Capítulo 27

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Pai: não me tinhas dito que ias para fora- apareceu atrás de mim assustando-me

-que susto pai- suspirei guardando roupa na minha mala- tinha dito à mãe ela não te avisou?

Pai: só agora, mas podias ter-me sido tu a dizer

-eu ia dizer pai, mas não te vi nestes dias

Pai: foi por isso ou por teres medo de me dizer com quem ias- falou fazendo-me encara-lo

-com quem vou?- perguntei nervosa

Pai: aqui aconteceram duas coisas- sentou-se na minha cama olhando-me nos olhos- ou melhor das duas uma- começou- ou arranjaste um namorado novo ou voltaste para o Dylan, mas sinceramente não me acredito muito na primeira- encolheu os ombros

-eu...eu- gaguejei- pai eu..

Pai: respira Coraline- pediu calmo- eu já percebi que é o Dylan, percebi porque primeiro andas mais alegre e depois eu conheço esse colar- apontou

- podia andar alegre por causa de outro

Pai: eu sei que não- afirmou- mas a minha pergunta é o porquê de teres medo de me vir contar

-não é medo pai- suspirei- mas eu e o Dylan ainda não temos nada sério de novo, depois de tudo o que aconteceu nós estamos aproximarmos-nos com calma, houve uma conversa entre nós e eu percebi muita coisa que desconhecia e precisava de saber

Pai: contaste à tua mãe?

-contei precisava de contar alguém vocês iam estranhar eu andar fora de casa de um dia para o outro

Pai: sabes- passou a mão pela sua barba por fazer- eu era um bocado mais novo que tu e fiz merda, merda mesmo- contou- merda com a minha vida e com a tua mãe, principalmente com a tua mãe, nós nunca tocamos neste assunto porque há coisas que vocês não precisam de saber até um dia precisarem- suspirou deixando-me curiosa- eu andava metido em corridas ilegais Coraline- contou e os meus olhos arregalaram

-ilegais?

Pai: sim ilegais, coisas de miúdo, entrei naquilo, a minha paixão por carros falou mais alto e fui bem iludido por todo aquele dinheiro e por pessoas más. Era dinheiro e adrenalina tudo o que eu queria na altura e tive, comecei a ganhar cada vez mais e aquilo estava-me no sangue eu adorava aquilo filha mas quando conheci a tua mãe tudo deixou de fazer sentido. Deixei de conseguir ir correr sem culpa, deixei de conseguir receber aquele dinheiro sem sentir-me mal por isso e menti, ocultei tudo da tua mãe que uma vez descobriu e a nossa relação acabou- murmurou e o meu coração estava acelerado com tanta informação.

Sentei-me ao lado do meu pai e a minha cabeça estava bem confusa. Como assim o meu pai estava metido em corridas ilegais?

Pai: a nossa relação acabou e eu fiquei perdido, a sentir-me culpado e mal eu tinha feito uma coisa ilegal, má e menti à pessoa que mais amava a tua mãe- olhou-me nos olhos- eu fiz merda- apontou- na altura aquilo para mim era um mundo e eu entrei mas depois cresci conheci a tua mãe e vi que tinha sido a minha maior estupidez e paixão ao mesmo tempo. Depois foi difícil a tua mãe desculpar-me mas o amor falou mais alto e com muito amor conseguimos voltar e formar a família linda que temos hoje- lançou-me um sorriso torto- mas isto tudo para te dizer que eu fiz merda eu admiti o meu erro a culpa foi minha e por isso eu percebo o Dylan. O Dylan foi metido num problema dos pais de merda não teve culpa e não teve como te dizer isso antes, acredita que quando estás no meio da podridão é difícil contares alguém muito mais à pessoa que amas e que queres ao teu lado. Ele pode não ter estado bem ao ir embora, aliás eu vi-te sofrer e isso ninguém vai apagar mas ele ama-te de verdade eu conheci-o eu vi isso nos olhos dele e ele agora voltou para ti, isso é amor filha, muito amor- murmurou deixando-me de lágrimas nos olhos

-eu não fazia ideia de que isso tivesse acontecido

Pai: aconteceu e não é por isso que amei menos a tua mãe. Ouve filha só te estou a contar isto porque no meu caso fui eu que fiz merda e mesmo assim eu e a tua mãe voltamos porque nos amamos e conseguimos ultrapassar tudo, por isso tu e o Dylan têm tudo para ultrapassar isto porque não foi ele que se meteu na merda, a culpa não foi dele e depois viu-se obrigado acabar com tudo e ir atrás dos pais para a Austrália- suspirou- eu não estou chateado, óbvio que não gostei de te ver chorar, óbvio que tu sofreste e ele podia ter feito as coisas de outra forma mas ele voltou e vocês gostam um do outro não há motivos para eu não aceitar o Dylan se vocês se amam

-pai- abracei-o com força- obrigada- agradeci sentindo o cheiro do seu perfume reconfortando-me- obrigada por me teres contado tudo e desculpa por não ter confiado em ti mas eu estava mesmo com medo que não aceitasses o Dylan estava com medo que não perdoasses o facto que ele me ter deixado- deitei a minha cara nas suas pernas sentindo-o massajar o meu cabelo

Pai: não sou ninguém para o fazer filha, ninguém mesmo. Eu amo-te vou-te sempre proteger e como pai eu não gostei do que vi mas percebo muito o lado dele, os pais dele foram irresponsáveis e maldosos

-muito pai- suspirei- eles não cuidaram do Dylan e do Cole nunca, eles cuidaram sempre daquele império de droga que criaram e metiam os próprios filhos em problemas, com medo de tudo, tristes, com falta de carinho- numerei sentindo o meu coração apertar- o Dylan sofreu muito

Pai: a vida são dois dias filha, eu acho mesmo que devias aproveitar e devias sempre dizer ao Dylan o quanto gostas dele, acidentes acontecem, problemas surgem e vocês têm toda uma vida pela frente, achas justo os pais dele estragarem até a vida pessoal do filho? A vida amorosa?

-eu nunca fiquei chateada com o Dylan por causa dos pais, aliás eu fui atrás deles- apontei- eu fiquei chateada com o Dylan triste porque ele me mandou embora e esteve um ano e meio sem me dizer nada pai, ele magoou-me muito e eu não me esqueci disso, eu ouvi-o, eu estou com ele porque o amo mas não me esqueci e até reconstruir a confiança nele eu prefiro estar assim, nem namorar, sinto que temos que começar de novo- desabafei

Pai: não questiono- continuou a massajar o meu cabelo- tens o teu direito e faz sentido ele errou ao deixar-te sem nada, sem noticias e confesso que isso me fez ficar de pé atrás mas também confesso que quando me apercebi que só poderias andar com o Dylan que tive uma conversa com a tua mãe onde falamos de tudo isto, da nossa juventude e vimos que realmente ás vezes erramos e temos atitudes estúpidas sem pensarmos que podemos magoar o outro e que o amor é mais forte do que qualquer coisa

-eu quero saber mais sobre isso das corridas ilegais- encarei-o

Pai: filha não há muito que saber- suspirou- os teus avôs nunca souberam nem contes- pediu

-achas, nem aos manos pai isto é uma conversa só nossa- prometi

Pai: queres que comece por onde?

***

Olá!!!

O que acharam do capítulo? Muito pequenino eu seiiii mas fofo! O que acharam do apoio do pai da Coraline? Acham que depois desta conversa ela vai ficar mais tranquila e confiante? Deixem o vosso voto e comentário!!

LY ALL <3

LET ME STAY 2Onde histórias criam vida. Descubra agora