Capítulo I

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Enfim, mais uma tarde se encerrava. Os ponteiros do relógio na parede marcavam 18:12. O cheiro de rosas exalava tão forte pelo pequeno apartamento que causava enjôo em qualquer um que entrasse ali.

Pela nona vez em cinco meses, o Detetive Reddington encarava mais um cenário intrigante. Câmeras ao redor registravam as evidências, três dos seus melhores investigadores rodeavam o local coletando qualquer tipo de pista com aqueles plastiquinhos, mas nenhuma diretamente ligada ao assassino.

Reddington andava de um lado para o outro tentando entender o que estava acontecendo. Nove. Nove assassinatos em cinco míseros meses. Era impossível de acreditar. Nashville sempre foi uma cidade tranquila e transmitia isso a todos que viessem visitá-la, a polícia nunca se deu o trabalho de se preocupar demais com casos assim, uma vez que pequenos furtos e saqueamentos era a única coisa que os ocupavam. E de repente, a cidade estava levando um banho de sangue.

— Com licença, senhor. — A perita, Katerine, se aproximou do homem negro alto que lhe deu total atenção.

— E então, o que temos, Kat? — Eles se afastaram do resto para conversarem melhor.

— Mulher, 35 anos, encontrada na banheira por volta das 17:30 pela empregada. Há marcas no pescoço, ao que tudo indica ela foi estrangulada e depois colocada na banheira de forma impecável. Seus pulsos estão com fitas vermelhas amarradas como os das outras mulheres.

— É o nosso homem. — Num suspiro, o Detetive deitou a cabeça para trás na tentativa de não perdeê-la. Mais uma vítima. — É tolice perguntar a essa altura, mas... Há alguma pista? Alguma testemunha?  — A mulher em sua frente balançou a cabeça negativamente e mais um suspiro foi deixado. Droga.

— Peça ao legista que examine. Precisamos da hora exata da morte. — Red ditou à mulher que assentiu com a cabeça. — Obrigado, Kat.

A tensão aumentava dentro dele por não saber nada sobre o paradeiro do assassino, que a essa altura já estava sendo considerado um serial killer. Apanhou um maço de cigarro e um isqueiro no bolso esquerdo de seu casaco e saiu para fumar nas escadas de emergência.

Se sentia culpado. Se sentia culpado por não proteger sua cidade. Por saber que um maníaco ainda estava a solta e que não deitaria a cabeça no travesseiro em paz até o dia que o encontrasse.

Enquanto, pelas proximidades, o responsável por toda repulsão chegava em casa — ou pelo menos aquilo que chamava de casa periodicamente —. O homem nos últimos meses tem se mudado constantemente, de casas confortáveis e suítes caras a quartos minúsculos de hotéis e kitnets apertadas. Dessa vez, o quarto minúsculo foi o sorteado.

A água fria caía em seus fios castanhos enquanto se apoiava na parede do box. Se algum som pudesse sair das batidas do seu coração certamente o quarteirão inteiro saberia que ele estava ali. Estava nervoso. Tão tenso que nem a gelidez da água era sufiente para acalmá-lo.

Cautelosamente ele fazia sua barba em frente ao espelho, em silêncio, apenas encarando seu reflexo. Sua mandíbula tensionada entregava agonia

Não queria fazer aquilo. Elas eram adoráveis. Não queria causar dor, mas vê-las ali implorando por misericórdia enquanto suas mãos as sufocavam lhe dava prazer. Ele tinha posse sobre elas, sentia que poderia fazer o que quisesse naquele momento.

Mas ao final de todo ato, ele tinha flashes de momentos que odiava se lembrar e isso atacava sua cabeça com uma dor intensa como nesse exato momento. Assim que terminou sua barba, buscou por remédios em seu armário para amenizar a dor. Ele estava irreconhecível, parecia outro homem.

Foi até o seu quarto e debaixo da cama pegou sua caixinha vermelha. Tirou de seu bolso um colar de pérolas e ali guardou junto com seus outros "pertences". No seu armário checou seus documentos, ou melhor dizendo, sua próxima identidade: Ben Smith.

Cantarolando foi até a cozinha preparar sua tigela de cereal e se sentou no sofá ao lado de seu gatinho que logo se aconchegou em sua coxa. Ambos passaram o resto da noite assistindo suas séries policiais favoritas.

Amanhã era um novo dia.

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