Stuck With U

Ortíz

Depois do ocorrido de ontem tentei me preocupar minimamente e focar no meu trabalho que seria muito hoje. Apesar de ser um cachorro me preocupo muito com Karl sozinho em casa, é como se fosse um filho pra mim e, muito antes de Angelinne chegar ele já estava comigo, o peguei um filhote! Seu comportamento ultimamente não me agrada, parece estranho e mais observador do que o comum.

Entrei no prédio passando pela enorme recepção cumprimentando Elijah que trabalhava como bancário no sexto andar. Não parei para conversar pois estava com pressa mas, logo teríamos assuntos a tratar já que é um ótimo profissional, indico à todos. Entrei no elevador que por milagre não encontrei com alguém desagradável que faz questão de falar comigo. Carlos se gabava com coisas do pai sendo que não tem necessidade disso, o pai dele é uma pessoa importante e não ele. Um adolescente mimado que não se contenta! Tem seu lugar de trabalho mas vive aqui pra fazer não sei o que, não tem o mínimo de capacidade.

Assim que cheguei na empresa passei pelo corredor escutando o som dos sapatos de Jimena como de costume, parecia que tinha um sensor que apitava assim que eu entrava no escritório, não julgo esse é o trabalho dela mas, não precisa ficar tão atenta assim, quando eu precisar a chamo. Abri a porta de vidro sentando em minha mesa indo diretamente ao meu notebook, olhei para a porta fazendo um sinal para Jimena entrar.

— Eu já terminei os papéis do anúncio! — Ela se aproximou trazendo em mãos e me entregando.

Jimena foi indicação de Miguel em uma reunião que fizemos na empresa, ela chegou totalmente despreparada como apenas uma convidada. Além de sua inteligência, sua beleza também encantou meu chefe o que a fez ser contratada.

— Muito bom, Jimena. Obrigada. — Analisei os papéis por cima e ela ainda estava ali. — Mais alguma coisa?
— Prefere que eu fique aqui caso precise de algo mais? Eu não tenho mais nada pra fazer por agora.

Assenti e ela se sentou ao meu lado olhando diretamente para  meu notebook enquanto sorria levemente.

— Eu vou analisar alguns currículos, isso não faz parte do seu trabalho mas se quiser me...
— Vai ser um prazer ajudar o senhor.

Ótimo!

Abri alguns currículos aleatórios, tanto feminino quanto masculino. Jimena se levantou dizendo ir pegar um café mas não demorou muito. Selecionamos grande maioria juntos e por fim terminamos àquilo ou melhor, uma boa  parte daquilo. Suspirei olhando para Jimena que Arqueou as sobrancelhas mostrando seus grandes olhos azuis. Peguei os papéis que ela me trouxe para poder analisar melhor mesmo fazendo um ótimo trabalho.

— Perfeito, Jimena.
— Obrigada, senhor só faço meu trabalho. 
— Por favor, me chame de Henry eu não sou tão velho assim, Ortíz.
— Nem um pouco. Está ótimo!

Sua mão foi para meu braço rapidamente mas logo retirou me fazendo dar um riso sem jeito.

— Deveria sorrir mais, seu sorriso é lindo.
— As vezes é difícil mas eu tento.
— Que bom que consegui provocar uma raridade, fico feliz.

Sua xícara caiu por cima de seu vestido e ouvi um leve grito de Jimena que tentava limpar a sujeira.

— Devo ter deixado na ponta, como sou desastrada. Me desculpe, Henry.
— Não se preocupe, acontece vá se limpar!
— Eu já volto, com licença. — Jimena saiu levando a xícara que caiu no seu colo.

Passei as mãos nos braços sentindo um leve arrepio. Olhei para o ar condicionado certificando que estava de acordo. Difícil achar normal depois do ocorrido de ontem. Eu acredito em espíritos bons e ruins mas de certa forma são muitas coisas e muitas religiões que me fazem não ter certeza de nada. Não faço idéia se realmente era um espírito, demônio, miragem ou sei lá só apenas coisa da minha cabeça. Bocejo passando a mão em meu rosto pela minha noite mal dormida. Estou odiando fazer qualquer coisa pra socializar com o resto do mundo que não seja obrigação. Ou seja, meu trabalho!

" Vamos embora, Angelinne  eu já estou cansado não vamos achar nada por aqui ."

" Não seja tão impaciente, meu amor eu quero comprar alguma coisa pra você e, vou ficar muito chateada se não aceitar. "
Suspirei me dando por vencido e concordei com a pequena criatura. Quando colocava uma coisa na cabeça não tem quem tire aquilo. Angelinne é muito bondosa com todos e principalmente comigo, sem querer me gabar mas, ela ganhava alguma coisa e tinha necessidade de retribuir.

" Você vai ficar lindo com essa camisa"

Ela tentava conter sua risada enquanto eu olhava a camisa cheia de flores coloridas.

" Se você comprar isso, você usa "

Meus pensamentos foram interrompidos com Jimena entrando na minha sala com a mesma roupa que estava antes.

— Bom, não tem uma roupa adequada para meu trabalho lá dentro, só roupas das pessoas da limpeza e algumas masculinas.
— Tentou limpar? Acho que com água e um pouco de sabão isso sai.
— Não! Eu já tentei, não ficou em melhores condições.

Jimena se aproximou ficando em minha frente pra mostrar a tal mancha em seu vestido, cocei minha garganta ajeitando minha gravata na tentativa de reprovar seu comportamento, seu cabelo foi colocado para trás e se afastou sorrindo amarelo.

— Me desculpe, não foi minha intenção.
— Vá para casa trocar sua roupa e depois volte, vou precisar de você.

Ela assentiu se retirando. Jimena foi fechar a porta e ouvi uma batida forte me assustando, aquilo deve ter doído muito já que a porta praticamente se fechou em seus dedos. Me levantei ouvindo suas desculpas mas ignorei, estava preocupado se havia se machucado muito.

— Droga. — Ouço sua reclamação enquanto aperta os dedos com sua outra mão.
— Meu Deus, Jimena. Hoje não é seu dia de sorte! Vem vamos dar uma olhada nisso.

Ela assentiu e saímos pelos corredores, parece que hoje vou ter que lhe dar um dia de folga.