capitulo 3

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Graças aquela vaca. Estávamos na frente do colégio, rindo, como sempre. Até que ouvi aquela voz irritante.

- Mozi, vamos? - era a Mariana. Ela se agarrou nele e o beijou. Eu e a Camila nos olhamos e reviramos os olhos. Ele se afastou do beijo e falou:

- Ah, é que eu vou levar as meninas em casa. Eu tinha prometido pra elas.

- Ah mozi, elas não se importam de você me levar, né queridas? - ela falou levantando uma sobrancelha... Nela, isso fica ridiculo. Eu sorri e falei sinica.

- É, mozi - eu falei e o Jeff arregalou os olhos. Ela não percebeu a irônia, ou apenas a ignorou e falou:

- Viu mozi, vamos. - ela falou puxando ele. Eu sabia que ele odiava que mandassem nele, mas ele apenas falou:

- Ta, espera ai. - ele se soltou dela, me abraçou e disse baixinho no meu ouvido:

- Desculpa. - eu sorri e falei:

- Nem se preocupada, vai levar a pirralha em casa, mozi. - ele riu e me deu um beijo na testa e abraçou a Camila. Eu a Cami nos viramos e esperamos eles se afastarem pra dizer em coro:

- VACA. - rimos e nos sentamos no banco na frente do colégio.

Ficamos ali conversando um pouco. Quando era 12:15 a Camila teve que ir, ela ia virar na primeira esquina e eu teria que andar mais algumas ruas sozinha, então preferi ficar ali sentada um pouco. Coloquei os fones no ouvido, baixei a cabeça e fiquei tocando minha guitarra imaginaria. Depois de algum tempo ali sozinha, alguém sentou do meu lado. Tirei um dos fones e olhei pro lado. O Arthur sorriu pra mim.

- Oi - disse ele timido e deu aquele sorriso dele - Fazendo o que aqui sozinha?

- Esperando meu pai sair de casa. - falei e sorri, meio triste.O Arthur era amigo do Erick, e já tinha ido lá em casa algumas vezes, sabia que não era longe daqui. Então, perguntou curioso:

- Ele vem te buscar?

- Não, só to esperando ele sair de casa, pra não ver ele e minha mãe brigando outra vez.

- Quer que eu te leve em casa? - ele perguntou e sorriu. Ah, como eu amo esse sorriso. Eu comecei a me levantar, e falei:

- Não, não precisa. - eu sabia que iria chorar se chegasse em casa e ouvisse os gritos da minha mãe, mas eu não queria que o Arthur me visse assim. Antes que eu pudesse me afastar dele, ele segurou meu braço e disse:

- Mesmo que você não queira, eu vou te levar em casa. - ele veio pro meu lado e fomos conversando o caminho inteiro, ele tentava me fazer rir as vezes, e conseguia. Quando chegamos em frente a minha casa, vi que meu pai tinha saido. Fui indo em direção ao portão, mas ele segurou meu pulso.

- Ai - eu disse, ele me olhou espantado e falou, ainda segurando o pulso, mas não tão forte:

- O que foi? Te machuquei?

- Não, não é nada. - ele não acreditou no que eu disse, puxou a manga da camiseta e viu as marcas no meu pulso, seu olhar ficou triste, ele me puxou pra perto dele, não com força, com delicadeza e disse me abraçando:

- Não faz mais isso, por mim. - e ele fez uma coisa que nunca imaginei que ele pudesse tomar a iniciativa de fazer, ele me beijou, foi um beijo delicado e ao mesmo tempo quente... Ele me soltou e disse - Desculpa, eu não devia ter feito isso. - eu não sabia o que dizer. Eu estava completamente paralisada. Ele arregalou os olhos, achando que tinha feito algo de errado. Ele ia começar a falar, mas eu coloquei o dedo em seus lábios e disse:

- Não precisa se desculpar. - e eu o beijei. Em meio aos beijos ele sorria, eu sorria. Acho que por vários meses eu nunca tinha me sentido tão bem quanto hoje. Ficamos ali na frente da minha casa por algum tempo. Depois ele foi embora, mas antes de ir ele me beijou de novo. Acho que eu nunca estive tão feliz. Mas, isso não durou muito tempo.

Entrei em casa e minha mãe estava limpando uns cacos de vidro no chão. Sua mão sangrava e seu rosto estava vermelho. Eu a olhei, larguei minha mochila no chão e fui ajuda-la com o vidro. E com lágrimas nos olhos eu disse a ela que tudo ficaria bem. Assim que terminamos de juntar os vidros eu fui fazer um curativo na mão dela. Ela chorava muito, e a marca da mão do meu pai estava em seu rosto. Não perguntei nada, pois sabia que cada palavra minha seriam mais lágrimas que ela derramaria. Quando eu terminei sua mão ela beijou minha testa e subiu pro quarto dela. Eu estava tremendo, subi as escadas e quase cai algumas vezes.

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