Three; Dear Finn

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Vinte anos.

Catra mal acreditava que no mês seguinte faria vinte anos que conhecera o amor da sua vida, e também 14 anos que era casada com a mesma. Finn, ê filhe delas, havia acabado de completar quatorze anos no mês anterior. No fim, as duas se tornaram ótimas mães, afinal. E isso se refletia nelu.

Finn fora uma criança curiosa, alegre e cheia de amor. Sempre gostou de explorar coisas novas e de saber o máximo possível sobre as coisas — incluindo o próprio corpo. Muito cedo, Finn deu sinais de que se incomodava bastante quando alguém desavisado se referia à elu com pronomes femininos. Embora tivesse “biologicamente” o corpo de menina, elu não parecia se identificar como uma.

Cedo também percebeu que não gostava de pronomes masculinos. Esses faziam com que se sentisse “obrigade a escolher” um dos dois pronomes, além de também não conseguir se identificar como garoto.

Com o tempo, todos os mais próximos se acostumaram a chamar Finn por pronomes neutros, e elu passou a se sentir mais confortável com as pessoas ao redor. Passou a gostar mais de si mesme, e gradativamente sua insegurança sobre continuarem amando elu ou não foram sumindo.

— Se alguém deixar de gostar de você só porque é não-binárie, então o problema está na pessoa, e não em você, meu amor — Adora dissera certa vez, acariciando seus cabelos castanho-claro. Finn escondeu o rosto no seu colo e soluçou, embora estivesse sentindo muito alívio em ouvir aquilo.

Quando procuraram a clínica de fertilização, ambas concordaram que o doador devia ser pelo menos da mesma etnia que Catra, assim tudo ficaria balanceado. Assim, Finn nasceu com a pele pouca coisa mais clara que a dela, mas com os olhos de Adora. Na verdade elu puxara muita coisa da loira, mais do que Catra achava justo.

E, bem, naquela tarde ela acabou percebendo que não era apenas na aparência e em algumas manias que Finn puxara da mãe.

Quando ela atendeu o celular, desviando os olhos do quadro que pintava, percebeu que a esposa estava um pouco ansiosa (e irritada) logo pelo tom.

Finn brigou na escola — ela disparou logo de cara, sem nem mesmo dizer um “oi amor”.

— Oi pra você também — revirou os olhos, ouvindo a esposa xingar alguém (provavelmente estava no trânsito). — Como assim elu brigou na escola? Finn odeia brigas, nunca se envolveu em uma.

Desculpa. Oi amor. — Adora pareceu suspirar, claramente estressada. — Eu também estou tentando entender. A diretora ligou, e está nos esperando. Os pais do coleguinha delu estão indo pra lá também.

— Certo — Catra mordeu os lábios. — Você passa aqui e vamos juntas? Vou tomar um banho rápido, eu estava pintando.

Combinado, amor.

Adora desligou e Catra fez o que disse, tomando uma ducha rápida. Estava realmente preocupada com su filhe. Finn nunca apelou pra violência antes, e isso a fazia pensar que a situação deveria ter sido realmente grave.

Só esperava que elu estivesse bem...

Não demorou muito, Adora mandou uma mensagem avisando que já estava na porta do prédio. Ela trancou o apartamento e desceu, encontrando a esposa parada, falando ao celular. Soltou um suspiro. Ela parecia tão estressada nos últimos dias... desde que pegara a causa de uma mulher que queria a guarda dos filhos, depois do divórcio.

— Hey, Adora — chamou, entrando no carro pela porta do passageiro.

— Hey, love — ela sorriu e lhe deu um selinho, depois de bloquear a tela do celular. — Então, o que está pintando?

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⏰ Última atualização: Aug 11, 2020 ⏰

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