Um homem sem rosto

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Acordei no chão de um salão de festas vazio, era noite, não havia uma alma sequer por lá. Porém, estava todo arrumado e limpo, preparado para um baile, mas não havia ninguém, apenas eu. Levanto-me rapidamente, e logo observo o local desconhecido e grande. Ele era imenso, colorido, iluminado e eu estava confusa, mas me sentia tranquila, apesar de estar perdida. Começo a me perguntar como tinha ido parar ali. Olho para baixo, e percebo que estou num lindo vestido esverdeado que tinha um tecido confortável.
Vejo um homem entrar pela única porta que havia ali, além das janelas grandes. Ao se aproximar de mim, percebo que ele está com uma espécie de máscara, ou algo assim, pois é como se o rapaz não tivesse um rosto.

Quando estamos mais próximos, algo me empurra para dançar com ele, como se eu não estivesse mais no controle do meu próprio corpo, e assim faço. Ele segura na minha cintura, me apoio em seu ombro e começamos uma bela valsa.

Em meio a vários passos confusos, minha mente está em paz. Aquilo tudo me fez completa, e então eu sinto uma harmoniosa felicidade, como se tudo estivesse programado para ser uma perfeita dança.

Dançamos naquele lindo salão o qual nunca me esquecerei, foi tão mágico, trouxe o melhor de mim que poderia ter. Minha preocupação sobre aquele lugar e aquela pessoa se foi, como se minha mente estivesse em estado de anestesia e não pudesse sentir nada mais que felicidade constante.

Estava tudo indo muito bem, mas a nossa dança foi interrompida, e vi o homem se afastar com passos curtos. Ele parou na minha frente, me encarando, como se estivesse esperando algo ruim acontecer. Comecei a sentir uma dor estranha no meu corpo, tudo o que me deixava feliz tinha desaparecido, eu só me sentia triste e perdida, tudo virou o contrário do que estava antes. Caí no chão, parece que os meus músculos estão se quebrando em vários pedaços dentro do meu corpo e consigo sentir tudo, aquele homem continuava lá, parado, me observando enquanto sofro. Por que ele não me ajuda? A dor é horrível, e não para nunca. Eu não aguentava mais estar ali.
De alguma forma, me arrasto até a porta enorme do salão que estava aberta, percebo que o salão de festas era muito maior do que eu imaginava e ficava no topo de um enorme penhasco. Cheguei a beirada ainda rastejando e sem conseguir suportar a dor, eu me jogo de lá.

Enquanto estou caindo, vejo o céu iluminado de estrelas, sinto meu cabelo flutuando, minha memória indo embora aos poucos, consigo ouvir uma música calma e relaxante vindo de longe e sinto paz. Finalmente estou chegando no chão, meus olhos se fecham e...

Eu acordo assustada de novo, depois de mais um sonho bizarro dirigido pela minha própria mente traidora, que mais uma vez, decide me acordar no meio da madrugada quando é o dia em que mais preciso dormir, ou seja, todos. Definitivamente, odeio o meu cérebro criativo.

O último vislumbre de esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora