Enquanto tomava meu café da manhã, lembrava-me da mulher alta de ontem à noite, pelo menos agora sei como entrei naquela faculdade.
Meu padrasto também estava em casa, escutava seus passos apressados embolando-se para se aprontar.
Hoje, a Delilah e eu iremos visitar a mamãe no seu sono da eternidade. Estava resolvida a sair mais cedo e comprar bonitas margaridas para ela, sempre foi sua favorita. Será que ainda gosta?
Despertei dos pensamentos rapidamente ao escutar a campainha soar. Poderiam ser amigos do Owen e realmente esperava que fossem, mas escutei a sua inesquecível voz ecoar atrás da porta. Então, me apressei ao máximo para atendê-lá.
Ao abrir, atento-me logo para as pantufas roxas, e aquele sorriso estúpido que nunca sai do seu rosto. Fiquei petrificada, ao lembrar que meu padrasto estava no andar de cima, e rezei mentalmente para ele não ter escutado a campainha.- Eu realmente preciso daquela tigela agora.
- Agora não é um bom momento para falar sobre a sua tigela.
- Começando a achar que você não quer me devolver.
- Tá brincando? Minha mãe tem 3 dessas mesmas por aqui.
- Minha tigela é especial.
- De qualquer forma, agora é um péssimo momento.
- Por quê?
- Por que você é tão curioso?
- Tem de ter um motivo pra você me chamar assim, não acha?Ignorei o Dariel por alguns segundos, enquanto pensava no que poderia acontecer caso meu padrasto o visse. Continuei a ignorá-lo, andando apressadamente para a cozinha em busca da minha mochila, e sua tigela. Ao retornar, o empurrei mais para o lado de fora, saindo com ele e fechando a portar atrás de mim. Entreguei sua tigela boba, e ele agradeceu sorrindo.
Olhei a janela logo acima, onde ficava o quarto do Owen, me certificando de que ele não estava observando.- Ainda me deve um suco, você lembra, não é?
- Lembro sim. Amanhã?
- Marcado. Então.. quem você está esperando?
- Amiga da minha mãe, quase uma tia para mim.Meu vizinho curioso como sempre sendo ruim em despedidas, então, apenas o vi entrando e sorrindo para mim.
Ao virar, avistei o carro da Delilah vindo rápido até a calçada na qual eu estava. Após adentrar o veículo, ela perguntou-me como as coisas estavam, tentei ser positiva em relação a isso.
Delilah parecia cansada, provavelmente com todos os trabalhos da cafeteria agora que estava sozinha.
Perguntei curiosa, se ela conhecia algum lugar para comprar flores. Respondeu-me que sim, onde sempre comprava arranjos para colocar nas mesas do café. Já sabendo para o que eram, sorriu olhando-me de relance pelo retrovisor.Após rápidos 15 minutos no carro, chegamos em uma espécie de floricultura pequena, a qual entrei logo, procurando por margaridas branquinhas que parecessem felizes.
Procurei minuciosamente por um arranjo perfeito, e finalmente o encontrei. Tão reluzente que via a mamãe nele, e me lembrei da nossa última noite de Natal no ano passado, na qual passei com ela, bonecos de gengibre decorados, e margaridas na mesa.Encarei a Delilah por algum tempo. Ela parecia estar em busca de arranjos também, mas de outro tipo de flor. A vi pegando uma única rosa vermelha, e um arranjo de girassóis, que eram minhas flores favoritas com toda certeza.
[...]
Mais alguns minutos e já estávamos no cemitério, caminhando entre os jardins, em busca da cama da mamãe. Depois de encontrá-la, ajoelhei silenciosamente, apenas deixando as margaridas ali. Levantando e limpando os joelhos logo em seguida, enquanto via a Delilah depositar a rosa vermelha ao lado das margaridas, as quais deu um contraste de cor ao local, deixando o túmulo da mamãe Grace, o mais bonito naquele lugar triste.
O observamos por longos minutos dolorosos, até voltarmos ao carro, que tinha o destino traçado para a casa da Delilah. Ela pediu-me para ficar com o Presidente Luke, o seu gato preto, enquanto estava de viagem visitando a família. Também pediu para eu abrir o café na véspera e dia do Natal, pois eram os dias de mais vendas. Ela iria preparar todos os doces um pouco antes de viajar, e então, eu só precisaria tomar conta do lugar e também seria paga por isso. Concordei ansiosa, já estava pensando em trabalhar em algum lugar, e esse seria perfeito, afinal, já o conheço como a palma da mão.
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O último vislumbre de esperança
Mystery / ThrillerUma garota que tem seu último vislumbre de esperança, ao fazer amizade com o novo vizinho.