Capítulo VII

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Ben acompanhou a mulher até sua casa naquele fim de tarde. Alissa o convidou para entrar – já que sua filha Denise estava passando uns dias com sua avó –. O homem não pareceu muito confortável com isso, havia notado os olhares indiscretos de Ali, mas de qualquer forma decidiu aceitar.

– Você aceita uma água? – Sorriu lembrando de todos aqueles sabores de sorvete que tomaram. Certamente precisavam de água.

– Por favor. – Ben se sentou em um dos sofás permanecendo imóvel.

Assim que o copo foi entregue, Alissa pediu para que ele esperasse enquanto ela tomaria seu banho. Ben sorriu concordando e logo levando sua mão a cabeça, a dor começou muito forte.

A mulher se retirou e Ben pôde ouvir o trancar de porta, seguido pelo som do chuveiro alguns segundos depois.

Vadia.

Ben se virou vendo sua mãe ao seu lado negando várias vezes com a cabeça.

– Por favor, agora não... – Levou suas mãos aos fios e apoiou ambos os cotovelos no joelho.

Ed, para de ser idiota! Aquela mulher está louca para que você vá lá e abra aquela porta. – Expressou nojo nos lábios. 

– Eu já disse que a Ali não é assim! – Sua dor de cabeça aumentava a cada instante.

Alissa saiu do banheiro em poucos minutos e passou para seu quarto deixando – propositalmente ou não – uma brecha na porta.

E agora hein? acredita em mim? por que não fechar a porta por completo? ela quer ser vista, Ed.

Já chega, mãe. – Independente se Ali queria, ele não estava a observando, respeitava a mulher.

Diz isso pra ela! aquela...

JÁ CHEGA! – Ben levantou a mão para sua mãe.

Ao ouvir o grito, Alissa abriu a porta preocupada. Ben confirmou estar tudo bem, mas mesmo assim Ali o convidou para ficar lá com ela. Ele negou algumas vezes, mas decidiu ceder ao pedido da mulher, e ela, que já estava vestida, se sentou ao seu lado no colchão.

As coisas caminhavam de forma calma e impassível, mas Ali estava decidida a tentar algo naquela noite. Há dias pensava em Ben, desejando seu corpo e seu toque, afinal, ela não era apenas a mulher simpática e fina que Ben assistia todos os dias. Estava disposta a revelar seu lado tentador ao homem.

Começando com um acariciar na mão de Ben, logo subiu sua mão para um de seus ombros tocando os músculos não tão eminentes. Alissa se colocou de pé à frente do homem e sem pressa apoiou ambas as mãos ao lado de seu pescoço.

Ben entendeu o que estava acontecendo ali e começou a ver a mulher com outros olhos. Só então percebeu que os seios da mulher marcavam naquele fino tecido que era seu vestido rose. Se insinuando, Ali ergueu sua perna nua que logo foi agarrada pela mão forte de Ben e em um piscar de olhos ele estava em cima de seu corpo na cama assim como ela anseiava todas as noites.

Um caminho de beijos eram deixados até a curvatura de seus seios. Ben também estava desejoso pela mulher. Um beijo se iniciou, seguido de outro e outro até perderem a conta.

Eu sabia desde o início que ela não passava de uma vadiazinha.

A cabeça de Ben começou a rodar, beijou Alissa mais intensamente e ignorou a existência da voz em sua cabeça.

Querido, vamos embora, isso é um erro...

Suas mãos exploravam o corpo da mulher incansavelmente.

Ed, vamos...

O beijo se intensificava mais, Ben mordeu o lábio de Ali forte demais fazendo sangrar e a mulher arfou.

Edward Gein! Não finja que eu não estou aqui!

Ele parou subitamente o beijo.

– ME DEIXA EM PAZ! – Metaforicamente ou não, podia se ver a chama em seus olhos de ódio.

– Eu faço parte de você, não posso simplesmente sumir. – Assistiu sua mãe sorrir encostada em um dos cantos.

Ben, você está me assustando. – Alissa tentou sair debaixo dele falhando miseravelmente já que o peso do homem era bem maior do que o seu.

– Ela é boa para mim! Eu jamais faria algo para machucá-la. – Ditou ouvindo gargalhadas ao redor do quarto.

Ela é uma qualquer igual as outras que você matou, se lembra?

Você fez aquilo! Eu jamais quis matar aquelas mulheres! – Alissa ouvindo aquilo entrou em desespero interno, o que faria agora? gritar? bater? Ela não sabia.

– Você está certo... – Ben assistiu sua mãe caminhar pelo quarto. – Eu precisei fazer aquilo porque você sempre foi fraco! Caindo na ladainha dessas piriguetes. Eu sempre, SEMPRE cuidei de você. Eu queria o seu bem, Ed. – Sentou ao seu lado. – Mas você simplesmente me matou.

Ben – ou Ed, como preferir – começava a ficar zonzo e fraco. Sentiu sua mãe tocar seu rosto delicadamente e descansou sua cabeça ali.

Tudo o que eu faço é para o seu bem. Para nada e nem ninguém atrapalhar a nossa ligação de mãe e filho, você entende? – Ben quase impossibilitado concordou. – Desculpe, querido, mas você precisa descansar agora.

Alissa foi agarrada pelo pescoço. Tentou gritar, mas suas cordas vocais eram comprimidas pelas mãos do homem. Apalpou o lençol em busca de algo para se defender até perder a força de sua mão. A última coisa que viu foi Ben sorrir de uma forma que não havia visto nos últimos dias que esteve com ele.

– Boa noite, querida.

A polícia chegou há exatos 40 minutos depois, mas nada mais poderia ser feito. Vasculharam a casa até encontrarem o corpo de Alissa perfeitamente alinhado no colchão, não diferente das demais vítimas, seu pescoço continha marcas de agressão e seus pulsos amarrados por delicadas fitas vermelhas.

– Chegamos tarde. – O detetive Reymond bufou socando a parede.

A polícia falhou, mais uma vez.

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