Capítulo 3

1.1K 196 60
                                    

Amora ficou em choque, sem conseguir sair do lugar depois de ver o olhar azul raivoso e ouvir a voz fria e perigosa do dono da boate. O homem era completamente assustador.

Estava a quase dois meses trabalhando no local recebendo um bom salário, e nunca passou por sua cabeça que o encontraria na boate naquele horário, mesmo porque, Remy havia garantido que o outro dono nunca aparecia por lá naquele horário.

— Amora? — Remy chamou a funcionária com cautela depois de perceber como ela havia ficado assustada com a grosseria de Kleber.

Ela apenas o encarava com os olhos arregalados sem saber o que falar.

— Eu não sabia que ele viria para a boate nesse horário, Kleber nunca tinha feito isso antes. Acredito que já estava desconfiado depois de ver os balanços mensais e descobrir a retirada de um novo montante, ele sempre foi muito esperto, e eu devia ter sido mais cuidadoso. — Remy falou encarando Amora com pesar. — Não sei o que ele vai fazer agora que viu que está trabalhando aqui... E infelizmente não posso ir contra as decisões dele, foi Kleber que investiu todo o dinheiro na boate, a minha participação é somente na organização e direção do estabelecimento, e como passei por cima de uma das exigências do dono, nem sei o que fazer.

Remy estava desesperado, tinha conhecimento do quanto Kleber podia ser perverso.

— Meu Deus... O que eu vou fazer agora?! Ainda não consegui juntar dinheiro suficiente para voltar pra casa, tive que depositar uma parte do meu salário para a minha família como havia prometido. — Levou as duas mãos a cabeça completamente desnorteada. — Eu não tenho pra onde ir...

Remy se aproximou compadecido pela situação dela, havia gostado muito da nova funcionária, ela era uma ótima pessoa, muito doce e competente, apesar de toda tristeza.

— Não fica assim, Amora, você é muito especial e sei que ainda vai ser muito feliz. Vamos dar um jeito. — O loiro limpou as lágrimas que já rolavam pelo rosto bonito, e a abraçou com carinho.

Mas não teve tempo de ficar aconchegado ao corpo pequeno da negra nem por um minuto direito, pois foi puxado com agressividade e arremessado no chão do salão da boate.

— Solta ela, seu idiota! — Kleber gritou furioso, e caminhou em direção a Remy que estava caído no chão completamente surpreso pela atitude do sócio. — Já não basta ter me enganado, agora vai ficar se esfregando nessa preta nojenta?!

— Você não pode...

— Não posso o quê? — Kleber se virou para Amora, furioso e nem a deixou responder a questão. — Cala a sua boca e venha limpar o meu quarto. Não é pra isso que você serve? Fazer faxina?

Amora ignorou todas as ofensas, e foi amparar Remy que havia batido a cabeça no ferro que sustentava uma pequena mesinha próxima ao bar.

— Você está bem? — perguntou preocupada vendo o seu anjo da guarda no chão com uma expressão de dor.

— Estou sim, pode ficar tranquila. — sussurrou somente para ela ouvir.

— Ei! Saía de perto dele agora... — Kleber não entendia o motivo, mas estava muito incomodado com a aproximação da nova funcionária com Remy. Sua vontade era de puxá-la com toda força que tinha para longe daquele traidor miserável.

— Kleber, então Amora vai poder continuar trabalhando aqui? — perguntou surpreso e esperançoso, pois aquilo era algo que nunca havia imaginado, sabia como o sócio tinha pavor a pessoas negras, parecia ser até um trauma, algo que ninguém conseguia entender.

— Vou fazer um teste, se ela for boa na limpeza do meu quarto, vai continuar sim, mesmo porque, pretos só servem pra isso mesmo! — falava encarando Amora com muita raiva. — Anda logo vadia.

APRENDENDO A TE AMAR - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora