Diario de Duda

capitulo 5

Querido Diário...

Dia 08 de Fevereiro de 2012 23:13 hrs

Hoje meu dia foi pior que o normal. Acordei com um mau pressentimento. Me arrumei normalmente, e sai de casa o mais rápido que pude.

Cheguei no colégio e vi a cena mais repugnante de toda a minha vida. Todo o pouco de humor que eu tinha sumiu naquele instante.

O Arthur estava agarrado com uma garota bem na frente do colégio. Ela estava com as mãos no pescoço dele, ele estava com os braços apoiado na parede. Nem percebi que tinha ficado paralisada, até a hora que eles pararam de se beijar e o Arthur olhou pra mim.

Assim que ele me viu seus olhos arregalaram e ele veio em minha direção, a garota segurou ele, mas ele se soltou dos braços dela. Comecei a andar o mais rápido que pude, sem olhar pra trás, com lágrimas nos olhos. Esbarrei em alguém e meus livros caíram no chão, ele se abaixou e começou a me ajudar, olhei pra o Arthur e disse:

- Saí daqui Arthur. - ele me olhou nos olhos e com certeza viu que meus olhos estavam cheios de lágrimas. Ele limpou uma que cismou de cair, e falou:

- Desculpa. - juntei o resto dos livros e levantei, ele segurou meu pulso, delicadamente, e falou:

- Deixa eu te explicar? Por favor? - o sinal bateu, soltei meu braço e ele falou antes que eu virasse o corredor - Vou te procurar no intervalo. - foi só isso que eu ouvi, eu já tinha virado o corredor, agora estava no meio de várias pessoas, algumas ainda me olhavam com pena, outras já riam de mim...

Entrei na sala e fui para o meu canto. O Jeff não estava no seu lugar de costume, estava sentado perto dos amiguinhos da Mariana. Olhei pra ele incrédula, mas parece que ele não percebeu. A Camila só chegou na terceira aula, e assim que se sentou, tive que fingir estar feliz, pois ela estava radiante. Ela não parava de falar do... Qual é mesmo o nome dele? Acho que é André... Não sei, só sei que é do 3º A, Enfim.

O sinal do intervalo bateu, ela viu o Jeff saindo da sala com os amigos da Mariana, olhou pra mim e disse:

- Se você quiser eu fico no intervalo contigo, eu falo com o André e... - interrompi ela:

- Não Mila, vai lá aproveitar o intervalo. Eu tenho umas coisas pra fazer na - pensei um pouco - na biblioteca. - e sorri, tentando ser convincente. Acho que consegui, ela me abraçou e saiu correndo. Peguei um livro que tinha encontrado nas coisas do meu irmão, Sussurro, esse é o nome. Bem a cara dele, livro de romance misturado com anjos, não sei por que, mas ele sempre acreditou em anjos... Enfim, peguei o livro e fui pra canto isolado do colégio, meu irmão que me mostrou aquele lugar. Hoje não tínhamos a aula após o recreio, eles sempre fazem isso uma vez por semana, então poderia ler boa parte do livro. Sentei no chão, me apoiei na parede e comecei a ler. Já estava quase no capitulo sétimo, quando alguém ficou em frente à luz do sol. Olhei pra cima e era o Arthur, eu ia me levantar, mas ao sentar no chão a minha ele apoiou as mãos nos meus ombros, fazendo eu ficar sentada. Ele se colocou a minha frente, olhando diretamente nos meus olhos e falou:

- Posso te explicar o que aconteceu? - minha vontade era de sair correndo e chorar, como sempre tinha me enganado sobre o caráter de alguém, infelizmente eu gostava desse alguém.

Fiz que sim com a cabeça, com medo de que ao falar minha voz falhasse e alguma lágrima cismasse em cair. Ele continuou

- Aquela garota não é nada. Ela me ameaçou pra ficar comigo. Ela ameaçou bater na garota que eu amo. Eu não quero isso pra ela, por isso tive o trabalho de ficar com aquela garota escrota. Eu não quero ver a minha pequena sofrer. - ele falou aquilo olhando em meus olhos e eu falei o que me veio à cabeça:

- Tudo bem, você não é nada meu, não precisa explicar nada. - falei dando ombros. Ele riu, ironicamente e falou:

- Você não percebeu não é? - ele riu e me entregou um papel. - Eu sabia que não entenderia, então resolvi escrever, no final da aula me espera ali no banquinho na frente da escola. - ele me deu um beijo na testa e um selinho e saiu. E no papel estava escrito:

"Você acha que eu iria te beijar, só por beijar? Claro que não. Não sou esse tipo de garoto. Desde o primeiro dia que te vi na sua casa, eu acho que me apaixonei. Você estava tão natural, de short velho, moletom e cabelo bagunçado, e mesmo assim estava linda. Você sorriu pra mim, e eu fiquei paralisado, seu irmão riu da minha cara e deu soco no meu braço, dizendo que você era irmã dele e que eu não poderia ter nada com você. E desde esse dia eu não consegui parar de pensar em ti, seu sorriso vem a minha mente a cada segundo, fui mais vezes a sua casa, não era pra jogar vídeo game com seu irmão, muito menos pra tocar guitarra, era simplesmente pra te ver. Eu nunca tinha falado com você, não sabia nada da sua vida, só sabia que era irmã do meu melhor amigo. Então, eu cheguei na sua casa e você estava jogando vídeo game, e eu pensei: eu preciso casar com essa garota, ela joga vídeo game. E no instante que seu irmão te chamou você olhou pra mim e nossos olhos se conectaram por alguns instantes, você se levantou e foi pro seu quarto. Seu irmão riu de mim outra vez. No mesmo dia, estávamos todos da banda tocando no quarto do seu irmão, até que você apareceu na porta, estava natural outra vez, com uma blusa larga e uma calça normal, todos os guris perceberam meus olhares pra você. Você entrou e sentou no chão perto do Augusto, ele segurou sua mão e eu senti ciúmes, queria avançar nele e dizer: solta, por que ela é minha. Mas, você não era minha, então resolvi ficar quieto. Estávamos todos tocando um instrumento, e o seu irmão disse pra você tocar uma música que ele não sabia, era Everything do Lifehouse, ele te entregou a guitarra e você começou a tocar, o mundo desligou no momento em que você começou a cantar, eu simplesmente me apaixonei pela sua voz. Assim que você saiu do quarto, eu não consegui mais me concentrar na música. Fiquei dias pensando em você, até tomar coragem de ir falar com você. Você lembra? Bom, eu me lembro perfeitamente, eu tinha ido na sua casa pra chamar o Erick, mesmo sabendo que ele tinha saído. Você que atendeu a porta e me falou que ele não estava... Você sorriu pra mim, me chamou pra entrar, sentamos na sala e conversamos. Não prestei muita atenção no que você dizia, confesso, mas é que não conseguia parar de pensar em beijar sua boca, você estava ali, na minha frente, mas eu estava paralisado. E a cada dia que a gente se via, eu tinha mais vontade de te beijar, só que tinha medo de estar sendo precipitado. Enfim, não sou bom em falar as coisas, por isso resolvi escrever tudo. Ah, quase ia me esquecendo de te contar um fato, importante. Não sei se você lembra, mas quando o Erick estava no hospital, eu e ele ficamos horas conversando no quarto, lembra? Deve lembrar, por que você ficou bem brava por não estar ao lado dele. Nossa conversa era sobre você, as palavras que ouvi dele foram: Cuida bem da minha irmã por mim, sei que tu gosta dela. Cuide dela por mim, faça de tudo pra ela ficar feliz... Foi isso que ouvi do seu irmão, não to te falando isso pra te forçar a ficar comigo, eu vou fazer você feliz, mesmo que a sua felicidade for ficar longe de mim. Por esse motivo fiquei com aquela garota... Elas iam te machucar, muito. Me desculpe por você ter visto aquela cena deplorável. Eu te amo demais. Fica comigo?"