A Viagem de Art e Nena

aquele em que a polícia é chamada

Assim que sua irmã saiu de casa, Athena tratou logo de ligar avisando sua nova chefe de que sua irmã iria sim com ela na viagem. O entusiasmo de Ariane ao saber que Ártemis havia topado viajar também era incrível!
Nena nunca tinha imaginado nada nessa proporção, esperava profundamente que não fosse um sonho.

Assim que terminou a ligação, a morena tentou dar um jeito na bagunça da casa de Ártemis, ela não conseguia imaginar uma pessoa tão desastrada como sua irmãzinha. Suas roupas estavam todas jogadas pelo chão de uma maneira que Athena sabia que se tentasse achar alguma coisa ali, se perderia no profundo buraco de minhoca que era o quarto de Art, mas ao mesmo tempo sabia que sua irmã sem nem mesmo fazer esforço conseguiria achar até mesmo uma agulha se fosse preciso.

Quando o relógio marcou meio dia, ela já estava com tudo organizado e limpo. Já faziam horas que sua irmã saíra e Athena já estava cansada de esperar.
Se jogando no chão e ficando estirada, a morena decidiu esperar por sua irmã atrasada para a vida ali mesmo no chão da sala.
Assim que começou a pegar no sono a porta da frente se abriu bruscamente

- VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE ME ACONTECEU NENA!!!- com um pulo a morena levantou do chão e foi ajudar a irmã que estava com sacolas e mais sacolas de roupas- Aquela salafrária de quinta categoria roubou meus desenhos! Você acredita nisso!?

- Menina do céu! O que é tudo isso? Você pede demissão e compra meio mundo?- olhando as sacolas cheias de tecidos e mais tecidos embolados ela então continua- ficou louca Ártemis? E que história é essa de roubar seus desenhos? O que você fez?

Jogando o resto das sacolas no chão e tentando organizar seu cabelo que mais parecia um ninho naquele momento, Ártemis chama a irmã com o olhar para que fossem até a cozinha pegar uma taça de vinho.

- Eu fui parar na delegacia, mas agora tá tudo bem. Juro pra você que minha ideia inicial era só falar meus motivos para minha demissão e sair de lá, mas ela roubou meus desenhos na cara de pau Nena- as duas então tomam um longo gole de vinho- quando eu cheguei lá, ela estava com meus desenhos, eu fiz a fina e deixei tudo claro. Mas assim que eu saí e fui pra confecção na saída eu vi que elas já estavam confeccionando todas as peças já!

Igual a uma criança Athena abana as mãos e se  apoia no balcão

- Mas e aí? Você fez o que? Bateu nela?

Ártemis só se limita em dar uma risada imaginando a cena, e na cabeça dela nada seria tão maravilhoso, mas infelizmente não tinha sido isso que tinha acontecido.

Ao sair da sala de Lea e encontrar as costureiras fazendo seus modelos, Art simplesmente surtou. Não era o certo, mas ela não podia deixar seus modelos serem produzidos sem sua permissão, muito menos se não fossem com seu nome.
Pegar as roupas parecia o certo a se fazer naquele momento, então sem pensar duas vezes, correu de encontro com as máquinas de costura e pegou tudo o que via na frente.
Obviamente Lea contactou a polícia.
Assim que chegaram Art tratou logo de explicar o que estava acontecendo, e como sua ex-chefe havia roubado seus desenhos autorais os policiais não viram outra solução a não ser levar as duas para a delegacia.
Como duas pessoas adultas, ambas concordaram posteriormente em não abrir queixa uma contra a outra e então Lea foi proibida de produzir o que ela antes intitulava ser seu. Em vista de que não era assim que as coisas realmente aconteciam.

- Não foi tudo as mil maravilhas Nena, nós demoramos uma hora para parar de discutir e o policial teve que ameaçar nos prender por perturbação da ordem com a desculpa de estarmos fazendo escândalo.

Athena escutava tudo com um sorriso brincalhão no rosto, sua irmã só podia ser descendente de Italianos mesmo, o barraco que ela havia armado era de outro mundo.
Já era de se esperar que um dia ou outro a loira fosse parar na delegacia, mas não imaginava que seria nesses termos.

- Mas então no final você ficou até com os tecidos? Se ela já não ia confeccionar nada, não tinha motivo para você trazer isso para cá tinha?

- Mas é claro que tinha Athena! Você acha mesmo que eu não iria tomar medidas preventivas? Essa mulher é louca, não se pode confiar em ninguém no mundo da moda. Ainda não acredito que ela tenha tentado pegar minhas coisas- o bom de ter ido para a delegacia foi que o policial bonitão que estava lá se ofereceu para trazê-la até seu apartamento, pena ele estar em serviço, ela não se incomodaria em nada se ele subisse eu prendesse ela por má conduta- pelo menos consegui o número de um cara gatinho, fazem meses que eu não saio com ninguém, mas infelizmente ele teve que ir.

Não conseguindo se conter Athena da um leve tapa na cabeça de sua irmã

- Por Deus Art, você não sossega nem mesmo quando está pra ser presa. Tenho certeza que puxou isso da mamãe- se debruçando sobre o balcão ela então solta um sorriso maroto- ele era policial? Esses caras que usam farda sempre te atraíram. Lembra daquele bombeiro da nossa cidade? Qual era o nome mesmo? Antônio... Antunes? Armando?

- Você para! O nome dele era André, mamãe e papai me pegaram ficando com ele na festa da rua, atrás do caminhão de bombeiros- escondendo o rosto nas mãos ela continua- foi a maior vergonha da minha vida! E olha que eu já passei mico até a próxima vida.

Ártemis sempre foi a mais namoradeira das irmãs, colecionava corações partidos, mas o dela nunca nem ao menos se apaixonou. A garota não entendia como o amor funcionava, o único que havia experimentado até agora era o amor de sua família.
Muitos a chamavam de coração de pedra, mas a realidade era que ela queria muito se apaixonar, quebrar a cara e começar tudo de novo até achar sua alma gêmea, mas tudo o que conseguiu até agora eram coleções de homens que a odiavam.

- Eu sei o que está pensando, e não é nada disso Art, você só não achou alguém que valesse a pena- Athena então passa a mão por toda a extensão de cabelos loiros de sua irmã- não se cobre tanto.

Pronta pra se recompor a loira então sorri e se levanta do banco que antes estava sentada.

-Fica de boa Nena, agora meus amores vão ser internacionais! Bora arrumar minha mala que eu to pronta pra meter o pé na estrada.
Nessa viagem eu quero comer, rezar e beber.

- O certo não seria comer, rezar e amar?

- Sim pequeno gafanhoto, mas a partir de hoje, vamos mudar essa concepção.

As duas então trataram logo de ir se preparar, pois uma longa jornada vinha pela frente.