oito

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Alguns meses após Shoto deixar Yaoyorozu.

Eram terrenos estranhos. A vegetação parecia mais pobre, o ar era seco e por algumas horas o rapaz pensou que morreria sufocado.

Onde ele havia parado? Não sabia exatamente. Havia caminhado por muito tempo, estava se sentindo tão vazio por dentro e tão desamparado que só queria ficar o mais longe possível. Longe da sua grande perda. Longe da pessoa que ele mais amava na vida, e que se permanecesse próxima poderia se machucar.

O grande monte lhe deu toda a visão do local. Um imenso castelo se fazia presente logo atrás do que parecia ser uma aldeia. Um letreiro pequeno, mas visível, que dizia Garner, o mostrava que realmente havia andado bastante.

Seu coração estava distante, muito distante dali. Mas, sua nova vida começava ali. E, mesmo ainda sendo jovem demais para saber tanto da vida, não queria mais ficar dentro de uma caverna solitária.

Momo, mesmo não estando mais presente na sua vida, conseguiu acender uma chama em sua alma. O fez perceber que não valia a pena se fechar totalmente para o mundo, e que ainda havia esperanças. Quem sabe, em outro momento, em circunstâncias diferentes, o caminho dos dois pudessem se cruzar outra vez.

Todoroki não queria ter tantas esperanças assim. Havia um passado obscuro que o perseguia. E havia um trauma a ser superado.

Em sua partida solitária, cobriu o rosto por completo com o capuz de seu sobretudo. Entre feiras, pessoas comuns, aldeões, carruagens e cheiros distintos de comidas frescas, ele seguiu sem rumo.

Se pretendia viver junto com pessoas normais, precisaria aprender a não utilizar mais seus poderes. E acabaria ganhando o autocontrole que por muito tempo pretendia ter. O que lamentavelmente não aconteceu naquele dia, naquela floresta. Só de lembrar, seu peito doía muito. Como se aquela culpa ardesse bem mais do que aquelas chamas.

— Você tem sorte de eu estar de bom humor hoje. — Uma voz masculina e raivosa ecoou por um beco perto.

Shoto escorou parte do seu corpo em uma parede, na intenção de compreender o que se passava ali, apesar de já saber.

— É, estamos com bom humor hoje, não é irmão? — Era outro homem, mais parecido com um bobalhão da dupla.

Todoroki ergueu um pouco o rosto para ver por baixo do capuz, havia uma senhora com eles. Estava sendo segurada pelos braços enquanto tinha uma sacola sendo puxada por um dos homens.

Permaneceu sereno. Talvez aquele seu plano de não usar mais seus poderes ficassem para um outro momento.

— Nós sabemos o que você faz, sua velha! Acha que não vamos contar para a alteza? Bruxaria nesse reino não é bem vindo.

Estranhamente, a senhora não parecia assustada, muito menos amedrontada pelos dois. Poderia mesmo ser uma bruxa, e de fato confiava nos seus dons.

— Não tenho motivos para me preocupar. — Ela finalmente respondeu.

Obviamente os homens não gostaram nem um pouco daquela atitude. Apertaram ainda mais os braços dela, rangendo os dentes enquanto a encarava com fúria.

— Você quer morrer?

— É você quem vai se machucar meu jovem. Cuidado.

E em um curto intervalo de tempo, o barulho inusitado de gelo se formando ecoou pelo beco. Ambos os homens encontravam-se encurralados em uma armadilha de gelo. Seu braços e pernas estavam entrelaçados ao que seus corpos estavam grudados na parede.

— Quem é você? — O mais abobalhado arregalou os olhos.

— Deve ser outro bruxo. — O outro rangeu os dentes. — Trate logo de me tirar daqui, antes que se arrependa.

Você é a minha parte favorita de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora