Capítulo 01

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Dois dias se passaram desde a atuação de Mister Bug e Lady Noire, contudo, os parisienses apenas se lembram da amarga cicatriz que eles deixaram: Os seres de pedra imóveis espalhados pela cidade.

Aquela manhã começava com Nadja apresentando a reprise de uma coletiva com o prefeito, realizada no dia anterior onde ele anunciava que nenhum esforço seria medido para trazer aquelas pessoas de volta ao normal, porém não havia muito a ser feito no momento além de esperar. Seu tom era uma mistura entre seriedade, confiança e tristeza.

Era claro que o prefeito não sabia o que deveria ser feito, ninguém sabia, apenas ele e Lady Noire sabiam e até mesmo eles estavam de mãos atadas. Não gostava de desejar mal a ninguém, mas passou os últimos dias deseja muito que Ivan fosse akumatizado para que eles pudessem resolver esse problema logo.

Quando saiu de seus pensamentos, Nadja falava novamente, questionando se os chamados "anjos da guarda de Paris" realmente mereciam esse título ou se apareceram apenas para enganar as pessoas. Adrien arranhou a superfície da mesa ao ouvir aquilo, trincando os dentes com raiva. Era frustrante.

— Querido, eu sei que isso tudo pode parecer uma grande loucura, além de bastante assustador — Emilie se pronunciou após segurar ambos os ombros dele, permanecendo atrás de seu corpo — Mas tudo vai ficar bem.

— Você fala com tanta certeza... — que é como se soubesse o que se tem de fazer, completou em pensamento.

— Claro que falo, temos dois super-heróis para nos proteger. Tenho certeza que Mister Bug e Lady Noire estão pensando em uma maneira de resolver tudo, certo, Gabe?

— Não pense que vou entrar nesse joguinho.

Gabriel estava sentado no sofá, de costas para a família, mal se dando o trabalho de encará-los.

— Inclusive a situação atual é um perfeito exemplo da incompetência desses dois — continuou — Francamente, o que essas pessoas tinham na cabeça quando acreditaram que duas crianças seriam capazes de proteger a cidade?

Os ombros de Adrien caíram e seu olhar se arregalou. Os lábios chegaram a separar um pouco, porém se conteve, qualquer coisa que falasse denunciaria sua identidade.

— Você não está ajudando! — falou de forma pausada, claramente irritada.

Uma discreta carranca se formou no rosto de Emilie ao que ela entortou os lábios em reprovação para o marido, o que fez seu filho rir de forma discreta. Sem perceber, apertou um pouco os ombros do filho e soltou o ar que prendia pela boca conseguindo relaxar.

— Pois eu confio neles. Deve ter acontecido algum imprevisto, a vida tem dessas coisas — sorria de maneira reconfortante.

— Tem razão mãe — sorriu de volta, lhe dando um beijo em seguida — Agora preciso correr ou vou me atrasar.

Ao finalizar a frase, saiu correndo de volta para o quarto onde colocou os brincos, pegou sua mochila e esperou Tikki se acomodar no interior da jaqueta verde que usava. Não era preciso dizer que a kwami ainda reprovava o ato dele remover os brincos sempre que saísse do quarto.

— Não deveria iludi-lo dessa forma — Gabriel soltou quando se viu sozinho com a esposa — Adrien já tem idade suficiente para entender a gravidade da situação, palavras bonitas não vão melhorar as coisas.

— Não estou o iludindo — sentou-se à mesa, apoiando os cotovelos em sua superfície — E também, se desesperar nunca ajudou em nada, é sempre bom ficar de cabeça fria, mente limpa e pensar racionalmente. Mantê-lo calmo é mais importante no momento.

[RR AU] Coração de Pedra - Origens Parte 02Onde histórias criam vida. Descubra agora