Capítulo II

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O Sol reluzia naquela manhã no parque principal da cidade. Diferente da tensão da noite anterior, a vibração do dia era positiva, transmitia otimismo. Todos ali, de crianças brincando a adultos correndo para manter o físico podiam sentir a energia.

Alissa Campbell, uma mãe solteira de 29 anos passeava com sua estrelinha – costumava chamar sua filha assim – pelo parque. Embora o dia mal tenha começado, já haviam aproveitado bem o local. A pequena perdeu a conta de quantas vezes deslizou no escorregador colorido, sua mãe a empurrou diversas vezes no balanço já que ela não alcançava os pés no chão, isso sem contar os sorvetes que já haviam tomado juntas.

– O que vamos fazer agora, querida? – A mulher se abaixou à altura de sua filha de quatro anos que segurava uma grande bola de sorvete de morango na casquinha.

– Algodão doce!! – A garotinha deu leves pulos de entusiasmo e viu sua mãe sorrir.

– Algodão doce! Ótima ideia! – Ela se levantou segurando a mão da pequena enquanto procurava pelo carrinho de algodão doce mais próximo.

Juntas começaram a andar pelo parque enquanto partilhavam histórias engraçadas. A pequena estava contando à mãe como havia sido sua semana na escolinha e sobre sua amiguinha nova que entrou na turma. Desapercebida, a menina tropeçou em um rapaz alto e charmoso parado no caminho e como consequência seu sorvete caiu sujando parte do sapato do homem.

– Meu Deus, me desculpe! eu sempre digo a ela para olhar por onde anda. – A mulher buscava por justificativas enquanto o homem apenas sorria.

– Não se preocupe, são crianças. – Ele apanhou um lenço em seu bolso se abaixando para limpar o couro de seu sapato.

– Desculpa, moço... – A voz manhosa o fez levantar o olhar para a garotinha em sua frente.

– Está tudo bem, pequena. – Sorriu. – Me diga, qual é o seu nome?

– Denise. – Seu pequeno sorriso entregou a janelinha que estava ali.

O homem a havia achado adorável. Sorrindo mais uma vez e vendo o quão educada era a menina se ofereceu para pagar outro sorvete à ela.

– Oh, não. Ela já tomou vários hoje, um a menos não faz diferença. – Ele recebeu de forma rápida a resposta da mãe.

– Eu faço questão! Por favor, olhe para esse rostinho. – Seu dedo apontou para a garotinha que estava com um pequeno bico nos lábios esperando a confirmação da mãe.

Denise observou sua mãe pensar e repensar até soltar um sorriso sem jeito.

– Tudo bem, mas é só uma bola, me ouviu?! – A mulher que ainda sorria largo passou a ponta do dedo sobre o nariz da pequena a assistindo pular contidamente.

Na fila para o sorvete enquanto esperavam por sua vez, Alissa se sentia desconfortável, estava inquieta por dentro. Gostava de se comunicar, era extrovertida. Queria iniciar uma conversa com o homem, mas esperava que ele assim fizesse e seus pés batiam freneticamente no chão por isso.

– Então. – Ela quebrou o silêncio, não aguentou. – Qual o seu nome? você não me disse.

– Ben. – Sorriu superficial. – Ben Smith.

– Eu sou Ali. – Sua mão se estendeu para cumprimentá-lo.

– Como Alice? – Ele indagou enquanto apertava sua mão gentilmente.

– Na verdade é de Alissa. – Riu. – Mas pode chamar por Ali caso esqueça.

– Impossível esquecer um nome tão lindo e diferente assim. – Seus olhos por um segundo passaram pelo pescoço da mulher alucinando na possibilidade de suas mãos sobre aquela pele tão sensível.

– Me diz, Ben. – Seus olhos voltaram para as orbes da mulher. – Por que está tão bem vestido em um lugar simples como esse? – Ali fitou de forma questionável o homem e seu estilo esporte fino super alinhado.

– Não tenho uma resposta, eu apenas gosto de me vestir assim. – Seus dentes brancos vieram à tona num lindo e convencedor sorriso.

A fila não demorou a andar e logo o homem bem trajado pagava por uma deliciosa bola de sorvete para a pequena Denise, que salivava esperando sentir o gosto gelado de morango na boca.

Assim que a menina agradeceu pelo gesto, Alissa achou melhor se despedir e ir para casa. Ben em um gesto educado lhes ofereceu uma carona, mas a mulher negou. Tudo bem, não iria insistir, não queria parecer invasivo.

Com os olhos ele acompanhava o andar das duas jovens se afastando até não vê-las mais.

Sorriu.

Adorável.

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