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Contanto que você me ame
Poderíamos estar passando fome
Poderíamos estar sem dinheiro

Gotham, três anos antes.
- Tome cuidado com a raiz forte garota. Lindsey caprichou dessa vez.

- Ok Ash! Obrigada! - pego as sacolas de comida e saio do restaurante, talvez eu tivesse pedido demais para uma pessoa só, mas sinceramente, eu estou morrendo de fome, o dia foi de cão. Meu chefe parecia possuído por algum tipo de demônio e me obrigou a descer todos os lances de escada, o maldito dia todo. Talvez largar a enfermagem não tenha sido uma boa ideia.

Se eu ainda sinto minhas pernas é porque o Cara lá de cima gosta de mim, mas ainda tem muita dor. O caminho até meu carro é breve, ninguém é idiota de estacionar longe numa noite em Gotham. Estava prestes a entrar quando o som de latas de lixo caindo me fizeram pular. Podia ser um gato.

Mas gatos não usam botas.

- Não faça isso, não faça isso, não faça isso. - falo comigo mesma, mas quero bater minha cabeça no vidro quando decido ir até as latas. Eu realmente não deveria estar fazendo isso porque estamos em Gotham, e em Gotham, homens jogados em latas podem ser qualquer coisa, menos coisa boa, mas e daí? Siga sua curiosidade e leve um tiro, afinal a curiosidade matou o gato.

Meu Deus que trocadilho horrível.

Quais são os contras dessa noite? Minha comida pode ser roubada, eu posso levar um tiro e ainda ser roubada - ou qualquer outra estatística que as mulheres estejam envolvidas.

Prós? Não existem, exceto matar minha fome com lámen.

Nas latas de lixo tem um homem uniformizado, ele usa uma jaqueta gasta e botas militares. Até aí ok, mas ele tem um capacete cobrindo todo o rosto. E sangue por todo abdômen. Eu estou com o Capuz Vermelho no lixo.

- Meu Deus eu estou com o Capuz Vermelho no lixo. E ele está... Morto? - me abaixo e checo se tem pulso e felizmente ele está vivo.

Eu poderia deixá-lo aqui, mas se alguém do Conselho souber que eu negligenciei socorro eu posso ser processada. Ninguém aqui quer um processo. Corro pro carro, felizmente minha comida ainda está ali, destravo e abro a porta, ponho a comida no banco do carona. Volto onde o Capuz quase morto Vermelho e o arrasto de volta pro carro, pondo no banco traseiro. Mais tarde eu teria uma mancha de sangue para limpar.

- Não vamos surtar por ter um vigilante meio morto no meu banco. Estamos em Gotham, essas coisas acontecem todos os dias. - ligo o carro e saio rumo a minha casa.

(...)

Deixo-o na sala, esparramado inconsciente no sofá e vou buscar o kit de primeiros socorros, eu realmente teria que remendá-lo. Eu ainda tenho água oxigenada e gaze? Abro os armários do banheiro, encontrando o vidro de água oxigenada nas últimas e um último pacotinho de gaze. Pego a caixa vermelha no gabinete da pia e volto pra sala, lá, o meio defunto - ok, eu admito que talvez tenha dificuldade em chamá-lo por Capuz Vermelho - está levantando.

- Ei ei ei aí zumbi, senta aí porque provalvelmente você tem uma bala alojada em seu abdômen! - corro e ponho tudo sobre o criado mudo, o empurrando de volta pro sofá.

- Não tenho tempo pra isso. - ele solta um grunhido

- Ninguém tem tudo que quer, sente aí e me deixe trabalhar. - abro a caixinha e pego algodão - Fique aí, esqueci o álcool.

Levanto correndo e pego o álcool na cozinha.

Na sala, ele ainda permanece deitado, sem jaqueta e sem a parte superior do uniforme, tem hematomas e cicatrizes por toda área exposta e penso que ele deve estar dormindo todas as noites com gorilas e gatos.

Me ajoelho ao lado do sofá e tiro os utensílios metálicos e os esterilizo com álcool, eu teria que tirar a bala que não saiu e não tinha anestesia. Ótimo, mais um dia normal na cidade de Gotham. Com outro chumaço de algodão na água oxigenada, limpo o ferimento dele, tateando superficialmente em busca da bala.

- Eu nunca me acostumo com essa merda. - ele diz de queixo cerrado, não tinha tirado o capacete e eu não iria comentar sobre, apesar de minha curiosidade ainda não morta a tiros estar se roendo querendo descobrir o rosto escondido.

- Bem, vai ficar pior. - limpo tudo direito e pego a pinça - Vou tirar essa bala, pode oxidar.

- O que? Tirar a bala?

- Sim. - vou na cozinha e volto com um pano de prato limpo - põe na boca, ou vai morder a língua. Porque vai doer. - apenas entrego o pano sem olhá-lo.

(...)

Ponho o último pedaço de esparadrapo no curativo.

- Pronto, está com fome? - pergunto e começo a guardar as coisas na caixa - Tenho comida.

Ele senta com cuidado, apesar de estar sem o capacete, ainda restava uma máscara com lentes esbranquiçadas. Pelo que eu podia ver, ele era bonito.

Bem bonito.

- Claro, ninguém recusa comida, boneca.

- Não me chame de boneca, sou Sn.

Ele riu, mas gemeu dolorido.

- Certo, o que você tem aí?

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Hellou my fréndis, eu consegui atualizar rápido dessa vez, milagres no Paraíso?

Espero que tenham gostado, apesar de ser bem clichê, não existiria outra forma de conhecer o quase morto Capuz Vermelho (aí adorei chamar ele assim), sem contar que apesar do clichê, nunca é como as outras.

Tenham uma boa noite e um ótimo fim de semana galerous 💕

Revisado em 07/04/21

𝗔𝗥𝗜𝗔𝗡𝗔 𝗚𝗥𝗔𝗡𝗗𝗘 || 𝚓𝚊𝚜𝚘𝚗 𝚝𝚘𝚍𝚍Onde histórias criam vida. Descubra agora