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Era estranho, muito estranho tê-la em casa, observá-la fora do escritório de assuntos sociais, olhar mais de perto seus traços, seu olhar curioso e profundo, olhar de soslaio com que paixão olhava para os livros, dava para perceber que ela adorava ler para no topo de todas as coisas. Sem querer perceber, ela se viu observando-a em detalhes, seus cabelos negros, ainda molhados da chuva, caíam pelas costas como uma cachoeira escura, bagunçada e magnética, o tom de sua pele, levemente dourado, seu rosto de criança e seus olhos escuro, cujo olhar apontava para uma vida que ele tivera, um olhar adulto nos olhos de uma garota. Seus olhos eram um livro aberto para ela, expressavam muitas coisas, talvez esse fato fosse o que marcava o início de tudo, seus olhos cor de chocolate escuro silenciosamente gritando para ela que ele estava morrendo.

Regina, sentindo-se observada, ergueu os olhos e, com um sorriso, encarou o escrutínio de Emma, ​​um sorriso que revelava seus nervos, ela nunca gostou de ser observada porque preferia ser um fantasma, passar despercebida.

Ela se sentia uma intrusa naquele lugar e ao mesmo tempo se sentia em casa, estar com Emma era agradável, dava-lhe segurança e confiança, mas não o suficiente para não se sentir incomodada, durante toda a vida ela havia sido ensinada por golpes e palavras dolorosas que ela era um estorvo, não era bem recebida, aquela ideia estava tão arraigada dentro dela que apesar de se sentir acolhida pela loira tinha medo que a jogasse fora, se cansasse dela e não quisesse mais ajudá-la.

Como sempre, seus olhos, fixos no olhar azul esverdeado de Emma, ​​tornaram-se um livro aberto para a loira, em suas pupilas ela podia ler o medo, não o medo que ela tinha visto antes, mas sim o medo da rejeição. Percebeu que fazia um tempo que nenhum das duas falava uma palavra e ela queria consertar, criando um ambiente tranquilo onde Regina se sentiria segura, deixaria de ter medo.

Ele se aproximou dela com um sorriso no rosto, tranquilizando a garota na hora ao perceber o calor de seus gestos, ele não iria machucá-la. Quando alcançou a altura dela, afastou uma mecha molhada do rosto, liberando completamente suas feições e observou com atenção sua extensa biblioteca, aquela que Regina não parava de olhar desde que chegará. Já fazia muito tempo que ele parava para olhar seus livros, tinha lido todos embora tivesse seus favoritos. Ela colocou o braço sobre os ombros da garota, num gesto maternal e protetor que conseguiu sacudi-la a limites insuspeitados e com um sorriso ela perguntou.

-Você vê algum que você gosta?

- "Todos, eu gosto de todos"

- Você leu algum dos que eu tenho?

- "Sim, os da biblioteca, gosto especialmente de Stephen King e Ken Follet, também gosto de livros de medicina"

- Então pegue este, é um presente.

Emma entregou a ela um livro, talvez um de seus favoritos, mas foi fácil para ela se livrar dele se fosse para animar aquela garota, ela não sabia o que havia de errado com ela mas tinha a necessidade urgente de ver seu sorriso, seu sorriso era lindo demais para ele Estava escondido.

- "DOUTOR Noa Gordon"

- Você leu isso?

- " Não, não li este, muito obrigado Emma"

E lá estava, de novo aquele sorriso que a deixou sem fôlego, os olhos brilhando de emoção, ser menina de novo, ninguém merecia ter sua infância roubada daquele jeito.

Ele a deixou sozinha para aproveitar o presentinho e preparou a mesa para os dois, pôs o jantar para esquentar já que ela havia se esquecido por completo e preparou o quarto de hóspedes, naquela hora ela não deixaria Regina ir a lugar nenhum Ela conversaria com Mary no dia seguinte quando a levasse ao instituto sobre as medidas a serem tomadas para que essa situação não se repetisse.

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