Merry Christmas, Dinah! [CONCLUÍDA]

fuck Christmas

POV Dinah

— Dá para parar com isso? — Zendaya murmura em sinal de irritação e me lança um olhar em chamas, mesmo de costas, eu sei disso porque ela sempre faz isso.

— Fazer o que? — Pergunto de volta, só para conseguir irrita-la um pouco mais, o que não é bom, visto que pessoas nervosas agem por impulso.

Senti seu olhar matador arder em minhas costas novamente e apenas suspirei, revirando os olhos, me virando para constatar o óbvio, ela estava muito puta.

Cortando os pedaços de torta meticulosamente, com o cenho franzido e a respiração tensionada, ela desviou os olhos de mim e ficou em silêncio por alguns instantes. O que também não era bom, porque só me fazia pensar que ela havia se cansado daquele jogo de palavras. A mais de meia hora, desde que saímos daquela bombonière, Zendaya Coleman, uma amiga de longa data, e temporariamente minha "ficante" — é assim que chamam agora, certo? Quando duas pessoas que não querem relacionamento sério se dispõem a curtir o momento juntas e transarem quando lhes der na telha, pois essa é exatamente a definição de nós duas —, começamos uma discussão sobre nossa relação, ela quer algo estável e definitivo, me apresentar para família e essas coisas, mas desde o começo eu deixei bem claro que essa camada da minha vida estava completamente celada. Eu não procurava por relações duradouras e anéis de compromisso, tudo o que eu queria no momento era algo casual que eu pudesse procurar no meio da noite, quando me desse vontade, sem dever satisfações sobre qualquer âmbito pessoal a outro alguém.

Eu já havia provado algo parecido e o fim não foi tão bom quanto eu esperava. Na verdade, foi bem cruel e doloroso mesmo. O elo tatuado nas minhas costas era uma prova bem viva disso e por mais que eu gostaria de esquecer quem me arruinou de tal forma, era impossível. Até a neve que caía lá fora me fazia lembrar do quanto ela amava Nova York no natal.

— Eu sei o que você está fazendo, Dinah. Está se fechando, de novo. Eu achei que... Que você tivesse superado ela e começado a sentir algo de verdade por mim.

Oh, eu quase tinha me esquecido que Zendaya estava ali. Quer dizer, sua respiração tensa não passava muito despercebida, mais meus pensamentos me distanciaram da realidade por alguns instantes. Lá estava ela, derrubando lágrimas por alguém tão escroto como eu.

Não, não faça isso, Zendaya, eu não valho metade das suas lágrimas...

Não sou tão insensível quanto pareço, eu juro. É só que essa situação é muito embaraçosa e eu daria tudo para não estar passando por isso justo na véspera de natal. Passar com Zendaya não estava planejado, na verdade, ela apareceu na minha porta sem ser convidada e estragou a minha noite solitária com filmes de romance e pipoca e, visto que eu não tinha nem um peru nem um vinho pra simular uma ceia, ela me fez dirigir até a loja de doces — que era uma das únicas coisas que ainda estava aberta naquela região da cidade — para comprar uma torta e alguns cupcakes para passarmos o natal juntas.

— Não sei do que está falando, Zendaya, eu deixei bem claro desde o começo que eu queria apenas algo casual, e disse que se não estivesse de acordo, poderíamos parar com isso e seguir com as nossas vidas. Não somos mais adolescentes, achei que estivesse preparada para algo assim, mas já que não está, eu prefiro cortar isso pela raiz.

Zendaya soltou a faca onde estava e simplesmente congelou, olhando diretamente nos meus olhos.

Eu não entendia porque toda essa pressão para ter algo sério comigo se a dois dias estávamos bem e ela parecia satisfeita com isso. E bem agora ela resolve bater na mesma tecla? Maluca, só pode.

— Por que não consegue esquecê-la, Dinah. Eu sou o melhor para você agora, por favor, me dê uma chance e eu prometo... — A interrompi no meio da fala, sem desviar o olhar por um segundo sequer.