço maior. 

Torcendo para que se caso eu persistisse naquela obra finalmente a inspiração percorreria meu corpo e desta forma eu pintaria algo digno de ser exposto em uma galeria de arte.

Porém meus intentos não passaram de tentativas malsucedidas. O que fez com que eu ficasse profundamente desapontada perante as minhas expectativas fracassadas. Não importava o quanto eu colocasse todas as minhas intenções naquelas pinturas, elas nunca passavam de figuras patéticas. 

Completamente enraivecida eu pressionei a ponta do pincel contra a tela e o esfreguei com violência, manchando todo o quadro. Não satisfeita com o estrago que causei, peguei um pouco de tinta vermelho sangue e passei por cima do azul, descontando todas as minhas frustrações naquela maldita tela. 

Ainda não satisfeita, buscando liberar toda a minha fúria, em um ato impensado eu joguei  a minha paleta de pintura no quadro. Respingando como em uma chuva multicolor diversas tonalidades de tintas por toda a tela. Sujando meu avental e algumas partes dos meus braços e rosto. 

Aquilo foi tão libertador que eu nem sequer movi um músculo quando a paleta ricocheteou e caiu com um baque violento no chão de madeira, espalhando mais tinta pelo ateliê.

— Ainda sem inspiração? — Ouço a voz aveludada de Bucky invadir meus pensamentos, explodindo a bolha de loucura a qual eu estava inteiramente imersa. 

Eu o olho de soslaio, virando minha cabeça só o suficiente para encontrar o rosto dele de quem acabou de acordar. Bucky mantinha os braços cruzados e se recostava despojadamente sobre a lateral da porta, me dirigindo um pequeno sorriso preguiçoso de canto. 

Quando eu me dei conta de que ele havia presenciado tudo aquilo eu me senti levemente constrangida. Este era um lado da minha personalidade que eu preferia que ele não tivesse conhecimento, contudo ele não fez nenhum comentário sobre, e eu também me mantive em silêncio.

Antes de respondê-lo eu larguei um dos meus pincéis preferidos, agora com as cerdas completamente eriçadas e impróprias para uso, sobre o apoio do cavalete. Agindo como se a minutos atrás eu não estivesse literalmente surtando.

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