Capítulo I

353 26 5
                                    

Essa história começa antes da história.

Antes do tempo contar como tempo.

Antes de Crowleye qualquer outro demônio existirem.

Antes de Aziraphale conhecer Crowley, no início daqueles 6000 anos, que eles consideravam realmente, o princípio de tudo.

Mas não antes de Aziraphale e Crowley existirem, ao menos de uma maneira diferente e imemorial para eles próprios.

Antes da Queda.

Aziraphale foi condecorado como principado nessa época. Antes mesmo do Jardim do éden existir e a ideia da terra ter tido começo. Cada Anjo tinha sua designação, Crowley, agora ainda Raphael, o Anjo, tinha a da criação de estrelas, enquanto Aziraphale recebia sua espada flamejante do criador.

Aziraphale apenas via o Anjo de longe, quem não o conhecia com seus longos cabelos vermelhos cacheados que sempre se destacavam e as pontas dos dedos que pareciam brilhar quando estava em seu ofício de criar estrelas? Ele não tinha coragem de se aproximar nem falar com ele, tímido como era, mas a admiração já era enorme mesmo mantendo certa distância.

Como já sugerido antes, voltando um pouco no cerne de toda a história, a Criação era perfeita, irretocável. Não havia nela pontas soltas, ou melhor dizendo, não havia ponto sem nó. A beleza de tudo que existia era inegável e o amor Dela parecia inspirar cada uma de suas criações igualmente, nenhuma delas duvidando do quanto era sublime cada detalhe, cada definição.

Ali não existiam seres sem um objetivo. Tudo era belamente hierárquico, construído com o objetivo de funcionar sempre a contento da vontade Dela. Anjos, de todas as categorias, desde as mais simples, até os mais próximos do divino, eram supostamente seres perfeitos, incapazes de cometer erros ou ter atitudes que fugissem da bondade e do amor.

Anjos aprendiam uns com os outros e com os mais sábios, aquilo que não era possível conhecer dada sua pouca experiência ou dom divino. E não havia porque não crer que tudo o que era dito era verdade. Que o amor de Deus era incondicional, mas o respeito pelas Leis ditadas por ela era ainda mais importante. Ao menos, era o que palestrava Gabriel e outros Arcanjos, com exceção de Raphael, não porque ele fosse arredio, mas por que seu trabalho não era aquele. Estava sempre ocupado com a Criação em si e reconhecia sua grandiosidade na prática.

Ele não conhecia Aziraphale, nem de vista. Mas alguma coisa iria mudar em breve. Um encontro despretensioso, como aquele que no futuro os reuniu no Jardim do Éden, aconteceria hoje. Raphael, exausto de suas tarefas, voltava para descansar no Céu. E dessa vez falamos daquele Céu que as pessoas imaginam que podem ir depois de morrerem, só que um tanto diferente do que normalmente vem a nossa ideia sobre ele. Observador, ele sentou embaixo de uma árvore, perto de onde um grupo de Anjos se reunia para uma atividade qualquer.

Aziraphale naquela mesma tarde estava aprendendo como usar sua espada flamejante. Longe dele querer machucar outros seres mas a verdade era que tinha de saber se defender para ser um principado... Sua maior obrigação e missão era defender o que fosse designado para. Ainda não sabia o que era mas com certeza seria algo de suma importância.

Estava ligeiramente afastado do grupo de Anjos. Tímido como era, não conseguia fazer amizades tão facilmente, se dedicando quase sempre aos seus deveres e a aprender e exercitar a palavra Dela. Seus ensinamentos e amor divino eram seus maiores guias... Salvo quando sua mente vagava até o Anjo de nome Raphael, que dessa vez se encontrava mais perto do que de costume.

O Anjo parou o que estava fazendo e reparou o semblante cansado do outro. Teria trabalhado demais? Por um momento ficou preocupado, não queria que seu... O outro Anjo fizesse suas obrigações além da conta. Se aproximou dele lentamente colocando a espada de lado.

Quando Éramos Anjos | Good Omens fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora