Memórias assombrosas

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Henry

Um ano se passou depois do seu acidente, eu tenho escutado sua voz todos os dias e não posso me distanciar de você! É a coisa mais pura que eu pude ter em meus braços, sendo assim vou lhe guardar para sempre em meu coração, Angelinne.

Meu dia de trabalho era o mesmo saco de sempre, a diferença é que quando eu chegava sabia que poderia relaxar apenas em olhar seu rosto, Angelinne não tinha tempo ruim e as vezes me dava nos nervos sua positividade, mas muitas das vezes eu acabava concordando lhe dando toda a razão. Hoje eu chego em casa e o silêncio é algo terrível, Karl nosso cachorro passa boa parte do tempo deitado e costuma ser minha única alegria agora. No começo eu ouvia seu choro enquanto estava olhando para a porta, provavelmente esperando Angelinne chegar, àquilo fazia meu peito doer ainda mais.

Longas noites.

Cheguei do trabalho e fui bem recebido pelo grande animal peludo, sorri acariciando sua cabeça e em seguida levantei tirando meu paletó. Sentei na cadeira da cozinha na tentativa de descansar e relaxar meu corpo antes de ir para o banho e literalmente relaxar.

— Eu sei que não vai ouvir isso mas, eu tive um dia cansativo. Você costumava perguntar sobre meu dia e eu deixava para depois do banho na maioria das vezes. Os negócios na empresa não estão indo tão bem com o imaginei.

Karl estava sentado me encarando. Suspirei me levantando para ir ao banheiro.

Olhei para o espelho vendo um reflexo cansado, passei sabonete em meu rosto e os lavei suspirando novamente. Um arrepio toma conta do meu corpo e suponho que esteja esfriando agora não dando muita importância para isso. Fecho meus olhos imaginando sua presença ali, pode parecer estranho mas é o que costumo fazer para matar a saudade que tenho dela. Perder alguém importante nunca foi fácil pra mim, nunca imaginei que sentiria uma dor tão insuportável como sinto agora, lembro como se fosse ontem de todo acontecido, não pude fazer nada me sentindo inútil.

Saio do banheiro e Karl está mais inquieto do que o normal latindo em frente à porta. Por que isso agora? Devo ter esquecido de colocar sua ração. Fui até seu pote e tudo estava em ordem me deixando confuso com sua agitação. 

Sentei no computador para revisar alguns e-mails não lidos por mim, coloquei meus óculos e comecei abrir um por um. Basicamente muitas pessoas me enviaram currículos, eu não sou a melhor pessoa pra dizer sim ou não em entrevistas mas, sempre sobra pra mim já que sou o braço direito do chefe. Separei alguns para mandar no email do meu chefe e lá ele seleciona. Se Angelinne estivesse aqui seria bem mais fácil resolver essa merda toda.

" Não precisa fazer isso agora! Você entrega isso na sexta, hoje ainda é terça, querido. — Ela analisava aqueles e-mails junto à mim, me acalmando naquele momento. "

" Mas até posso não ter tempo, Angelinne é isso que quero dizer, se eu selecionar pessoas erradas..."

" Seu chefe vai mandar embora, isso não cai sobre você Henry! da a oportunidade perde quem quer."

Suspeitei tirando meu óculos pra coçar os olhos, logo concordei com àquilo. Suas mãos foram para meu rosto me fazendo sorrir de canto.

"Escuta, se não quiser fazer isso eu faço por você. Assumo total responsabilidade."

"Claro que não! Isso nem é seu trabalho, me ajudou bastante me convencendo, obrigado pela ajuda."

Ela sorriu e a abracei afundando meu rosto em seu pescoço.

" Para com isso me faz cócegas, Henry. — Angelinne se encolheu e me divertia com àquilo, dei uma risada pouco alta quando tentava continuar mas ela se debatia quase me acertando em cheio no nariz. — Suas brincadeiras ainda vão me fazer te machucar. "

Encarei seu corpo de cima à baixo e ela entendeu meu recado.

" Tamanho não é documento, você acha que é indestrutível porquê é forte e alto e um homem?...Não me responda!"

você quem está dizendo isso, querida.

"Eu sei que é o que você pensa."

"E eu sei que você gosta de mim por eu ser alto, forte, bonito, elegante. — Coloquei minhas mãos no bolso enquanto falava e a pequena revirava seus olhos.

"Gosto de você por muitas coisas, Henry não apenas isso! "

" Então quer dizer que concorda com tudo que eu disse."

Ri de sua expressão enquanto ela caminhava até sua penteadeira pegando uma de suas escovas para pentear seus cabelos. Sorri assim que ela me ignorava totalmente parecendo pensar em alguma resposta.

" E o que você acha de mim?"

Gostaria de poder dizer todos os dias novamente o que ela significa pra mim. Meus olhos enchem de lágrimas e nego com a cabeça fechando o notebook, deixando àquilo para depois. Assim que me levanto um vento forte me assusta me fazendo ir até a janela, achei que havia fechado e novamente Karl começa com a sua sessão latidos. Olhei para fora antes de fechar as cortinas e tudo parecia normal, imagino que um vento passageiro ou vem chuva por aí.

" Angelinne e eu corríamos para o estacionamento à procura de nosso carro, ela eatava com seus saltos nas mãos para conseguir correr, eu não enxergava nada naquele lugar que tinha pouca iluminação. Enquanto eu procurava o carro angelinne não estava perto de mim o que me fez olhar para trás e a chamar. "

"Vamos, amor eu encontrei o carro."

Ela negava com a cabeça enquanto eu me aproximava.

"Angelinne, vai pegar um resfriado vamos para casa. nos divertimos demais, e você principalmente. Tenho a impressão que está bêbada. "

" É apenas chuva, vamos ficar um pouco aqui. Por que não pode se molhar um pouco? Nem sempre a chuva estraga tudo. É uma benção. — Seus braços foram para cima me fazendo rir e concordar com suas palavras. "

" Tudo bem, eu acredito que seja uma benção e até concordo com você mas, agora vamos para casa porquê está tarde e você precisa dormir e eu também."

Não fomos embora tão cedo naquela noite, o que ela não me pedia sorrindo que eu não fazia chorando. No outro dia ela acordou com seu nariz vermelho e não parava de fungar.

Suspirei indo para minha cama e tentando tirar pelo menos um cochilo, Karl me olhava com cara de pidão então o deixei subir na cama logo peguei no sono.

(...)

Um frio tomava conta do meu corpo então puxei pouco mais do cobertor me virando para o outro lado, abri os olhos por um momento vendo as cortinas da janela se mexer, não sei da onde vinha esse vento já que estava tudo fechado. Senti um peso ao meu lado da cama me virando rapidamente para olhar imaginando que fosse Karl se deitando novamente mas não havia nada ali. Me sento na cama olhando para aquele lado esperando sentir algo parecido novamente, olhei para cima analisando todo aquele cômodo esperando se algo iria aparecer, meu coração estava levemente acelerado e a situação piora quando Karl fica olhando para o mesmo lugar que eu senti como se alguém estivesse ao meu lado. Passo As mãos por ali na esperança de sentir alguma coisa mas, nem o peso eu sentia mais. Apaguei as luzes chamando Karl para deitar ao meu lado novamente mas dessa vez ele se recusava.

Stuck With UOnde histórias criam vida. Descubra agora