Enclausurada

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Há vento no dia nublado

Igual a sua graça viçosa,

E o recluso ramo que balança, embala formas exóticas

Para que lhe crie em versos as palavras que não foram ditas.


Os cabelos, cabelos pretos...

O vento tirando as franjas do lugar.

Encaro-lhe com vontade nos olhos,

Encaras-me como se eu fosse mais uma.


Você ri sem tem um por quê...

Seus lábios, 

Volúpia carnal e alucinada,

E no peito meu coração dispara.


Falta-me ar, minh'alma clama, mas então,

Tocas-me o ombro,

Seus olhos verdes ao entardecer do dia,

Por sóis, aqueles olhos...


Não é um sentimento vago,

Nem por luxúrias e veleidades,

É sublime, tentador,

Popularmente chamado de amor.


Ouço sua voz calma,

Embargada junto aos gritos do vento,

Em um céu completamente mudo,

Ah.


Embriago-me com sua essência,

Deixando para lá à dolência que você me traz,

Os suspiros indelicados

Da suprema agonia.


O sentimento turvo,

De ondulações oscilantes,

O amor enclausurado,

Abandonado por desgosto. 

—  Enclausurada. 

Pó-esiasOnde histórias criam vida. Descubra agora