Capítulo 11

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C O L E  S P R O U S E




Eu dormia, mas ainda assim conseguia sentir seu cheiro doce. Não lembrava em que momento havíamos adormecido. Talvez tenha sido no instante que comecei a contar sobre meus pais, e minha relação com eles, ou quando ela começou a detalhar a discussão que estava tendo em sua casa, e estava tão feia que algumas palavras ela preferiu não repetir.

Só sei que adormecemos, e quando acordei no meio da noite, demorei a entender o que de fato havia acontecido. Ela dormia profundamente ao meu lado, e eu poderia sair, na verdade eu deveria ir para meu quarto, mas fiquei. Coloquei o lençol por cima de Lili pois ela parecia estar sentindo frio e virei para o lado. Meu coração pedia para abraçá-la, mas meu cérebro reprovava totalmente o meu desejo.

E então eu dormi novamente, mas dessa vez só ouvia o silêncio, e seu cheiro já não sentia mais. Dormia profundamente, assim como ela. 

Poderia dizer que estava tendo uma das noites mais tranquilas daquele ano, mas um forte estrondo fez com que eu despertasse assustado.

Na verdade o grito de Lili me assustou mais do que o barulho que vinha lá de baixo.

— Calma. – falei baixo ainda sonolento na intenção de acalmá-la. Mas estava tão nervoso e assustado quanto ela. — Eu vou ver o que foi isso.

Levantei da cama e antes mesmo que desse um passo senti as mãos dela envolverem em meu punho.

— E se for algum bandido? – perguntou e eu podia ver o pânico em seu olhar mesmo com a escuridão do quarto. Ela estava sentada, sua voz tinha um tom de preocupação, e eu iria rir se também não estivesse preocupado.

— Não deve ter sido nada. – falei. — Mas você pode me dar um beijo de despedida caso eu não volte mais. – sorri e ela soltou minha mão depois de revirar os olhos.

— Vou rezar pra que seja um bandido. – resmungou e voltou a deitar.

Antes de descer as escadas tranquei a porta do quarto e guardei a chave em meu bolso. Estava tudo escuro e eu usava a claridade do meu celular para iluminar o caminho. Na sala não encontrei nada, estava um silêncio absoluto e tudo parecia intacto. Comecei a me tranquilizar e então foi olhando os outros cômodos. Primeiro a cozinha, onde também estava tudo intacto, mas ao chegar ao corredor que dava para as portas do fundo visualizei uma silhueta que me fez parar no mesmo instante.

Após buscar coragem não sei de onde, ergui a lanterna do meu celular e então minha preocupação se transformou em raiva, e alívio ao mesmo tempo.

— Charles o que você está fazendo aqui? – perguntei com os dentes cerrados tentando me controlar para não avançar no meu amigo.

— Você disse que ligaria quando chegasse. – ele argumentou apontando o indicador para mim. Sentia o cheiro de bebida, mas ele não parecia tão bêbado. — E não ligou.

— E você não poderia me ligar ou mandar uma mensagem?

— Eu achei que você tivesse morrido ou algo do tipo, então a ligação não iria funcionar. – disse como se fizesse sentido. Aproximei mais dele e apertei o botão do interruptor que estava logo ao seu lado.

— Você arrombou a porta. – falei no instante que vi o estado que estava a porta dos fundos.

— Eu tinha que entrar de algum jeito.

— Você já viu que eu estou vivo, agora pode ir embora. – coloquei uma das mãos no topo das costas de Charles e comecei a andar levando-o para a porta, a que ele não destruiu.

O Maior dos Clichês - Adaptação SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora