Capítulo 4

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Kleber, desde que conheceu Amora frequentava a boate todos os dias na parte da manhã antes de ir para a empresa, e voltava na parte da tarde somente para conferir se ela estava trabalhando direito, e se havia feito tudo do jeito que fora ordenado. Tinha aumentado significativamente o salário dela, mas em troca, Amora teria que fazer todas as tarefas, sozinha nos dois turnos e em todos os dias da semana. Kleber não permitiu que ela tivesse nenhum dia de folga, e o único tempo que a funcionária podia descansar era no final da tarde, um pouco antes de a boate abrir, pois era proibida de sair no horário de funcionamento do local.

E Amora só conseguia sentir alívio com essa ordem, pois aproveitava para descansar do dia cansativo de trabalho, e também era um bom momento para matar a saudade da família.

Depois que conversou com Remy e descobriu tudo que Amora havia passado desde que chegara à Alemanha, sabia que ela necessitava muito do emprego, e que não sairia mais de lá, pois conseguia ver como ela tinha medo de sair na rua e ser encontrada pelos bandidos que a enganaram, e com o salário que ele estava oferecendo semanalmente era mais uma garantia de que Amora continuaria trabalhando para ele até quando se cansasse da presença dela.

Mas o que Kleber não entendia, era o motivo de não conseguir tirar Amora dos seus pensamentos, com pouco mais de uma semana de convivência com a funcionária. Ela tinha uma beleza única e olhar misterioso que o deixava fascinado. Mas Kleber nunca iria admitir continuar com aquela loucura de pensar em Amora a todo o momento, sempre teve aversão a pessoas negra, era um trauma que acreditava que não superaria nunca, pois tinha pleno conhecimento de como eles eram maldosos e cruéis.

Era 04h30min da manhã quando o loiro deixou o carro no estacionamento da boate e caminhou com toda elegância diretamente para o quartinho de Amora. Não tinha conseguido dormir naquela noite e resolveu ir 1 hora mais cedo para acordar sua funcionária. Já tinha virado rotina ele madrugar na boate antes de ir para a empresa, com o intuito de delegar funções e acompanhá-la no desempenho das tarefas.

— Amora! — gritou batendo na porta com toda força.

Estava ansioso para vê-la ser aberta e encontrar a mulher que estava dominando os seus pensamentos.

Amora acordou assustada com os gritos e as batidas frenéticas na porta. Estava passando mal, sentindo cólicas fortes, e por isso havia demorado muito para dormir, e ao ouvir aquelas batidas desesperadas na porta constatou que tinha se passado apenas duas horas desde que havia pegado no sono.

— Anda rápido, Amora, você tem muito serviço hoje! — gritou e pode-se ouvir mais batidas ansiosas.

— Já estou indo, senhor! — respondeu já de pé correndo para trocar de roupas e fazer a higiene rapidamente.

Kleber a ouviu gritar de volta e ficou eufórico.

Tinha a obrigado a chamá-lo de senhor, e toda aquela timidez e a voz doce dela o deixavam louco.

Amora sabia que o seu chefe sempre aparecia para acordá-la, era algo que havia virado rotina mesmo com pouco tempo de convivência, e ela de alguma forma já ficava preparada para o momento perturbador. Mas naquele dia, Kleber havia aparecido bem antes do horário de costume, era madrugada ainda e podia ver pela janela que estava tudo escuro. Lamentou-se profundamente por aquele tormento ser justamente no dia que sentia tantas dores, estava fraca e completamente sem forças para aguentar tantas ordens, desaforos e humilhações.

A sua vontade era de sumir no mundo, mas o medo que sentia de voltar para o desconhecido, para todo o perigo do mundo a impedia de tomar aquela atitude. Mas tudo que estava sofrendo nas mãos de Kleber era um verdadeiro martírio, e não sabia até quando aguentaria tanta maldade.

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