Cap 1

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A vida na maior parte das vezes é injusta, enquanto uns têm o privilégio aos montes outros precisam passar fome e trabalhar o dia inteiro, para ter uma refeição no dia seguinte.

No meu mundo a desigualdade é nítida e classificada a partir do gênero, ômegas como eu não nunca são levados a sério, são considerados problemáticos, já que não somos os mais recomendados para trabalhos que necessitam de força ou por que quando entramos no cio atrapalhamos o desempenho dos Alfas, somos vistos como gados de reprodução, é uma verdade que qualquer criança que nasça de um ômega é mais saudável e tende a ter sentidos mais aguçados, porém eu sei que sou mais que um útero de aluguel, eu posso ser mais que isso.

Vivo com meus pais atualmente e sou considerado um "gênio" para todos, apenas por que tiro notas boas, acho irônico eu ser tido como um gênio e mesmo assim ninguém me levar a sério, muitas pessoas vê nisso como um desperdício de tempo, já que não acham possível eu ser mais que uma boa mãe para os filhos de algum Alfa x, eu um dia vou provar a eles que estão errados, minhas noites em claro estudando, os finais de semana enfurnado de livros na biblioteca, não será em vão.

-Toru é sua vez de guardar as coisas? - perguntou minha amiga Emily.

Emily é uma Beta, filha de pai Alfa recessivo com mãe Beta, seu pai é um grande executivo no ramo de limpeza e para sucede lo ele a colocou aqui, eu infelizmente sou um ômega dominante, meu pai é minha mãe são Betas, Mas meus avós eram Alfas e ômegas dominantes e de alguma forma isso pulou a geração deles e eu nasci assim, minha aparência é normal comparada com outros Ômegas, não sou alto, tenho 1,50 de altura, meu corpo é magro e basicamente sem pelos, a única coisa que me destaca normalmente é minha descendência asiática amarela.

Por sermos de classe média eu estudei por conta própria para conseguir uma bolsa nessa instituição e para me manter la é mais difícil do que entrar, pois, minhas notas têm que ser excelentes e sempre estar no top 10 melhores notas todo semestre, minha bolsa integral só é mantida por causa dessa condição.

Estudamos em um colégio considerado como o melhor de todo o país, eles usam métodos de ensino que mescla vários estilos de vários outros países, é interessante, poisa partir desses métodos que em seus países funcionam bem para educar, juntos eles conseguem ter uma eficácia e eficiência ainda maior.

-Sim, felizmente é aula de educação física, não que eu ame essa aula, mas a bagunça é bem menor se você for comparar com a sala de aula. - falei para ela.

-Entendo, quer ajuda? - disse Emily sorrindo enquanto acariciava minha cabeça por eu ser mais baixinho que ela, ainda que nós dois tendo 16 anos.

-Não obrigado, consigo guardar algumas bolas e redes de vôlei sozinho. - falo sentido meu rosto queimar de vergonha.

Quando a aula finalmente acabou eu não estava suado, mesmo que essa escola seja modelo ainda há preferências, esportes como futebol, basquete e outros geralmente são com alfas e betas, os ômegas quando não ficam no banco de reserva, estão treinando em algo menos "agressivo", sou um rato de biblioteca esporte não é minha praia, por conta disso não me afeto com essa ideia, ainda que me incomode.

Todos já tinham ido embora quando comecei a juntar as coisas e levar para uma sala atrás do ginásio, é uma tarefa, rápida e fácil, juntei todas as bolas e a rede que usaram, dobrei e estava organizando elas no depósito.

Ómegas e alfas precisam de seu primeiro cio para poder sentir o cheiro de feromônios corretamente, antes disso máximo que conseguimos fazer é sentir as emoções muito fortes, mas há uma situação rara, porém não impossível, caso dois dominantes estejam em um mesmo lugar e um deles libera muitos hormônios sexuais, mesmo que o outro não tenha tido seu primeiro cio ele precocemente entra e libera pela primeira vez seus feromônios em resposta ao estímulo.

Enquanto guardo tudo de costas para a porta, ouço a mesma se fechar, e um arrepio em minha espinha, sinto uma mão grande e forte sobre o meu pescoço me impedindo de virar e olhar, um cheiro forte, mas de alguma forma quente e excitante invade o ar, sinto minhas pernas tremerem e meu corpo queimar onde as mãos desconhecidas me tocava, não sabia o que estava acontecendo ou o por que estava acontecendo, mas eu não queria ficar ali eu quero fugir, no entanto, minhas pernas estão fracas e eu não consigo fazer nada a não ser gemer enquanto uma das mãos toca meu mamilo esquerdo que ao simples toque esta duro e queimando com aquele toque, eu queria gritar, mas minha voz não saia, mesmo que aquelas sensações eram gostosas eu não conseguia pensar no prazer, estou em pânico e sei o que ele vai fazer, não quero... Tarde demais, sem preparação nem uma apenas o senti me rasgando por dentro, a dor, tristeza, medo e todo o calor que ele me causava, saiu em forma de gemido, um gemido esganiçado de alguém que estava sendo morto a mínguas, como se estivesse assistindo seu próprio desmembramento, e sentindo cada movimento feito pela faca cortando tudo.

Por fim, apenas me entreguei, ninguém viria, ninguém nem saberia o que aconteceu, todos foram embora... Apenas sinto a dor de ter sido totalmente violado, sentindo toda a minha vontade de viver escorrendo junto a minhas lágrimas.

Quando finalmente acabou, eu permaneci um tempo de bruços em cima dos colchonetes, eu podia sentir escorrer o esperma ainda quente, a dor ainda era viva dentro de mim, as cenas se repetiam, repetiam, repetiam e repetiam na minha cabeça, dúvidas se levantaram, palavras que eu já ouvi várias vezes, mesmo que não fossem para mim... " Mereceu... ", "Também, tava pedindo... ", "Isso é só mimimi, aposto que gostou... ", essas frases me impediam de me mexer, até que finalmente consegui sentar no chão frio e chorar ali até que me sentisse forte o bastante para me levantar, eu simplesmente estava sem forças, sem forças a ponto de apenas ir para casa e não lembrar de como cheguei la, eu apenas queria entrar no meu quarto, no meu mundo, apagar esse dia da minha memória, eu queria...

Já era quinta de manhã quando acordei com meu despertador, com a mesma roupa suja de ontem, olhei para minha bermuda, ela estava totalmente suja com sangue seco e esperma, eu lembrei de tudo, tirei a roupa o mais rápido possivelmente, fui para o banheiro e tomei um banho onde eu tentava me limpar e tirar de mim cada lembrança do toque, cada sensação que ele me causou, era humilhante, frustrante, nojenta e imunda, meu estômago embrulhou apenas de lembrar me fazendo vomitar mesmo não tendo nada no meu estômago... Eu não sei o que eu fiz, mas eu não acho que mereço isso, ou mereço? Porque eu? Alguém me mate por favor.

Quando sai do banho me vesti e voltei para a escola, estamos em pleno verão, mas eu estava de moletom, o único em toda a turma dessa maneira, todos me olhavam, mas eu ignorava, eu precisava esconder meu corpo, os hematomas e o pior de tudo minhas lágrimas que eu não conseguia conter ainda.

Emily quando me viu foi até mim para sentarmos juntos.

-Por que diabos esta com um moletom em um dia quente quase infernal como o de hoje? - falou ele tentando tirar meu moletom.

Quando ela me tocou eu senti ele novamente, dei um leve grito, ela percebeu que eu não estava bem, talvez ela tenha visto minhas lágrimas, elas devem estar saindo de novo.

-O que aconteceu? Seus pais te bateram por alguma coisa? - perguntou ela.

Eu neguei balançando a cabeça, eu apertava meu braço, ela me atormentou ate que eu falasse, eu estava de saco cheio, eu não queria lembrar, mas eu contei, contei para ela sentindo a mesma impotência, mesmo ódio e o mesmo medo, podia vê a expressão dela, o rosto de alguém enojado com que ouviu, ela me perguntou quem foi, queria responder, no entanto, não sabia quem era, não o vi, apenas sei que era um alfa dominante e isso em uma escola onde eles eram maioria.

Emily estava nervosa isso era nítido e estou apenas querendo sumir, eu não queria essa atenção, só queria ficar sozinho, esquecer o que aconteceu como se não fosse nada... Aqui estou, na sala da diretoria com minha amiga gritando com a secretária dizendo que é algo urgente e não pode ser adiado.

Quando Finalmente entramos na sala do diretor sinto uma presença, é sufocante, ele é um alfa, Emily não podia sentir os hormônios, mas o ar para mim, estava pesado, aquilo me sufocava eu queria correr, minhas pernas estavam fracas de novo, entrei em pânico, não consegui emitir nem um som a não ser um gemido de choro, eu queria sair dali, precisava sair dali.

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