Logo o resto de madrugada passou e o dia começou como qualquer outro. Menos para Aziraphale. Aquela noite foi particularmente perturbadora para o Anjo. Após Raphael ter saído em disparada, Azi não conseguiu segui-lo. Seu coração dizia uma coisa, mas suas pernas não respondiam. Ele ficou petrificado enquanto a imagem do Arcanjo ficava cada vez menor até sumir no horizonte.
Aziraphale se pôs a chorar por alguns minutos ali mesmo, sem forças para tomar algum rumo. Mesmo assim dentro de si não se arrependia. Jamais nem em seus sonhos mais ousados pensava que conseguiria beijar o Arcanjo na vida real... E conseguira. Mesmo que talvez isso custasse bem caro.
Não conseguia entender por que ele tinha fugido... Talvez tivesse seus motivos e precisasse de um momento sozinho, isso era totalmente compreensível e Aziraphale silenciosamente o permitiu tê-lo.
Após recompor-se, rumou vagarosamente de volta a sua casa, recusando-se a segui-lo e perturbá-lo ainda mais, podendo tornar a situação ainda mais difícil de ser resolvida. Talvez algumas horas de sono pudessem ajudá-lo.
Ao deitar-se em sua cama pode se dar conta que não sentia culpa do que fizera, apenas um medo intenso... Medo que aquilo pudesse ter alguma punição. Principalmente para Raphael, jamais se perdoaria por isso. Talvez devesse pedir desculpas... Mas tinha medo que o outro estivesse com muita raiva de si. Talvez até nem quisesse mais trabalhar consigo. Isso apertou seu coração fazendo mais lágrimas banharem sua face. Pensava demais.
Após alguns momentos rendeu-se à exaustão se permitindo descansar um pouco depois da noite cheia. Apenas para ter seu Arcanjo invadindo seus sonhos... Talvez desde o começo tivesse entendido errado e Raphael não gostava de si com o mesmo sentimento que detinha por ele... Poderia tudo ter sido um erro. Sim, tinha de pedir perdão pelo que fez, mas agora já era tarde... Talvez depois quando Raphael estivesse mais calmo.
O que não conseguia entender era por que Raphael fugiu... Para ele foi algo tão esperado, até mesmo previsível. Iria acontecer e pronto. Foi devido ao seu toque mais íntimo? Simplesmente foi deixando se levar pelos seus instintos.... Pareceu algo a se fazer quando se realmente tem um sentimento forte por alguém... Ele podia não estar pronto também.
Eram muitas perguntas sem resposta, e que agora não poderia falar com o Arcanjo, iria apenas aguardar pelo melhor e se preparar pro pior. Esperava apenas que Raphael quisesse ser seu amigo depois de tudo isso, amizade era melhor do que apenas a dor da saudade.
Raphael dormiu por quase o dia todo e acordou pouco antes do sol se pôr. Seu primeiro pensamento caiu sobre si, pesado como uma bigorna, e apertou seu peito com a mesma intensidade, fazendo-o desanimar de qualquer coisa a ser feita naquele dia, o que não era normal na vida que o Arcanjo levara até então.
Não sabia como se chamava aquele sentimento, mas atribuiu apenas ao fato de achar ter perdido Aziraphale. Suspirou e se aprontou.
Não sabendo o que fazer acerca do desentendimento com o 'colega de trabalho', chamou outro Anjo que participava da construção de Estrelas e mandou-o avisar Aziraphale que estivesse no Céu na hora de sempre, sem clarificar se estavam ou não se falando.
Aziraphale não teve a mesma sorte do Arcanjo. Não deu conta de dormir muito, então continuou trabalhando em seus desenhos, descrições, aperfeiçoando-os, treinando para tentar pedir seu "emprego" de volta caso Raphael o quisesse mandar embora.
A hora do trabalho estava chegando e o Anjo já estava ficando atordoado. Não sabia se deveria ir, ficar... Até que um Anjo já conhecido por si veio com a mensagem que deveria ir trabalhar. Foi um alívio para ele, achava que ele iria dizer que foi mandado embora ou pra não aparecer mais.
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Quando Éramos Anjos | Good Omens fanfic
FanfictionEssa história começa antes da história. Antes do tempo contar como tempo. Antes de Crowley e qualquer outro demônio existirem. Antes de Aziraphale conhecer Crowley, no início daqueles 6000 anos, que eles consideravam realmente, o princípio de tudo...