full moon | twilight

05

— Já vou — aviso Saturn, abrindo a porta da frente. Embry havia me ligado e dito que logo estaria na escola para me encontrar.

Ela surge do nada, me olhando com aquela carinha que eu conheço bem. Saturn, como sempre, quer me manter longe de toda e qualquer confusão, digo, diversão.

— Já? Mas ele nem deu um horário específico! Pode ir mais tarde — ela para, pensando melhor — não, não. É melhor ir agora, enquanto está cedo. Ou melhor ainda: não ir!

É claro que eu contei tudo para ela e ela surtou. Já que é vampira agora e tecnicamente faz parte do clã Cullen (evitamos falar desse assunto), ela precisa seguir o tratado que eles têm com os quileutes. Mas parece que os vegetarianos não pintaram uma boa imagem dos quileutes, me deixando em uma situação chata com a minha irmã.

— Eu vou ficar bem, Sat. Fred vai comigo, tá legal? — Tento tranquiliza-la, mas não parece adiantar.

— Ele é um cavalo! — Quase grita, me olhando nervosa. Automaticamente eu coloco a mão nos lábios fazendo "shh", sem querer que ela acorde Nathan, que não sabe de absolutamente nada — um cavalo!

Saturn fala de um jeito quase ofensivo, o que me deixa na defensiva.

— Cala a boca? — Retruco com indignação — e daí que ele é um cavalo? Eu não fico falando por aí que você é uma vampira! E por acaso ser cavalo é algo ruim? Sua... Sua... cavalofóbica!

— Você não pode comparar pessoas que realmente sofrem preconceito com isso, Mercury! — Diz.

— Bom, sinto muito pessoas que sofrem preconceito — digo mesmo sabendo que não tem ninguém aqui além de nós duas — mas você está sendo bem intolerante com o Fredinho.

— Quer saber? Pode ir. Vai logo — se joga no sofá, deslocando ele de lugar. Ela abafa um grito entre as mãos e isso é o suficiente para eu sair de fininho.

Bem que me avisaram para tomar cuidado com ela, já que nos primeiros meses — as vezes até anos — como vampiro, tudo é intensificado. Os desejos, os sentidos, as emoções...

Vou até Freedom, que levanta ao me ver.

— Vamos até La Push, amigão — conto — tenho o maior drama para resolver.

Durante o caminho converso com Fred sobre tudo que estava acontecendo. Ele me aconselha a ficar perto dele, assim se algo acontecesse, ele poderia dar uma surra nos lobos comigo. Melhor cavalo do mundo!

Quando chego na escola, não tem ninguém. Deixo Freedom caminhar um pouco e tento me distrair sozinha.

— Eu gosto de garotas, gosto de caras
l— cantarolo baixinho, sem realmente prestar atenção na letra. Ouvi essa música no rádio esses dias e o refrão não saiu da minha cabeça. É engraçado que eu não lembre as fórmulas de química mas me lembre disso. A letra é extremamente vulgar e Saturn lavaria minha boca com sabão se me ouvisse cantando.

— Bom saber — Embry me assusta, dizendo atrás de mim. Me viro em um pulo.

— De onde você surgiu? Droga — coloco a mão no meu coração disparado. Sinto minhas bochechas esquentarem ao perceber o conteúdo chulo que cantei.

— Você é distraída demais, por isso não me percebeu chegando — comenta.

— Não, é você que não faz barulho. Parece até Saturn — retruco — é chato.

— Não me compare a ela — faz uma expressão de nojo — é ofensivo.

— Ofensivo? — Reprimo uma risada.

— É, ela é uma sanguessuga, eu sou um lobisomem — diz o óbvio.

— Rivalidade entre monstros, maneiro — comento. Pensei que só acontecesse na TV e nos livros.