Capítulo 5

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C O L E   S P R O U S E




― Por que você tem o numero dela? – Perguntei ao Charles que estava ao meu lado na sala. Era o primeiro período e era a única aula que apenas Charles dividia a sala comigo. As outras sempre tinham Mads ou KJ junto. 

Por falar em KJ, no domingo ele me chamou para uma pequena social que aconteceu em sua casa. Seus pais eram mais liberais que os meus e por isso as festas eram sempre lá. Eu não conhecia a maioria das pessoas porque poucos eram da nossa escola. KJ tem mais amigos do que eu, isso porque ele frequenta diversos lugares e acaba fazendo sempre novos amigos. Já eu conheço muitas pessoas e tenho poucos amigos. Os de sempre, Keneti, Charles, e Madelaine.

Eu acabei ficando com uma garota e foi a pior coisa que fiz, pois ela grudou em mim o resto da festa e eu não pude sequer ficar com outras pessoas. Óbvio que virei piada o resto da noite, pela garota ter agido como minha namorada e eu não conseguia dispensá-la de forma alguma. Principalmente porque KJ se divertindo da situação sempre a chamava para perto de nós.

― Fizemos um projeto de artes juntos e ela me deu o numero dela. – Se explicou enquanto retirava seu material da mochila. 

― Ela te deu o numero dela? –perguntei franzindo o cenho. 

Era estranho porque mesmo sendo um projeto, imagino que se eu fosse a dupla ela iria querer meu numero e só ligaria confidencial para que eu não pudesse a incomodar depois. Charles não era muito diferente de mim, embora ele ainda fosse o menos babaca do grupo. Comecei a imaginar que o problema com Lili poderia ser extremamente pessoal, e isso me fez imaginar que talvez ela fosse louca, porque eu nem olhava para ela desde que ela entrou. 

Esse poderia ser o problema. Eu não olhava para ela da forma que ela queria e isso fez com que ela me odiasse profundamente. 

― Deu. – reafirmou. ― Mas só conversamos sobre o projeto, não sinta ciúmes. – ele piscou pra mim e deu alguns tapas em meu ombro enquanto tinha um sorriso debochado em seu rosto. ― Quando ela souber o que você está fazendo vai te odiar mais ainda. 

Eu contei sobre ela estar me ajudando, e o motivo pelo qual eu pedi a ajuda. Charles acha que não é uma boa ideia, porque ele já fez algo parecido uma vez e no final além dele não conseguir ficar com a garota, ele acabou gostando dela. Mas isso não seria um problema, faltava menos de um mês, a prova de biologia estaria se aproximando e depois que eu ficasse com Lili, nosso trato acabaria. Não seria como Charles que ficou meses tentando conquistar alguém fingindo gostar. 

― Ela não vai descobrir. – garanti. 

Ao fim do terceiro período fui para o refeitório procurar Lili. Nos três primeiros períodos não tinha nenhum com ela, ainda não tinha a visto na escola e não fazia ideia de onde ela estava. Mesmo sabendo o seu horário. 

Dei sorte de encontrá-la no refeitório com algumas pessoas na mesa. Ela estava comendo em um recipiente diferente das bandejas ridículas da escola, o que me fez ver que ela levava o lanche de casa. Às vezes a comida do refeitório é tão horrível que até os cachorros rejeitam. Eu sei disso porque já ofereci a um deles e sequer cheiraram. 

Sabia que seria difícil tirá-la de lá e levá-la para a biblioteca, mesmo sendo para estudar. Mas ainda assim me aproximei e quando cheguei próximo, as pessoas na mesa pararam de conversar e ergueram o olhar pra mim.  As expressões eram confusas, mas a de Lili era de irritação – como sempre –.  Sorri amigavelmente para as pessoas que permaneceram me olhando e fui até a cadeira que Lili estava sentada. 

― Podemos conversar? – sugerir. Seus amigos não estavam entendendo aquilo, eles ficaram trocando olhares e em silêncio. Talvez Lili já tivesse falado muito mal de mim para eles, ou simplesmente não compreenderam o fato de ter alguém que não fosse  do clube do livro ou de alguma olimpíada chata de matemática falando com ela. 

O Maior dos Clichês - Adaptação SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora