Relato 1º

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Bem, eu perdi a minha mãe para o feminicídio quando ainda era criança, e a delegacia acreditou na versão falsa que meu pai deu.

Até hoje quando eu jogo o nome dela na internet, as notícias sobre o acontecido são contadas do ponto de vista errado, fazendo parecer que meu pai foi um herói. Só sei disso porque ouvi meus avós conversando sobre isso uma vez, e saber disso me deixou em pânico. Esse foi meu primeiro gatilho para a escrita, já que eu não tinha ninguém para conversar sobre isso e eu sentia necessidade de extravasar em algum lugar.

Tudo que sei hoje sobre essa história foi lendo trâmites e documentos pelas costas dos meus avós, que nunca me contaram nada diretamente. Se eu não tivesse descoberto, nunca saberia. Então desde sempre entendo como é sufocante conviver com uma realidade que ninguém parece entender, e como é importante sermos ouvidos.

Não me acho fraca por querer desabafar para alguém, e não acho fraca uma pessoa que quer ser ouvida. Acho que isso nos torna humanos, e acho que todo mundo merece sentir que não está sozinho.

— Anônimo.

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