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— É um prazer recebê-lo em Walkrain, Kim Wooseok. — Arturo oferece a mão, ainda incerto sobre as ideias dos caçadores, mas só o resta aceitar a esta altura. — Não esperava que fosse tão novo.

O rapaz apenas encara e assente, já acostumado com esse tipo de comentário e com um mero sorriso amarelo ele ergue a cabeça, arruma suas coisas sobre o ombro e torna a seguir o senhor Hong para dentro do casarão. Wooseok não tinha mais que vinte e cinco anos, sua aparência esguia e nada amedrontadora o deixa distante de sua profissão — Se é que pode ser chamada dessa maneira. — E girando a argola que perfura seu lábio ele espera que os dois homens se pronunciem.

— Creio que minha idade não seja um fator importante agora, pelo menos, não quando vocês estão enfrentando um... Problema. — JinHo segura o riso com a expressão nada boa no rosto do senhor de idade. — Vou precisar de mais informações sobre esse lobo.

— Ele nos atormenta a décadas, toda semana de lua cheia ele aparece para assustar nossas crianças e mulheres e roubar dos mantimentos nos estoques. Ninguém nunca o viu de fato, porque nós não nos arriscamos a sair nessas noites. — Wooseok escuta com calma, prestando atenção em cada palavra do senhor Hong. — Mas há quatro anos não temos ataques violentos, minha mulher e o ferreiro foram os últimos... Até noite passada.

— O que aconteceu dentro daquela floresta, JinHo?

— Não sei ao certo, Arturo. Preparamos as armadilhas e esperamos, no começo da noite perdemos quatro homens, todos com graves ferimentos de mordidas e garras grandes demais para ser de um animal qualquer. O resto da noite foi calma até demais, nada aconteceu até a manhã. — Ele suspira, recebendo os olhares curiosos dos dois homens que o escutam. — Até que escutei a corneta vindo do lado oeste do nosso cerco, mas quando chegamos lá não encontramos nada além do meu filho, cuidando do pulso machucado e nós o prendemos como pediu.

— Prenderam o Joshua? Mas... Por quê?! — Agora os olhares se prendem no forasteiro, esperando uma resposta para o seu pedido.

— Já explico, caros senhores, mas antes quero acertar nossa questão monetária. — Um pequeno sorriso surge em seus lábios. — Nosso acordo de cem moedas está de pé?

Os dois homens apenas se encaram, sem acreditar na audácia do forasteiro em cobrar por um serviço que ainda nem foi feito.

— Pegue aquele... Monstro primeiro, depois conversamos sobre suas cem moedas. — JinHo prontamente responde, batendo a mão no saco de dinheiro amarrado em seu cinto. Todos os caçadores deram duro para juntar esse dinheiro, ele não o daria à toa.

— Eu não irei precisar pegá-lo, vocês já adiantaram o serviço de qualquer forma. — O riso de Wooseok soou sombrio no espaço amplo.

— O que quer dizer com isso?

— Arturo, certo? — O senhor assente. — Quero dizer que esse rapaz que vocês pegaram, possivelmente é o culpado por todas as mortes que aconteceram nos últimos anos. Ele é o lobo.

JinHo mal pensou quando segurou o rapaz pela gola da blusa, apesar da idade seus anos como caçador o renderam um físico ameaçador o suficiente.

— Não diga besteiras sobre o meu filho, ele é um homem não um animal.

— Então vocês não sabem com o quê estão lidando. — Um sorriso sarcástico toma os lábios do ceifeiro. — Seu lobo, senhor Hong JinHo, não é um animal qualquer. Um lobisomem seria um nome mais preciso, nunca estranharam o fato dele aparecer apenas nas noites de lua cheia? Ele é alguém de sua própria vila que vive como vocês. Pode ser qualquer um, seu filho, seu conhecido ou até mesmo seu melhor amigo. O lobo que vocês tanto odeiam e temem é um de vocês.

Beware the big bad Wolf » » Joshua Hong Onde histórias criam vida. Descubra agora