Polus-Parte 2

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*Ciano*

Fomos à sala de O2 e retiramos nossos capacetes. Os cabelos negros de Rosa se soltaram sem intensões. Percebi que estamos sós, por isso comecei a desembuchar:

— Sabe no que estou pensando? — Ela vira-se. — Que um beijo de algum modo consegue aquecer todo o corpo.

— O que quer dizer com isso?

— Acho interessante essa curiosidade. Queria saber se os outros cosmonautas utilizavam esse método aqui em Polus.

— Ciano, eu gosto de você. Mas não tô pronta para esse passo. Não com você. Desculpa.

— O que? Como assim?

— Eu sei o que você quis dizer.

— Sério? Eu não sei o que você está tentando dizer.

— Esquece. Só não vai rolar.

— Você está achando...

— Acabou Ciano.

— Então tá. Desculpa pela invasão de privacidade — digo saindo enquanto resmungava.

Aconteceu uma coisa bizarra na sala de O2. Já se passaram três dias e ainda estou me corroendo por dentro! Sabia que não deveria dizer aquelas coisas. Agora o clima com a Rosa está esquisito. Por isso é ótimo ficar só: você evita remorsos.

*Rosa*

Não estou entendendo. O Ciano começou a me evitar, e sempre que eu passo por ele, fica revirando os olhos. Mas também não pretendo falar com ele:

— Ciano! — O alarme dispara.

— Os reatores dispararam! Preciso de uma pessoa em cada lado! — Vermelho

*Ciano*

Droga, a Rosa vem falar comigo!

— Ciano! — O alarme dispara.

— Os reatores dispararam! Preciso de uma pessoa em cada lado! — Vermelho

Fomos em direção a um dos dois reatores. Mas enquanto estavamos correndo, as luzes que iluminavam as áreas exploradas se apagaram. Todos entraram em desespero. Eu corri em direção a elétrica e vi o Laranja encolhido perto do interruptor. Eu liguei as luzes e segurei o Laranja pelo traje.

— O que pensa que está fazendo?!

— Eu não fiz nada! Eu juro! — Laranja.

— Por que desligou as luzes?! Por que?!

— Não fui eu. Socorro!

— Cala a boca!

— O que está havendo aqui?! — Vermelho.

— Pessoal! O Branco está morto! — Marrom.

— Não! — Rosa

— Tem dois impostores conosco Vermelho! Ele apagou as luzes para que a gente não visse! — digo perfurando o laranja com meus olhos.

— Não fui eu! Eu juro! — Laranja.

— Mas faz sentido! — Azul.

— Então o que você estava fazendo aqui sozinho?! — Eu.

— Solta ele Ciano! Vamos para o laboratório agora!

Laboratório

— Esta missão está cada vez mais séria do que eu pensei. Duas pessoas foram mortas. E temos um responsável provável. — Vermelho.

— É sério, não sou eu. — Laranja — Confia. Confia em mim Vermelho!

— Cala a boca! — Marrom

— Então, como eu ia dizendo, não dá mais para ignorarmos o fato que tem um impostor entre nós.

— Após dois assassinatos, você repara. — Eu.

— Precisamos fazer decisões. — Vermelho.

— Decisões. — Roxo bufa.

— E se a gente votasse? — Preto ergue a mão.

— Ótima ideia. — Roxo.

— Mas um voto pra quê exatamente? — Rosa.

— Para decidirmos quem é o suposto impostor. — Preto.

— Então que seja. Teremos apenas uma chance para votarmos em alguém. — Vermelho.

— E se eu não quiser votar? — Roxo.

— Poderão ter essa opção.

— E o que faremos quando acharmos o suspeito? — Marrom.

— Vamos prendê-lo na nave. — Vermelho.

— Não faz sentido. — Preto.

— Como assim não faz sentido? — Vermelho.

— Pense comigo. Por que prenderíamos alguém que tem a possibilidade de ter matado cruelmente duas pessoas?

— Porque é mais seguro. — Rosa.

— Estaríamos confiando no assassino em ficar só.

— Faz sentido. — Roxo.

— Não. Vocês querem matá-lo?! Não vou permitir que façam isso. O que vão pensar de nós se fizermos isso?! — Vermelho.

— É preciso! — Azul.

— Não! — Vermelho.

— Não façam isso pessoal! Ainda não temos certeza. — Rosa.

— Alguém vota no laranja? — Roxo.

— Parem já! — Vermelho segura os braços do Laranja.

— Temos o direito de votar. Então, quem vota em matar o laranja? — digo enquanto todos levantam as mãos, exceto o Vermelho e a Rosa. — A maioria vence.

— Eu voto no Preto — diz o Laranja, me fazendo olhar para o Preto. Tentando entender o motivo deste voto inútil.

— Cinco contra três. — Marrom.

— Até você Ciano? — Rosa pergunta quase chorando.

— Rosa, pense no que eles fizeram com sua amiga. É a sua oportunidade. — Eu.

— Parem agora! Eu ordeno! — Vermelho grita desesperadamente irritado.

— Senhor, se fosse o estuprador de sua filha não o mataria? — diz o Preto caminhando.

— Mas ele não é um estuprador! E como sabe que tenho uma filha?

— Filha? Cosmonautas devem evitar ter filhos, sabia? — Marrom.

— O que irão fazer comigo? — Laranja.

— Iremos fazer justiça. — Verde.

— Justiça? O que estão fazendo é primitivo! — Vermelho.

— Nada mais importa agora. — Preto puxa um bisturi da mesa.

Esperem! — diz o Vermelho repetidamente. — Não é seguro executarem ele. — Azul revira os olhos. — Não aqui.

O que disse?! — Laranja.

— Tem um pequeno penhasco ali.

— Se é pequeno, então não serve.

— Vão entender quando levarem ele até lá.

— Vamos. — Verde

Agarramos o Laranja pelos braços e pernas e o carregamos até o penhasco. E todo o caminho ele gritou.

— Não! Eu tenho família!

— Eles também tinham seu desgraçado! — Marrom.

Quando nos aproximamos do penhasco, vimos uma grande chama. Oi melhor dizendo, magma. Então todos o entenderam o que o Vermelho disse.

— Por favor! — Essa foi a última coisa dita pelo Laranja. Apenas podíamos ver milhares e milhares de fagulhas de fogo subindo a superfície.

AMONG US  •ENTRE NÓS•Onde histórias criam vida. Descubra agora