- b ô n u s -

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"Eu darei a você esperança
Mantendo sua fé quando ela tiver acabado
Aquele que você deveria chamar
Estava aqui o tempo todo"

A vida de casados tinha lá seus percalços, uns maiores que outros.

Em alguns momentos SN sentia que poderia matar seu marido com a fita de cabelo, em outros ela temia que vê-lo pela manhã antes de ir trabalhar fosse a sua última visão dele.

Era assim, ambos conversando, cedendo, ganhando... Sempre trabalhando pra mecânica do casamento funcionar, já que apenas amor não dava e nunca deu certeza de futuro ou garantia de sucesso.

Juntos há quatro anos, casados há dois, o casal fazia o possível para continuar dando certo e que as brigas nunca fossem maior que o amor. Entraram no consenso de nunca dormirem com raiva do outro, os problemas sempre seriam resolvidos com conversa, facas e armas sempre, sempre teriam que ficar longe das mãos - não que SN e Jason fossem tentar se matar, mas ambos conheciam os efeitos da raiva e o quanto ela poderia influenciar numa decisão errada.

E, há uma semana eles não conversavam direito. SN não queria ter filhos, pelo menos não biologicamente falando, e Jason não queria adotar. Não conseguiam entrar num acordo, ambos gritaram, xingaram e choraram, para no fim ele recolher seus pertences e ir dormir na casa do pai, precisava de um conselho e apenas Alfred poderia dar.

- Você já parou pra pensar que ela pode ter medo, mestre Todd? - Serviu uma xícara de chá a ele, Jason suspirou arrancando a máscara dominó do rosto.

- Medo de quê, Alfred?

- Do parto. Apesar de atualmente termos muitos procedimentos seguros, é compreensível que ela tenha medo, muitas mulheres morrem no parto.

- Mas isso pode não acontecer com ela.

- Assim como pode. Tente entender que a peça importante pra uma gravidez é ela, você não pode e nem deve tomar as decisões sobre o corpo dela. - Alfred disse em sua imensa sabedoria. - Você gostaria que alguém dissesse "Jason eu vou arrancar seu braço e você vai deixar."?

- Não.

- Exatamente, eu tenho certeza que a Sra. Todd pensa o mesmo, ela entende o seu desejo, mas se trata do corpo dela.

Jason se calou enquanto bebia o chá fumegante, Alfred tinha razão, em momento algum SN disse que não queria ser mãe, ela disse que não queria dar a luz, é diferente, ele tinha que assumir.

- Converse com ela, SN deu uma janela a vocês, não a feche somente por ignorância ou orgulho.

Ele engoliu em seco e concordou. Voltaria pra casa no dia seguinte.

-×-

Música alta e o som do aspirador abafaram seus passos, seguiu o barulho até onde o aspirador estava ligado, sua esposa limpando o quarto onde ele guardava os equipamentos, ela parecia estar bem envolvida na música que tocava; Jason tossiu alto pra atrair a atenção dela, SN o olhou com surpresa e desligou o aspirador com o dedo do pé.

- Jason...

- Podemos conversar?

- Claro. - Saiu do quarto com ele a seguindo. - Quer um café?

- Eu não sou louco de recusar - respondeu e se sentou na pequena mesa da cozinha.

Ficaram em silêncio até ela terminar o café, SN colocou a xícara que ele gostava e se sentou de frente para o marido.

- Me desculpe - falaram juntos e deram risada.

- Eu deveria entender o seu lado, amor - Jason foi o primeiro a justificar. - Não posso impor minha vontade sobre você. Me desculpe.

SN sorriu triste - Me desculpe também, Jay... Eu deveria ter dito antes e - SN respirou fundo antes de terminar a fala. - Fizemos errado.

Ficaram em silêncio ao beberem o café.

- E como vamos fazer? - Ela perguntou, os dois precisavam encontrar um ponto comum naquela divergência.

- Vamos conversar sobre isso ok? - Jason estendeu a mão sobre a mesa, SN segurou e sorriu, eles dariam um jeito.

-×-

Vince tinha quatro anos e nem se fosse filho biológico de Jason teria herdado o humor tempestivo do vigilante. Como nada era comum ou previsível na vida de SN com Jason, os dois encontraram Vince tentando passar a mão numa pulseira sua durante uma saída à noite. O vigilante segurou o pulso do menino, o impedindo de correr com sua pulseira.

Ela impediu Jason de brigar com o menino e perguntou se ele estava com fome, a partir dali, SN caiu de amor pelo pequeno e não teve muito trabalho em convencer Jason de adotá-lo, ele e Vince tinham muito em comum além do gênio furioso, o menino de olhos dourados se tornou o xodó do Capuz Vermelho.

- É claro que eles vão gostar de mim, eu sou demais. - Vince comentou saltando do carro, claramente o ego era algo comum entre pai e filho.

Mas SN tinha olhos treinados, podia ver o nervosismo cobrir seu filho como uma segunda pele, então o pegou no colo, sentindo a mãozinha leve apertar o jeans da sua jaqueta.

- Eles vão te amar, Vince. Prometo.

- Se não gostarem a gente pega eles.

- Porque a gente é mal.

SN assistiu a dinâmica deles com amor, não sabia se essa era a vida que tinha planejado, mas sem dúvidas é a vida que sempre quis 

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𝗔𝗥𝗜𝗔𝗡𝗔 𝗚𝗥𝗔𝗡𝗗𝗘 || 𝚓𝚊𝚜𝚘𝚗 𝚝𝚘𝚍𝚍Onde histórias criam vida. Descubra agora