Uma nova fase

5 0 0
                                    

Paul

– Ok me desculpe, eu me esqueci de que não podia contar – me encosto na parede – Fala sério Cássia, sou seu amigo agora, por que não me conta o que aconteceu?

– Ai meu Deus Paul você não entende? – ela solta um suspiro de frustação – Estou tentando, mas ainda não descobri porque ele não se lembra de mim. Deve ter batido muito forte com a cabeça, eu não sei...

–Hum... – puxo Cássia pelo braço para se sentar no banco do corredor comigo – Você se lembra de tudo mesmo?

– Sim lembro – pausa – Depois que o socorri, apliquei o feitiço de cura nele e em você, depois liguei pra minha mãe e disse para levar vocês pra casa.

– Tá, e porque eu consigo me lembrar de Sebastian me controlando?

– Sebastian deve ter se esquecido de apagar sua mente dos acontecimentos, aliás, ele não teve tempo porque o matei.

Ela olha para o nada por algum tempo e ficamos assim, parados. Depois que eu desmaiei após Sebastian sair de meu corpo eu não me lembro muito dos ultimo acontecimentos, só consigo lembrar de uma floresta muito densa, chamas e mais chamas, e é claro a presença de Sebastian em mim.

– Cássia – consigo tirar ela de seu transe – Tem algo a mais nessa história, não sei o que é, mas vamos descobrir.

– Por favor... Não, ele está muito melhor assim – ela coloca as mãos sobre as têmporas – Olha, é melhor assim, ele não vai se lembrar de que você fez mal nenhum a ele.

– Chega, pra mim chega – dou um salto do banco e encosto perto da janela do corredor – Você sabe que não fui eu ok? Mesmo que eu odiasse o Sam antes eu nunca faria uma coisa dessas. Essas coisas... Tudo isso é muito estranho pra mim, o fato de bruxas existirem, magia e essa bagunça toda. Estou tentando organizar isto ao máximo na minha cabeça, e você não está ajudando em nada falando que eu fiz algum mal pro Sam. Foi o Sebastian.

Não estou certo disso , mas enquanto estava sobre o controle de Sebastian tudo o que ele pensava em fazer contra Sam eu sentia prazer, eu queria realmente o Sam morto, mas uma parte de mim sabia que não era certo. Talvez seja a parte que não estava controlada, uma parte de mim que nem eu mesmo sabia que existia.

– Tudo bem me desculpe Paul – ela se aproxima de mim e vejo que seus olhos estão marejados – Eu só quero o Sam de volta.

Então se aproximo mais dela e lhe dou um abraço, um abraço sincero de amigo. Pela primeira vez eu soube o que é ter amigos de verdades, a se preocupar com o próximo e querer que nada lhe aconteça, porque por mais que a pessoa seja rude, ignorante ou malvada, ela nunca se sentirá bem sem amigos. Eu era assim. E então com um sentimento que até poucos dias atrás eu não sabia que existia, aquele amor de amigo, digo para mim mesmo:

– Eu também.

Continuamos ali, abraçados. Cássia chorando baixinho e eu a consolando, enquanto a chuva de leve anunciava sua chegada com pingos na janela. Espero que traga junto novas esperanças.

***

Depois de acompanhar Cássia até a sua casa, ainda estava cedo para ir embora. Então resolvo ir a casa de Sam para conversar com ele, para que ele saiba que eu sou seu amigo e não quero ser mais aquele menino rude, que o odiava sem sentido algum.

Quando chego em frente a sua casa vejo que a bicicleta dele está encostada na varanda, com as marcas das batidas das vezes que eu o derrubava da bicicleta. Aquilo me dá um aperto no peito, como eu puder ser tão ruim com ele?

Subindo os degraus, um cachorro me encara e depois vem todo contente pra cima de mim, latindo, pulando e dando voltas . Não sei o motivo de tal alegria daquele cachorro , mas me animou e me encorajou a apertar a campainha. Depois de alguns instantes uma mulher linda de cabelos escuros, com um sorriso no rosto abre a porta.

A saga Sorcière - DesterroOnde histórias criam vida. Descubra agora