capitulo 6

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(...) Assim que acabei de ler senti uma lágrima escorrendo por meu rosto. Dobrei a carta e guardei no bolso.

Vi o Jeff rindo com os amigos da Mariana, com ela pendurada em seu pescoço. Ele não me viu. Me senti invisível. Peguei meu celular e mandei uma sms pra ele: "Vem aqui no canto do Erick." Eu conseguia vê-lo, mas ele não me via.

Ele pegou o celular, leu a sms, então olhou pra mim, o sorriso que estava em seu rosto sumiu. Ele tirou a Mariana de perto dele e veio em minha direção, ela começou a perguntar aonde ele ia, os guris pararam de conversam e olharam pra ele. Estava bem visível que a Mariana estava com raiva, ela ficou me olhando com raiva... O Jeff sentou na minha frente, limpou as lágrimas e disse:

- O que aconteceu? Não vi que você estava aqui. - expliquei tudo pra ele. Ele riu de mim e falou - Sua tola, ele está completamente apaixonado por ti.

- Será mesmo? - perguntei

- Claro que tá, idiota. - ele riu. Olhei pra ele e sorri. Conversamos um pouco e então percebi os olhares de raiva que a Mariana dava. Como eu adoro provocar, coloquei a mão no rosto do Jeff e disse:

- Obrigada por tudo tá? Você é o melhor amigo do mundo. - ele sorrio, tirou uma mecha que caia sobre meus olhos e disse:

- Você é a melhor amiga do mundo tá? Te amo minha pequena. - ele me abraçou, a Mariana me olhou com raiva e saiu em direção as salas. Eu sorri. O sinal bateu e fomos pra sala juntos. Ao chegar na sala ele falou:

- Ixi, nem dei tchau pra Mariana. - eu sorri e ele me deu um tapa no braço.

- Que foi? - eu perguntei, ironica.

Ele me deu um beijo na testa e voltou pro seu lugar. As aulas passaram bem rápido. Quando o sinal de ir embora bateu, eu continuei sentada, o Jeff acenou pra mim de longe e saiu correndo, acho que ia encontrar a vaca.

Guardei meu material bem devagar, com a esperança que quando chegasse lá fora o Arthur já tivesse ido embora. Cheguei na frente do colégio, já meio vazio, e ele estava sentado no banco, me esperando.

Respirei fundo, ele me viu e veio até mim. Seu olhar era de medo, receio, esperança, sei lá, estava difícil de decifrar. Depois de alguns poucos minutos em silêncio ele falou:

- Quer que eu te leve em casa? Podemos conversar no caminho. - fiz que sim com a cabeça, sem falar nada. Saímos da frente do colégio e senti que alguém me olhava, olhei para trás e vi um grupo de meninas me olhando, com raiva, uma delas eu reconheci.. Era a menina que o Arthur beijou hoje cedo. Desviei o olhar, coloquei a mão no bolso do casaco, para esconder do Arthur que elas estavam tremendo. Depois de alguns longos minutos em silêncio, ele resolveu falar:

- Você leu a carta?

- Li sim.. - ele parou, eu parei ao seu lado. Seus olhos agora estavam tristes. Ele perguntou:

- E então? Vou ter uma chance de... de... - ele gaguejou - Tentar te fazer feliz. - olhei pra ele, sem dizer nada, dei um sorriso timido e ele me beijou.

Aquela explosão de sensações tomou conta de mim, senti um frio na barriga... Ele se afastou com um sorriso lindo no rosto e eu fui obrigada a sorrir. Fomos até minha casa, de mãos dadas. Ele me deixou na porta, me beijou outra vez e foi pra casa. Meu pai estava em casa e logo minha mãe chegaria, dei oi pra ele e subi pro meu quarto. Fiquei lá até umas 14 horas, desci pra comer alguma coisa, minha mãe tinha chegado e estava conversando com meu pai na sala. Por incrivel que pareça eles não berravam, mas durou pouco tempo, assim que cheguei no meu quarto eles começaram a gritar, eu não aguentava mais aquilo.

Peguei meu skate e sai pela porta dos fundos, coloquei o fone e fui andando pra qualquer lugar. Foi a pior escolha do dia. Assim que cheguei perto do colégio vi aquelas meninas que me olharam na saída do colégio.

Tentei passar rápido, mas elas me viram. Acelerei o skate, estava passando por uma esquina e um carro bateu em mim de leve, só um esbarrão, o carro continou e eu cai. O skate foi pra um lado da rua e eu pro outro, olha minha sorte, estava num beco sem saída.

As meninas me encontraram, rindo elas me chutaram, uma delas eu reconheci outra vez, era a que o Arthur tinha beijado, ela me olhou e disse:

- Isso é pra você ficar longe do Arthur - e ela chutou minha barriga. Uma delas me levantou, deu um soco no meu rosto e outro soco no estomago que me fez cair no chão. Eu ja não aguentava mais, elas me chutavam e me batiam como se eu fosse um saco de batata, até que elas cansaram e me deixaram, eu não conseguia ver direito, meus olhos estavam pesados.

Me levantei, peguei meu skate, e sai mancando. Minhas roupas estavam com sangue, minha barriga doía, meu nariz sagrava. Cheguei em casa e não tinha ninguém, subi pro meu quarto. Sentei na cama e chorei. Chorei sem parar. Fui pro banheiro, tirei a roupa suja, olhei meu corpo no espelho, vários hematomas espalhados pelo corpo, senti vergonha de mim mesma.

Peguei minha lâmina e fiz outra vez, fiz vários e vários cortes espalhados pelo corpo, assim como meus hematomas... Me senti aliviada. Tomei banho e aqui estou, escrevendo no diário, não consigo nem deitar na cama direito, tudo dói em mim. Já tomei vários remédios para dor, e nada resolve. Bom, vou dormir, amanhã começa o inferno de novo. Quero ver como meu olho vai ficar amanhã, ele tá meio inchado agora, tomara que não fique roxo.

P.S.: Desculpa as rasuras, eu ainda estou nervosa devido ao que aconteceu.

Diario de DudaOnde histórias criam vida. Descubra agora