Harry
Depois de alguns minutos refletindo sobre o que me restaria fazer, finalmente decidi entrar na casa. Ao fazê-lo, notei que a casa estava no mais completo silêncio. Provavelmente a pequena Beth estava à dormir; era a única explicação para aquele silêncio.
Quando cheguei às escadas, a cada degrau que subia, mais lembretes de minha degradante situação, vinham-me à cabeça:
Se em dois meses, eu não encontrasse uma noiva, meu pai passaria o título para o tal William Wallace.
Desta forma, o meu futuro, e o futuro de minha família estariam em risco, tendo em vista o estilo de vida despreocupado de Catherine. Ela gastava compulsivamente, com coisas desnecessárias. E se o futuro marido dela também fosse assim?
Estaríamos condenados à ruína!
Comecei a caminhar apressado pelo corredor do segundo andar, rogando para chegar logo em meu aposento. Quando passei pelo escritório de Edward, todavia, escutei uma voz extremamente desagradável e inconfundível. Era Frederick. Revirei os olhos.
Já ia dar outro passo, quando o ouvi dizer:
— ... sim. Ela é realmente linda. Com todo respeito, mas não entendi como você foi capaz de deixar escapar uma mulher daquelas.
Ela? Deixado escapar? De quem estava falando...?
Nesse mesmo momento, ouvi uma risada familiar. Era Edward.
— Bem, meu caro, o que aconteceu foi que apaixonei-me por Lilianna. Não houve escapatória. Mas devo concordar com você, quanto a beleza de minha cunhada. Annabeth é realmente muito bela.
O quê?! Estavam falando de Annabeth? Por qual motivo?
— De todas as formas — disse Edward— , fico feliz de saber sobre seu interesse em minha cunhada. Ela é realmente uma ótima moça.
Frederick riu.
— Bem, só para constar, é recíproco, tendo em vista que ela também nutre interesse em minha pessoa e...
Meu coração parou.
Era por ele que Annabeth estava interessada? Melhor, era com ele que ela pretendia casar-se?
Annabeth pretendia casar-se com Frederick Campbell?!!
Não, não, não! Não podia ser verdade!
Eu e apenas eu, conhecia o verdadeiro caráter daquele homem desprezível.
Eu sabia o que ele tinha feito com Sophie Brighton.
E se palnejasse fazer o mesmo com Annabeth?
Não. Eu não permitiria.
O mataria, antes que ele encostasse qualquer um de seus dedos sujos nela.
A raiva percorreu-me, quando as lembranças do que Frederick havia feito, me atingiram.
Ocorreu à três anos atrás, quando Frederick e eu, estávamos na França.
Naquela época, Edward havia afastando-se de nós, enquanto estava cuidando de Simon.
Eu e Frederick, acabamos curtindo a nossa "juventude", com bebidas e festas regularmente.
Foi numa destas festas, que ele conheceu Sophie Brighton. Ela era uma moça muito bela, e de origens humildes.
Apesar de não vir de uma família da alta sociedade, Sophie portava-se como uma verdadeira dama, recusando bebidas e vários homens. Assim que pôs os olhos nela, Frederick decidiu que a tornaria mais uma de suas inúmeras conquistas.
Entretanto, quando tentou flertar com ela, Sophie o recusou.
Mal sabia ela, que ao recusá-lo, o interesse de Frederick apenas aumentaria. Assim acontecera.
Frederick começou a ficar obcecado pela jovem, seguindo-a, e flertando com ela, em todas as festas que íamos.
Sophie começou a ceder aos poucos aos encantos de Frederick, dando cada vez mais atenção as investidas dele.
Certa noite, Frederick chegou em nossa residência radiante, e acabou revelando o motivo de tal felicidade: ele havia por fim, dormido com Sophie Brighton.
Nos dias seguintes, ambos passaram a ver-se com mais frequência, e eu já temia que aquela senhorita estivesse nutrindo sentimentos por meu "amigo". Foi quando o pior aconteceu: numa noite, Sophie foi até nossa residência, à procura de Frederick.
Ele, já encontrava-se com outra mulher. Sophie contou-me desolada, que estava grávida, e que só havia entregado-se à Frederick, porque ele lhe fizera juras de amor e prometera um casamento.
Ele a havia desonrado.
Naquela mesma noite, esperei até ele retornar de mais uma de suas amantes, e quando ele por fim chegou, contei-lhe sobre a situação de Sophie. Frederick entrou em desespero e a culpou por conspirar contra ele. Tratei de tentar persuadi-lo a casar-se com ela, mas ele estava irredutível; Dissera que não casaria com ela.
Alguns dias depois, Sophie retornara á procura dele, que tratou de expulsá-la de nossa casa.
As últimas notícias que tive de Sophie, foram sobre seu óbito. Ela havia suicidado-se, logo após ter contado sobre a gravidez para seus pais, que a expulsaram de casa.
Ao perceber que teria seu bebê sozinha, ela acabou escolhendo o caminho do suicídio...
Duas pessoas morreram por culpa dele... Sophie e seu próprio filho...
Depois deste acontecimento, procurei por Frederick, e para minha surpresa, ele sentia-se aliviado.
Foi naquele momento que descobri o verdadeiro caráter dele. Ele era um canalha...
Para finalizar, ele enganou-me, fazendo-me assinar um documento que exigia o meu "sigilo", à respeito daquele acontecimento.
Depois disto, passei a odiá-lo.
Ele era um homem completamente repugnante, que fingia ser um bom rapaz, mas era um sujeito asqueroso. Aproveitou-se de uma jovem dama, e a rejeitou, quando esta, mais precisara dele.
Voltei à mim, ao lembrar-me que sua próxima vítima poderia ser Annabeth. Estava acontecendo de novo: ele escolhera uma moça bela, inocente e pura... Mas desta vez, eu não permitiria. O mataria se fosse necessário, mas não permitiria que aquele patife encostasse um dedo sequer em Annabeth.
De repente, um sentimento ruim atingiu-me em cheio... Era um misto de raiva e ciúme. Por Deus, Annabeth escolhera á ele e não á mim.
Minha respiração saía com dificuldade, tamanha a minha raiva e frustração. A vontade que tinha, era de adentrar naquele escritório, e socá-lo, até que entendesse que alguém como Annabeth não era para ele.
Correção: moça nenhuma era para ele, mas Annabeth... Era demais para alguém como ele. Ela era perfeita, jovem, linda...
Fiz uma careta.
Droga, eu estava parecendo-me com Edward, quando percebera seu amor por Lilianna.
Balancei a cabeça, tentando retomar o foco.
Com o ar decidido, dei meia volta, indo em direção ao aposento da jovem que teria seu futuro arruinado, se eu não interviesse...
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Tinha que ser você - Irmãs Riggs 02
Historical FictionAnnabeth Riggs é o símbolo da completa perfeição. Sendo a filha mais bela do casal Riggs, Annabeth sempre chamou atenção por onde passava. O que ninguém sabe é que por trás desta perfeita senhorita , se esconde um terrível segredo... Harry Hampton...