Capítulo 41 - Uno Eneidiau

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- Mo bandia...


A resignação animal conflitou com todo o seu ser, os joelhos abobados latejaram sob o impacto com o chão em desnível e dos olhos perdidos Lyoah vislumbrou a figura impiedosa de sua amada. Aquela criatura, envolta de todas as suas nuances, era possuidora da beleza mais fidedigna que o animal um dia pôde vislumbrar sobre a terra, não importava se outrem diria o contrário para o animal, ninguém era mais bela e mais instigante que Lua.


Ela era perfeita...


Os traços estavam ligeiramente diferentes, mas Lyoah não se importava com isso porque sabia como um corpo humano os desfigurava da presença originária. Lua tinha sempre o mesmo brilho e a mesma presença massiva, mesmo em formas distintas ele sempre a reconheceria porque seus corpos se atraíam e compartilhavam todos os sentimentos entre si.


Cada pulsar do coração, cada fração de respiração, cada vislumbre animal... Não havia um pormenor que passasse despercebido por eles. Era como enxergar a si mesmo através de outros olho; era como sentir a si mesmo em outro corpo; era viver erradamente com a espiritualidade de outra criatura. Estar conectado a Lua era viver uma única vida em dois corpos distintos, uma evolução espiritual tão grande que Lyoah nunca fôra capaz de encontrar as palavras que descrevessem o sentimento.


Uma sinergia tão única que desprovia Lyoah de entender a si mesmo e consequentemente de compreender a existência de Lua.


- Não creio que tua insolência em milênios ainda seja capaz de transcender minhas expectativas... - Lua rogou com certo grau de descrença e permitiu um vinco profundo emergir em sua pele alva - És um maldito cão como sempre Lyoah.


As palavras daquela criatura mais uma vez vinham espinhosas, tão rudes que faziam Lyoah relembrar seus últimos momentos juntos, o mesmo onde aquele jogo de palavras pairou no ar e feriu sentimentos de ambos os lados. Lyoah não recriminava a ira de sua amada porque de alguma forma ele também a mantinha, mesmo que de forma mais amena hoje em dia, mas ainda assim ele não podia negar seu rancor.


Seria muito fácil apenas esquecer os acontecimentos em cascata, seria simplório demais banalizar os fatos, talvez até fosse o correto, mas aquilo não aconteceria se dependesse do rancor da Kitsune e a teimosia do lobo. De forma alguma alguém cederia naquele impasse e, dolorosamente, as criaturas já sabiam o resultado daquele novo enfrentamento.


Uma nova ruptura.


- Não deverias ter fugido do inferno em que te roguei animal sáfaro! - Lua grasnou entre as presas afiadas e o borbulhar da ira cintilou nos olhos - Diga-me quem foi o ignóbil que lhe trouxe a esta terra e eu mesma darei fim a tal criatura!

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