I'm Not A Freak!

Feitos para sermos um só

—— Um, dois, três! — E a porta se abriu com força, acordando o Kim um tanto assustado.

Parecia que estavam tirando alguma criatura feroz de sua cela. Feroz e sanguinária pelo visto, já que todos usavam umas roupas esquisitas.

E em um piscar de olhos, os corpos caminharam em sua direção, lhe agarrando a força e logo estava sendo arrastado novamente por aquele local. Não passou muito por aquele corredor, já que vivia trancafiado naquele quarto, mas já detestava aquele lugar.

Avistou uma porta um pouco suspeita naquele corredor, e como previsto, é para lá que estava sendo arrastado. Tentou se debater conforme era levado para dentro do local, mas obviamente, falhou em sua missão.

—— Coloque-o ali. — A ponta da caneta apontava em direção a cadeira um tanto estranha, parecia ter sido tirada de um filme de terror.

Jogado. Seungmin foi jogado contra a cadeira. Sem delicadeza alguma, apenas jogado como uma boneca em sua confortável cadeira de balanço. Mas aquela cadeira não parecia nenhum pouco confortável, e Seungmin estava longe de ser uma boneca.

E como se não fosse suficiente, foi amarrado. Amarraram suas mãos, pernas, braços, quadril e até o seu pescoço! Parecia que estava virando um experimento. Uma espécie de Frankenstein. A visão estava embaçada devidas lágrimas, mas podia ver a silhueta de um homem já de idade a sua frente, sentado em uma cadeira.

—— Vamos começar, Kim... — Começou dizendo, analisando alguma coisa em sua prancheta enquanto mantinha um semblante sério e profissional.

Profissional uma ova. Até loucos sabiam que aquele método era proibido há muito tempo.

—— Eu vou te fazer umas perguntas e quero você responda todas elas. Se não... — Desviou os olhos para si, lhe olhando por cima daqueles óculos enquanto acenava para algo ou alguém atrás do Kim.

Um choque atingiu sua cabeça. A dor percorreu pelo corpo, fazendo com que desse um pulo na cadeira. Ficou um pouco molinho por um tempo, mas logo conseguiu tomar consciência levemente, olhando para o homem a sua frente.

—— Como se chama o seu namorado? — Perguntou calmo.

—— H-Hyunjin... Hwang Hyunjin. — Respondeu trêmulo, sentindo os olhos lacrimejar assim que pôde vislumbrar o chamado ao lado do doutor.

Mas ele o olhava com certo medo. Seungmin já estava acostumado com esse olhar. Passou a recebê-lo á exatas duas semanas.

—— Quem é Hwang Hyunjin?

—— Meu namorado... o-o amor da minha vida. O meu, meu Jinnie. — Respondeu com um sorriso bobo nos lábios.

—— E onde está Hwang Hyunjin?

—— Ao seu lado. — Respondeu simples, os olhos vidrados em uma figura inexistente.

—— Não, ele não está. — Respondeu firme, olhando seriamente para o Kim. —— O que aconteceu com Hwang Hyunjin?

—— Ele precisou fazer uma viagem para o exterior... e-ele iria me deixar, mas eu não poderia permitir isso! — Respondeu com lágrimas nos olhos. —— Nós fomos feitos para sermos um só.

—— E então?

Seungmin se manteve em silêncio. Desviou o olhar para o chão, não conseguindo responder a pergunta feita. A resposta era uma ferida que jamais poderia ser cicatrizada. Ficou tão inerte em seus pensamentos que nem se deu conta do tempo que ficou em um longo silêncio.

—— Não vai nos responder, Kim? — Perguntou em um tom sombrio.

Quando iria responder, sentiu novamente aquela dor infernal lhe atingir em surpresa. Outro choque. Outro pulo. E outro ato desumano. Não havia nenhum pingo de dó nos olhos daqueles humanos egoístas.

Outro maldito choque. Gritos desesperados. Visão escura. E memória misteriosamente apagada.

Pelo menos naquele momento ela estava apagada.