Era mais uma madrugada dessas tempestuosas. Noite estranha era aquela.
Ele não sentia o cheiro da chuva. Perto da janela o vento invadia e se acomodava lentamente aos arrepios da estranheza. Quando foi que se deu por conta? Estava lá, parado ao lado da cama observando o humano, que calmamente dormia, sentia um impulso crescendo, quererendo vorazmente devorá-lo.
Muito além de um simples olhar... a sedução de um olhar observador cheio de significados que diz tudo sem pronunciar nenhuma palavra.
A carícia de enigmáticos olhos, num toque físico, como se, pessoalmente, explorasse cada detalhe íntimo do corpo. Estático, no entanto, um toque sentido o coração acelerado, chama ardente, desejo latente.
Um olhar perspicaz que nota qualquer movimento, que provoca sensações dominado por olhos semicerrados brilhando num tom avermelhado e com a sombra de um sorriso no canto da boca.
Muito além, que apenas ver... na retina dos olhos é possível pintar um quadro e enxergar claramente como se estivesse olhando para o futuro e vendo o amor escrito no brilho intenso de um olhar.
— O quê você fez comigo?
O Demônio sussurrou pra si mesmo
Medo de dizer sim e depois ouviu um não. Amar? Ele não sabe o que é isso. Ele só precisa de um tempo pra me acostumar.
Sempre esteve sozinho. Sempre concedeu desejos egoístas. Nunca sentiu nada. Nunca desejou tanto ficar ao lado de um contratante
— Bocchan...
Sebastian sussurrou novamente, mas dessa se aproximando dele na cama e ajeitando seus cobertores para que não sentisse frio
Tantos sentimentos... Tudo de uma vez... como um furacão sem controle
Sorriu novamente vendo o quanto estava sendo bobo
Depois da meia noite os monstros saem de seus esconderijios, pesadelos se formam, sonhos acontecem, o amor se revela e o Demônio observa sua frágil presa .... velando seu sono, o protegendo como o mais precioso tesouro até o fim.
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