Sem Saída

Capítulo 17

     Já era de manhã, e a luz solar penetrava no quarto através das grandes cortinas de cetim alaranjado. Camilla acordou assusada, sentindo algo tocar seu corpo; Ela fez uma menção com os braços por puro reflexo e talvez até um pouco de medo. Mas ela se tranquilizou quando viu o sorriso n rosto de Melissa, que aparentava seus aparelhos coloridos muito bem enfileirados.

     -Bom dia flor do dia -Falou abrindo as cortinas- "O Sol já nasceu lá na fazendinha" -Ela ia começar a cantar mas Pérola foi mais rápida e jogou um travesseiro nela, fazendo ela rir.

     -Que horas são? -Perguntou Sarah despertando com um bocejo longo.

     -7:35 -Mel falou se sentando na cama junto com Camilla.

     -7:35 ?! Por que diabos você está acordada essa hora ? -Nattasha e Monna perguntaram juntas, uma completando a fala da outra, era nítido que todas tiveram uma péssima noite de sono e não estava em seus planos acordar as sete da manhã.

     -Porque a gente tem que ir atrás dos "irmãos Brisolas" ? -Ela perguntou com uma expressão óbvia em seu rosto.

     -Desde quando ela começou a fazer piadas com nomes ? Desde quando ela ficou tão animada ? -Brenda perguntou para Pérola,o que devia ser um sussurro, mas Brenda era péssima nisso, então todas ouviram, inclusive Melissa, que apenas revirou os lhos em resposta.

     -E como você sabe onde eles estão, senhorita gps ? -Monna falou, entrando na brincadeira.

     -Acredito que no galpão, a gente tem que levar comida e medicamento pro Ramon. Bem, pelo menos o que a gente ainda tem. -Ela falou, jogando alguns casacos que estavam no chão, em Monna.

     -Eu vejo vocês lá em baixo, não demorem. -Ela disse por fim, abrindo a porta que dava para o corredor e dando uma última olhada para as meninas, que estavam com pijamas nem um pouco combinados entre si, o que fez Melissa olhar para sua própria roupa por impulso, mas ela já havia se vestido e estava usando um short jeans, com um croped nada chamativo branco, um tênis [que foi o único calçado que ela lembrou de pegar quando elas fugiram) e uma cruz amarrada no pescoço, que ela não tirava nem para tomar banho, sabe-se lá porquê.

     [...]

     O relógio marcava 9:20, mas seus corpos marcavam qualquer horário noturno, já que elas estavam fazendo um esforço sobrehumano para caminhar até o galpão. Elas decidiram ir andando pois chamava menos atenção, ou isso é o que elas pensavam, já que sete adolescentes andando por uma estrada de terra pouco movimentada não era nada convencional. Elas logo chegaram, o caminho foi bem silencioso, tirando as partes em que Sarah, Pérola e Brenda começavam a cantar músicas aleatórias por pura provocação.

     O portão logo se abriu, revelando o mesmo galpão do dia anterior, um galpão vazio e silencioso, um galpão que mudou, de fato, a vida delas...um galpão que elas gostariam e prefeririam nunca ter adentrado...se elas tivessem essa opção... Elas ficaram alguns sengundos em silêncio, apenas observando em volta para ver se Jenifer iria aparecer completamente do nada.

     -Então senhorita, onde estão os nossos "queridos amigos"; -Sarah falou em tom sarcástico, expressando seu descontentamento em estar naquele lugar. 

     -Ta bom isso aqui para você ? -Melissa falou, colocando o celular bem em frente ao rosto delas, aparentemente não era só Sarah que estava com raiva. Sarah afastou cuidadosamente o celular de seu rosto e leu o que o visor do celular mostrava : "nos escontra no galpão" -Jenifer "que horas ?" -Melissa "esteja lá antes das onze" -Jenifer. Assim como isso gerou dúvidas em Mel, também gerou nas meninas. O que tinha as onze ? Por que não depois !? Eram pensamentos que ferviam em suas mentes, mas decidiram não perguntar, pois sabia que assim como elas, Mel não tinha as respostas.

     Elas aguardaram um certo tempo, até que Jenifer apareceu com Ramon, ambos caminhando,  que, não posso negar, chocou bastante as garotas.

     -Quem é vivo sempre aparece, não é o que dizem ? -Sarah falou, brincando com as sombrancelhas, e indo logo em seguida ajudar Ramon, que estava com a mão reposada sobre o local do ponto, o que expressava um gesto de dor; Elas não esperavam menos, já que no primeiro dia "pós cirurgia" ele ja resolveu sair andando por aí.

     -Desculpa, tivemos um imprevisto no caminho. -Jenifer falou, retirando uma mochila que estava sobre seus ombros.

     -E com imprevisto ela quer dizer Samantha. -"E ele já esta falando !? Será que ele sabe o significado da palavra repouso?" Era o pensamento que pairava sobre a mente das meninas. Jenifer lançou sobre ele um olhar de reprovação, que ele apenas ignorou. Ele se sentou em um banco qualquer e aceitou o chip [comida) que Brenda lhe ofereceu.

     -E então...o que Samantha fez dessa vez ? -Pérola subiu o olhar para encara-los assim que terminou sua fala.

     -Nada demais, o de sempre, nos ameaçar, falar para vocês pararem de bancar as detetives superpoderosas e dizer que vai acabar com a vida inútil de vocês...é, nada demais. -Na hora as meninas coraram com a fala de Ramon, uma coisa é ser espionada outra coisa é ser ameaçada e apelidada pela "Samantha louca".

     -Isso tem que parar. -Brenda falou com firmeza, encarando e fitando o olhar de Ramon, que desviou depois de alguns segundos.

     -Vocês não entendem né ? -Jenifer soltou uma risada nasal -Não tem como parar aquela que deu origem a isso tudo.

     -Isso é o qur veremos. -Falou Nattasha expresando um sorriso sarcástico em seu rosto.