Catra estava se sentindo um pouco perdida.
Tudo o que tinha “estudado” previamente pra poder saber lidar com uma Adora grávida estava sendo meio inútil. Ela não ficara mais emotiva — não em escala alarmante de bipolaridade —, comia o que a nutricionista sugeria sem nem reclamar e fazia os exercícios por si mesma. Talvez fosse porque ela já mantinha uma rotina de alimentação e treinos.
A única coisa “normal” de grávida que ela apresentava, em plenos seis meses, era dormir mais que o habitual e ir no banheiro quase toda hora.
Em contrapartida a maternidade fazia muito bem pras duas. Mas Adora barrigudinha era a nova religião da morena.
Seu abdome estava redondinho, assim como seu rosto, que ficava corado com mais facilidade. Ela parecia tão absurdamente linda naquelas roupas folgadas, sorria com mais facilidade e... bem...
Seu apetite sexual também aumentara muito nos últimos tempos.
Adora tinha sonhos eróticos com tanta frequência que Catra já nem se surpreendia mais em acordar com a noiva toda suada e ofegante, gemendo seu nome. E porra, era tão sexy...
Tomava todo o cuidado do mundo quando faziam amor, porque Adora parecia extremamente sensível aos toques. Tinha medo de machucá-la, ou ao bebê.
Nunca fora alguém que tivesse tanto cuidado com as pessoas... mas desde que Adora apareceu, se tornara seu mundo. E agora as duas teriam um bebê... era pedir demais que não ficasse tão boiola.
[...]
Naquela noite, pela primeira vez, Adora não estava do seu lado na cama durante a madrugada. Catra sentiu falta da sua presença, então se levantou pra procurar a noiva pelo apartamento.
— Adora? — chamou, enquanto atravessava a sala, e ouviu um barulho na cozinha, seguido de um “estou aqui” baixinho. — O que está fazendo aqui na cozinha essa hora?
A morena olhou o relógio da geladeira, que marcava duas e seis da manhã, depois olhou de novo pra noiva, que estava encostada na pia, comendo uma fatia do bolo que tinham ganhado de Scorpia, melhor amiga de Catra, e sua esposa Perfuma.
As duas tinham recebido uma visita delas naquela tarde.
Catra franziu as sobrancelhas, se aproximando pra tocar seu rosto. Adora não parecia muito bem, até porque ela não costumava se levantar pra comer durante a madrugada, a menos que estivesse muito ansiosa. Além do mais seu rosto estava abatido, o que não era normal.
— O que aconteceu? — perguntou, tirando a franja loira de cima dos seus olhos azuis dela.
— Por que você acha que aconteceu alguma coisa? — Adora franziu a testa, limpando os farelos de bolo do rosto e das mãos.
— Porque você não come fora de hora, porque eu te conheço e porque você saiu da cama sem calçar as pantufas, coisa que você só faz quando não quer me acordar — a morena ergueu a sobrancelha direita, a desafiando. — Vai me contar ou não?
A loira desviou os olhos e suspirou, derrotada. Se sentou numa das cadeiras da mesa, depois de a puxar pra dar espaço, e acariciou a barriga redonda.
— Eu tive um pesadelo.
A morena relaxou os ombros.
Os pesadelos de Adora eram pesados, bem menos frequentes agora, mas ainda assim pesados. Ver os pais morrendo, depois de um grave acidente de carro, foi o suficiente pra lhe dar traumas por toda uma vida. Pior ainda reviver isso em pesadelos.
— Com o que você sonhou, amor? — Catra acariciou seu cabelo loiro.
— Sonhei que tinha perdido nosso bebê... — ela fechou os olhos azuis, mordendo os lábios. — Ele... ele nasceu morto... foi culpa minha... foi tudo por minha causa. Eu não o protegi. Não fui cuidadosa o suficiente.
— Adora você está sendo perfeita — os olhos bicolores da menor alcançaram os seus, e ela ofegou por vê-los tão perdidos. — Amor, você é uma mãe maravilhosa... nunca seria culpa sua. Você se esforça tanto...
— Eu peguei nossa criança no colo... estava tão gelada. Tão rígida. Catra... eu quis morrer. Foi tão real...
— Eu sei, amor... eu sei — Catra sentiu os olhos marejarem. — Mas está tudo bem. Elu vai nascer bem... saudável.
Adora sentiu os braços da sua noiva a rodearem, confortando. Tirando toda a sua angústia, toda a tristeza. Os pensamentos ruins ficaram em último plano. Elas estavam juntas, tudo ia dar certo.
— “Elu”? — a loira a olhou, interessada, momentos depois.
— Eu acho interessante usar pronome neutro, sabe? — a morena sorriu, acariciando sua bochecha com carinho evidente. — Deixar Finn decidir o que quer ser.
— Finn... nome unissex, e usar pronomes neutros? Eu gosto disso — Adora deu um selinho na noiva. — Vai dar tudo certo e vamos ficar juntas. Eu cuido de você, e você cuida de mim. Nada de realmente ruim pode acontecer com a gente se estivermos juntas. E vamos cuidar de Finn.
— Promete?
— Eu prometo.
— Obrigada por ser o amor da minha vida — Catra selou seus lábios no s da sua mulher.
— Sou eu quem devo agradecer, amor.
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↱∂єαя α∂οяα↲
Fanfiction❝Onde Catra detesta dias frios e também o dia dos namorados.❞