Atualmente.
Em um dos pontos mais altos do mundo, uma sombra se esgueirava pelos muros do castelo de um clã extremamente orgulhoso. O clã da Montanha.
Não era de estranhar que o castelo ficava localizado em uma montanha, na verdade, feito diretamente na rocha da montanha, aquela construção representação a perfeição da lapidação e nunca tinha sido invadida.
Após meses de investigação e analise, foi possível perceber que só existiam dois caminhos para uma invasão bem sucedida.
Entrando no castelo pela frente até chegar o salão, usando disfarce e correndo o risco de ter o caminho obstruído ou subir a encosta da montanha, chegando pela parte externa do castelo, perigando a uma queda de centena de metros.
Usando garras de escalar o invasor seguiu lateralmente, mesmo sentido firmeza no equipamento, o vento cortava uivando lembrando o fim que espreitava.
Chegando a uma pequena janela de onde podia ver o grande espaço reservado para guardar o seu objetivo. O espaço todo adornado com flamulas de honra nas paredes, algumas mal podiam ser visitas, pois mesmo com iluminação das tochas, o salão era enorme e a luz não chegava a alguns pontos.
Aquela janela dava uma visão praticamente do meio do ambiente, a sua direita o que mais chamava atenção era uma porta maciça de madeira escura, das arvores Rashimon que viviam nos tuneis daquelas montanhas, estava trancada por dentro.
O salão estava quase vazio, colunas que sustentavam o pesado teto preenchiam um pouco daquele lugar. Mas do lado esquerdo a situação estava diferente.
Um grupo de guerreiros fazia guarda, samurais, não só do clã da montanha, estavam à frente de um altar. Nele estava pousado o motivo daquela invasão. Aquela equipe devia incluir shugenja, um manipulador de energia arcana, porém ele tinha caído subitamente em uma doença desconhecida.
Após verificar, a sombra subiu até o teto, achando uma entrada em meio às placas de barro entrou no forro. Aquele era um dos poucos ambientes que tinha um pedaço para fora da montanha, pois a luz da lua entrar quando parte do tento era aberto por mecanismos, isso só ocorria em dia de rituais.
Desenrolou corda que tinha colocado na cintura e preparou sua primeira ação.
Enquanto isso, por um descuido, pisou em uma das vigas que estava velha, foi um momento rápido e o barulho não foi alto, porém o invasor sentiu logo que seu plano podia estar acabado antes de começar. Uma lâmina atravessou a madeira do forro e seu pé junto.
Resistindo a dor, levantou o pé com leveza. Retirou uma faixa no ombro e envolveu a lamina. Quando essa foi puxada, o invasor desejou que tivesse limpado tudo. O coração mal batia enquanto esperava alguma reação. Pode escutar um dos guardas dizendo que tinha escutado algo, mas que a lamina não tinha acertado nada. Outro disse que era normal ter “rakitis”, que era uma espécie de roedor daquela região, vagando nos forros. Isso pareceu acalmar os ânimos.
A sorte estava do lado daquele que andava nas sombras… hora da ação.
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Uma corda ergueu um dos guardas pelo pescoço. Os companheiros de vigia perderam a atenção pela cena absurda que ocorria, por isso não notaram uma sombra que descia do telhado quase no meio da sala, puxando a corda que enforcava o guerreiro.
Um deles sacou a wakizashi, a espada curta que fazia par com a longa katana, para dar um corte rápido na corda. Porém, perceberam quão inútil seria aquilo. No laço da corda, agulhas foram fixadas com cera e perfuraram o pescoço.
O corpo caiu no chão de madeira quando a corda ficou frouxa, todos se viraram quase que juntos quando sentiram o ki do invasor. Shurikens, armas de arremesso em forma de estrela, vinham na direção deles. Um esquivou de duas se abaixando, outro usou a espada desembainhada aparando a arma voadora a centímetros dos olhos. O maior de todos colocou o braço amadurado na frente do rosto.
Outros três tombaram com golpes precisos: garganta, testa e olho. O samurai que conseguiu aparar a estrela ninja largou a wakizashi no chão. Uma chama azulada envolveu a arma, consumindo-a.
Dos sete samurais, apenas três estavam vivos.
O único ali que não era servo de nenhum clã, aquele que tinha se esquivado, viu pelo canto dos olhos que os mortos também eram envolvidos pelas chamas que saíam das estrelas ninjas. Sua atenção voltou para um dos companheiros de vigia.
- Fique atento, Ronin! Esse ninja é como uma cobra. Se ficar distraído, será morto pelo veneno! - quem falava era o gigante que aparava as shurikens com o braço amadurado. - Então era outro tipo de rato que tínhamos no teto.
À meia-luz, que as chamas presas nas paredes forneciam, só era possível ver os olhos e a vestimenta preta.
“- São claros e frios, como o lago Ryushou…” - Pensou o ronin, porém sua reflexão foi interrompida, o invasor mostrou-se ágil, com uma velocidade absurda, quase celestial.
Correndo metade do salão em um instante, o ninja fez posições com as mãos que liberaram seu ki que se transformou em chamas, agora vermelhas, envolvendo os seus pés.
Faltando exatamente um metro e meio do alvo, o ninja saltou atingindo um potente chute. Pelo tamanho e peso do adversário, o ronin Hao esperava um empurrão leve. Para sua surpresa e dos outros dois samurais que sobravam, ele voou por uma longa distância e só foi parado por uma das colunas do salão.
Erguendo-se, ele não acreditava na técnica que tinha recebido.
- O Voo do Dragão?! Mas qual é o seu clã afinal?! - Não teve tempo de receber a resposta, as chamas vermelhas tomaram seu tronco, a partir do ponto onde foi atingido. A chama cresceu e seu corpo todo foi tomado. Viu um dos samurais investindo contra o inimigo, era o mais novo daqueles que foram escolhidos. - Não! Fuja!… - sua voz mal saiu e ele caiu na escuridão.
A última coisa que viu foi o inimigo que ainda segurava a corda que tinha erguido o primeiro a morrer.
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Vazio e o Caos
FantasyConto criado para o concurso da Editora Draco "SamuraixNinja", como não fui selecionado, deixo ele para vocês apreciarem e criticarem .