Taca a mãe pra ver se quica ● Vhope

04| Jung Hoseok é irritante.

    Taehyung havia passado o final de semana inteiro sentindo raiva de Hoseok, pelo incidente no depósito do zelador, na sexta-feira. Ele nunca verdadeiramente odiara o garoto, pelo menos, não até aquele momento.

    Havia conversado com Jungkook sobre o assunto e acabara rendendo boas risadas ao mais novo, que riu tanto, a ponto de seus olhos lacrimejarem, sua barriga doer e ele ter câimbra nos músculos de suas bochechas. Por alguma razão, o Jeon achava muito engraçado o fato de que seu melhor amigo esteve em cativeiro por mais de oito horas, sem comer ou beber.

    - Vá à merda, narigudo dos infernos. Você é um péssimo amigo. - o Kim esbravejou, logo antes de desligar o celular na cara do Jeon.

    Depois disso, ele passou o resto de seu final de semana, fazendo o que sabia de melhor: comer besteiras e jogar videogame até altas horas da noite.

    Na semana seguinte, tudo o que Taehyung menos queria era ver a cara gordinha de Hoseok, com seu sorrisinho irritante. Mas nada saiu como o planejado, visto que aquilo foi a primeira coisa que viu quando pisou do lado de dentro do terreno da escola.

    O Jung estava sentado na grama com o seu grupinho de amigos e sorriu para ele, quando, por alguma razão, virou-se para encarar o portão da escola.

    O Kim agarrou as alças da mochila e adotou uma expressão carrancuda, rumando imediatamente para a sala de História. Aquele breve encontro já havia sido o suficiente para que ele soubesse que sua semana seria horrível.

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    Já era uma quarta-feira e Taehyung seguia dando o seu máximo para ignorar Hoseok, desde o primeiro segundo da semana letiva. Ele até mesmo fingia não se importar com as bolinhas de papel amarelo, que voavam em sua cabeça durante as aulas. Sabia que, provavelmente, deveriam ser mais bilhetes do ruivo, então não fazia o mínimo esforço para recolhê-las.

    Mas, convenhamos. A paciência de Kim Taehyung não era lá essas coisas, o estoque era limitado. E foi por isso que, durante o terceiro período do dia letivo, no meio da aula de Sociologia, quando outra maldita bolinha amarela aterrissou em sua mesa, o garoto agarrou-a rapidamente e se levantou furioso, caminhou até a lixeira próxima da porta da sala e, imediatamente, rasgou o objeto em pedacinhos, enfiando todos no lixo. Depois, retornou à sua carteira e a aula seguiu como se nada tivesse acontecido.

    As bolinhas de papel simplesmente pararam de voar em sua direção.

    Taehyung sentiu-se realizando quando o dia letivo enfim se encerrou, sem mais provocações de Hoseok. Ele caminhava na direção do vestiário masculino, cantarolando uma melodia animada. Respondeu aos cumprimentos de alguns alunos que estavam espalhados pelos longos corredores da escola, apenas aguardando as atividades dos clubes se iniciarem.

    Quando enfim chegou ao campo de beisebol, devidamente trajado com o uniforme de treino e o capacete preto, e segurando seu taco da sorte em uma das mãos, reparou que o treinador ainda não havia chegado ali.

    Em um canto mais afastado, Jung Hoseok conversava e ria com seus amigos: Seokjin, Yoongi e Namjoon; os dois primeiros eram rebatedores, o outro era um receptor.

    O Kim abaixou-se para amarrar melhor os cadarços de seus tênis. Logo em seguida, pegou seu taco e se dirigiu ao centro do campo, fazendo alguns alongamentos para se aquecer antes do treino.

    Escutou a risada alta e escandalosa do Jung e respirou fundo.

    "Namastê, caralho. Namastê." Pensou enquanto alongava as pernas compridas.

    - Olha a bola! - ele escutou alguém gritar e quase que no mesmo instante, sentiu o forte impacto em seu capacete, fazendo-o cair de cara no chão.

    - Caramba! Você está bem? - um garoto baixinho se aproximou dele, ajudando-o a se levantar.

    Taehyung varreu o campo com o olhar, procurando quem era o desgraçado que havia lhe acertado com a bola de beisebol. Sua atenção logo caiu sobre um Hoseok nervoso, que tentava a todo custo esconder algo atrás de si.

    Era melhor que aquele garoto colocasse logo um capacete, porque ele iria precisar, quando Taehyung partisse para cima dele com todo o seu ódio acumulado.

    De repente, o apito do treinador soou e sua voz ecoou, pedindo para que os jogadores tomassem suas posições no campo.

    Pelo visto, o Kim teria que esperar um pouco mais para executar sua vingança.

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    - Eu já disse que não, Jungkook. - o mais velho indagou irritado. Ainda se lembrava do incidente do dia anterior e se remoia de raiva por dentro, querendo estrangular Jung Hoseok.

    Será que aquilo era pedir demais?

    - Ainda está chateado pelo negócio de sexta-feira? - o menor quis saber. - Olha, me desculpa. Mas não vou negar que foi realmente engraçado. - ele disse, rindo ao se lembrar da história que seu melhor amigo lhe contara.

    - Não, não tem nada a ver com aquilo. - Taehyung revirou os olhos. - Eu só não quero arranjar ainda mais problemas para mim. - confessou enquanto ajudava o Jeon a realocar  os livros nas prateleiras da biblioteca.

    - Hum. - o mais novo murmurou, carimbando outro exemplar, antes de estendê-lo para o Kim. - Tudo bem. - concordou, fazendo o maior suspirar aliviado por finalmente se livrar da ideia maluca do narigudinho.

    Ele viu pela parede de vidro o momento em que Hoseok e seus amigos passavam pelo corredor, conversando animados. Segurou-se para não ir atrás do idiota e lhe acertar com um pescotapa assassino, ou quem sabe algo pior, como uma voadora no meio das costas.

    Respirou fundo, repetindo uma mesma frase em sua cabeça, como um mantra: "Namastê, caralho. Namastê."

    Taehyung massageou as têmporas por alguns segundos. Sentia a dor de cabeça vindo aos poucos, o cérebro dele já dava pontadas doloridas. Jungkook apenas o observou com estranheza, antes de voltar a carimbar os livros normalmente.

    Quando chegou em casa, depois do dia cansativo que tivera na escola, Taehyung largou a mochila pelo chão do quarto e deitou-se em sua cama para descansar. Estava com preguiça de tomar banho, como sempre.

    O cômodo estava uma completa desordem, com roupas sujas espalhadas por todo canto e caixas com restos de pizza em baixo da cama. Nada fora do habitual, já que o garoto gostava de reinar no meio daquela anarquia. Entretanto, ele sabia que sua bagunça não passaria daquele dia, pois assim que chegou em casa, sua mãe emitiu-lhe um comunicado, furiosa: ou ele arrumava o quarto, ou ela entraria lá, jogaria tudo no lixo e limparia o chão com a cara dele depois. Simples assim.

    Taehyung até tentou aproveitar mais alguns minutos de sua preguiça, mas logo a senhora Kim bateu na porta de seu quarto, querendo saber se ele já havia começado a limpar aquele "chiqueiro". O garoto pulou da cama depressa e começou a recolher suas roupas sujas para colocá-las na máquina, sabia que se sua mãe o encontrasse procrastinando, as coisas iriam ficar feias para o seu lado.