CAPÍTULO UM

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╔╦══ ⋆ ⋆ ⋆ ✦ ⋅ ✩ ⋅ ✦ ⋆ ⋆ ⋆ ══╦╗
ʳᵘⁿⁿᶦⁿᵍ ᵗʰʳᵒᵘᵍʰ ᵗʰᵉ ᵖᵃʳᵏᶦⁿᵍ ˡᵒᵗ
ʰᵉ ᶜʰᵃˢᵉᵈ ᵐᵉ ᵃⁿᵈ ʰᵉ ʷᵒᵘˡᵈⁿ'ᵗ ˢᵗᵒᵖ
ᵗᵃᵍ, ʸᵒᵘ'ʳᵉ ᶦᵗ, ᵗᵃᵍ, ᵗᵃᵍ, ʸᵒᵘ'ʳᵉ ᶦᵗ
ᵍʳᵃᵇᵇᵉᵈ ᵐʸ ʰᵃⁿᵈ, ᵖᵘˢʰᵉᵈ ᵐᵉ ᵈᵒʷⁿ
ᵗᵒᵒᵏ ᵗʰᵉ ʷᵒʳᵈˢ ʳᶦᵍʰᵗ ᵒᵘᵗ ᵐʸ ᵐᵒᵘᵗʰ
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EU SENTIA MEU CORAÇÃO BATENDO acelerado enquanto me encolhia no canto do banheiro, o mais afastado o possível da porta. Lágrimas escorriam compulsivamente de meus olhos enquanto eu tentava ao máximo não fazer barulho. 

Eu já devia estar acostumada com isso, todas as noites a mesma coisa acontecia, entretanto eu não podia parar de lutar, não podia simplesmente abrir mão de tudo e deixar que as coisas acontecessem, eu tinha que tentar fugir, tinha que tentar ser mais forte do que ele.

A pessoa em questão era Anthony, o novo namorado de minha mãe. Bem, eu não sei se "novo" seria a palavra correta para usar. Eles estavam juntos a quase um ano, e no começo eu gostava dele. Costumávamos assistir aos jogos dos Kansas Jayhawks juntos e contar piadas um para o outro. Mas depois eu descobri que mesmo as pessoas mais legais podem se tornar ruins.

A primeira vez que isso aconteceu foi em uma noite de setembro, a dois meses atrás. Minha mãe tinha mudado de emprego e havia acabado de começar a trabalhar no turno da noite, eu não via mal nisso, Anthony era um cara legal afinal de contas, certo? 

Não. Errado. 

Foi naquela noite, aquela maldita noite em que toda a minha vida parou de fazer sentido.

Estávamos assistindo a uma maratona de De Volta Para o Futuro e eu já havia percebido que Anthony estava agindo estranho, eu costumava me importar muito com as pessoas antes do que aconteceu, então perguntei se estava tudo bem. Ele respondeu que sim, e acariciou minha coxa desnuda. A princípio eu não vi mal algum nisso, achei que fosse apenas uma forma de me confortar. Porém, no minuto seguinte ele já estava por cima de mim, fazendo tudo de ruim que se pode fazer com alguém.

Eu me senti tão suja depois do que aconteceu que tudo o que eu consegui fazer foi tomar um banho e me esfregar o máximo que podia com a esponja tentando de alguma forma tirar seu toque de minha pele. Me esfreguei tão forte que abri alguns cortes por meu corpo. Aquela também foi a primeira vez que eu me mutilei de alguma forma.

Escutei um forte barulho de alguém socando a porta do banheiro e me encolhi ainda mais, como se aquilo fosse me fazer desaparecer.

— Se você não abrir essa porta agora vai ser pior pra você sua vagabunda! — Ouvi a voz repulsiva do homem me fazendo estremecer. Quando a resposta não veio, ele voltou a berrar. — Eu vou contar até três, Scarlett. Se você não abrir a porta eu arrombo.

Fechei meus olhos com força e sem perceber já estava rezando. Eu nunca fui uma pessoa religiosa, porém naquele momento supliquei a Deus para que o fizesse sumir para sempre.

— Um... — Anthony disse, ouvi passos e deduzi que ele estava se afastando. — Dois... — Os passos cessaram e tudo ficou no mais completo silêncio. — Três!

Houve um estrondo, um segundo depois a porta estava arrombada e um Anthony furioso estava parado em minha frente com um sorriso diabólico no rosto.

— Péssima escolha essa que você fez. — Ele proferiu com sua voz mais rouca e sombria do que o normal. — Você já sabe o que fazer.

𝗖𝗥𝗔𝗭𝗬 𝗜𝗡 𝗟𝗢𝗩𝗘 ᵐᶦˡᵉˢ ᶠᵃᶦʳᶜʰᶦˡᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora