Capítulo 7

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                                                                                           Julia  

Como vou responder a essa pergunta? Olho para  Carlos que parece sem saber o que dizer.

 - Bem essa é Julia uma amiga, ela...

 - Ela não tem roupas maninho? - a mulher morena com o bebê no colo caí na gargalhada.

 - Cecília isso não são modos minha filha, deixe seu irmão com a amiga dele quieto. Vem amor vamos embora. Só viemos por causa dessa chuva, sabe como ficamos preocupados. - Do mesmo jeito que entraram saíram e não consegui dizer uma palavra. Porem estava claro que eles intenderam errado.

 - Bem me desculpe por isso Julia, minhas irmãs são meio que protetoras as vezes.Mariana  e papai então, mas não vamos nos prender a isso. Agora que já estamos secos como posso te ajudar? -  concordo com ele, e entendo a preocupação da sua família com ele. 

 - Bem na verdade não sei o que fazer Carlos, peguei um ônibus em flores, apenas com a roupa do corpo e agora fui roubada, realmente não sei o que fazer. - não consigo segurar as lágrimas.

 - Ei calma, se quiser posso te dar o dinheiro para voltar a sua cidade. Não precisa chorar.

-Esse é o problema, não decidi se quero voltar, minha cabeça está confusa e com medo do que pode acontecer.- Carlos não responde, apenas me observa calado, talvez esteja  decidindo se me ponhe para fora daqui.Senhor como isso aconteceu comigo? Estou na casa de um estranho, com as roupas dele.

 - Olha vamos fazer assim, você dorme aqui hoje e amanhã decide o que vai fazer tudo bem? 

 - Tem certeza que não vou te incomodar? 

- De jeito nenhum. Vou pedir uma pizza você gosta de que sabor? 

 - Eu é pode ser qualquer uma. 

- Não existe esse sabor, vamos lá diga qual você quer.

-Bem pode ser quatro queijo então, mas para mim o que você pedi eu aceito.

 - Então vai ser quatro queijos e portuguesa. - apenas aceno sem ter o que responder, nem me lembro a última vez que comi pizza. Tiago não gostava de comprar essas coisas, ele sempre dizia que não ia jogar dinheiro fora se eu podia cozinhar. Ele faz nossos pedidos e assim que termina se vira para mim. Seu olhar é tão intenso e firme, é como se ele pudesse ver minha alma.

- Senta aí, eles falam que entregam com quinze minutos, mais nunca chega na hora. Você quer conversar? - sento no sofá e encaro Carlos, ele é tão simples e humilde. Quem teria coragem de trazer uma desconhecida para sua casa, e trata-la como visita? Preciso ser honesta com ele sobre o que aconteceu afinal ele me ofereceu um teto e dinheiro.

 - Como já disse sair sem pensar em nada, a dor que senti foi tanta que só queria fugir para longe de tudo. Não imaginei que seria assaltada, na verdade nem conferi se tinha dinheiro na bolsa, ou para onde o ônibus estava indo. 

 - Deve ter acontecido ago muito grave, ninguém faz  isso sem motivo.

- Sim , quero dizer descobri que seu marido tem outra  e ela está gravida foi como se o mundo abrisse sob meus pés e a queda não tivesse fim- as lembranças do que eles estavam fazendo me invadem a cena da prefeitura, os três ali. Não consigo segurar as lágrimas, meu peito aperta e acho que vou morrer. Minha respiração fica presa.

 - Ei calma, vai ficar tudo bem. Olha para mim, por favor olha, isso agora respira. bem fundo.- ele segura minha mão, e não consigo desviar dos seus olhos, seu olhar é firme e forte, respiro como ele disse e devagar vou me acalmando. 

 - Me desculpa está te dando todo esse trabalho.E obrigada por me acolher, eu ...- não termino de falar pois ele levanta meu queixo e voltar a me olhar de uma forma tão intensa que me perco nas palavras.

- Não me agradeça, estou aqui para ajudar. E se você não quiser ir embora amanhã pode ficar aqui. - fico sem palavras com sua proposta, o que eu ficaria fazendo ali? As pessoas poderiam começar a falar, bem o que eu estou pensando, ele é um deficiente físico, e essas pessoas não podem ou pelo menos acho que não podem ter ... aí meu Deus o que estou pensando, é claro que ninguém iria pensar algo ruim, poderia ajuda-lo na casa talvez? 

- Eu estou muito perdida e não sei o que fazer, essa é a verdade, e se não for um incômodo para você eu gostaria de ficar até decidi que rumo tomar. Porem não quero ser um peso, posso te ajudar em algo aqui na sua casa.

 - Não se preocupe com isso. - antes que possa responder a  pizza chega, fico observando como ele rapidamente busca os copos e coloca o refrigerante para gente, abre a caixa e pega um grande pedaço assim com as mãos. Não consigo deixar de comparar as situações. Tiago nunca iria fazer algo assim. 

 - Vai ficar só olhando? Vamos comer, gosto de pizza quente. - pego um pedaço bem sem graça e como. Parece que cheguei ao céu.

 - Nossa isso é maravilhoso.

- Realmente é uma das melhores do Rio. Prova a de chocolate e me diz se não é a melhor que você já comeu. - ele não precisava mandar duas vezes, estava parecendo uma criança louca para comer um doce. Retiro o que e disse antes, agora sim cheguei ao céu.

 - Nossa isso é  além de perfeito. Não sei dizer se é a melhor pois nunca comi uma dessas,porem ela é perfeita. 

 - Você está me dizendo que nunca comeu uma pizza de chocolate? - ele parecia tão surpreso que fiquei realmente sem graça.

- É..... quero dizer... sim  nunca comi , sempre quis experimentar. - Carlos me olha tão intensamente que levanto do sofá para fugir de seu olhar. - Se você não se importa preciso dormi. 

 - Claro, imagino como deve está  cansada. - o quarto não é adaptado como os outros cômodos da casa, há uma cama enorme e muito macia, e um banheiro. Deito  sobre os lençóis macios querendo relaxar porem as malditas imagens voltam a minha mente. Não consigo segurar o choro , na verdade nunca consegui, e não vou lutar por isso, é   melhor deixar as lágrimas lavarem minha alma e meu coração. 


Quando vi  vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora